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sexta-feira, 26 agosto 2022 07:30

Esfomeadas, famílias deslocadas em Nacala-Porto exigem que sejam devolvidas às suas terras de origem

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Centenas de deslocados dos ataques terroristas, no distrito de Nacala-Porto, província de Nampula, aglomeraram-se esta quarta-feira, no campo de Opica, onde habitualmente recebem apoio humanitário, para exigir ao governo a criação de condições para o regresso destes às suas zonas de origem.

 

Os manifestantes, que alegam não ter dinheiro para transporte, preferem que sejam devolvidos através do esforço do governo, ao invés de continuar a sofrer, numa terra onde para se alimentar precisam de tanto esforço. 

 

A maioria das famílias deslocadas é proveniente dos distritos de Cabo Delgado e, desde à sua chegada em 2020, receberam assistência humanitária apenas duas vezes e, noutras ocasiões, poucas pessoas beneficiaram do apoio, devido a alegadas manobras dos responsáveis pela distribuição e a falta de organização por parte das autoridades dos bairros. 

 

No concreto, apontaram que os responsáveis pela distribuição, quando chegam ao local, chamam poucas pessoas e daí regressam, e depois assinam que todas as famílias inscritas beneficiaram. Os secretários dos bairros são igualmente acusados de cobranças ilícitas no valor de 500 meticais para passar uma declaração de recebimento. 

 

Na sua reclamação, os deslocados queixaram-se de não ter acesso à terra para a prática da agricultura, apontando que os nativos os impedem de produzir. Por outro lado, acusam a administradora de Nacala-Porto de não manter contacto com os deslocados. Contudo, nenhuma autoridade se pronunciou em torno do assunto. 

 

Refira-se que a província de Nampula figura em segundo lugar em termos de recepção de famílias deslocadas dos ataques terroristas de Cabo Delgado, e as últimas estatísticas indicam que 65 mil pessoas foram acolhidas nos 23 distritos. (Carta)

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