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Política

Inicia na manhã de hoje, em todo o país, o recenseamento eleitoral para as VII Eleições Gerais, que se realizam a 09 de Outubro próximo. O registo, que decorre até ao dia 28 de Abril, abrange todos os cidadãos em idade eleitoral que não se puderam registar no ano passado.

 

De acordo com os dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), durante os próximos 45 dias, os órgãos eleitorais vão registar pouco mais de 7.7 milhões de eleitores, que se deverão juntar aos 8.7 milhões que foram recenseados em 2023, no âmbito das eleições autárquicas de 11 de Outubro.

 

Os órgãos eleitorais dizem esperar, nos postos de votação, um total de 16.497.501 potenciais eleitores, sendo que, destes, 279.685 encontram-se no estrangeiro. Refira-se que, no estrangeiro, o recenseamento inicia no dia 30 de Março e termina no dia 28 de Abril.

 

Ontem, o Presidente da CNE, o Bispo Carlos Matsinhe, voltou a exortar os potenciais eleitores a afluírem em massa aos Postos de Recenseamento Eleitoral, alegando que “o seu voto conta para o futuro de Moçambique”.

 

“Apelamos, igualmente, aos agentes de educação cívica eleitoral e aos brigadistas para também fazerem esforços de alcançar a todos os potenciais eleitores, com os serviços que estão sob a vossa responsabilidade. É necessária maior flexibilidade, colaboração entre os cidadãos, agentes de educação cívica eleitoral e brigadistas”, defendeu Matsinhe, que, em 2023, viu sua reputação jogada na sarjeta devido aos gritantes casos de fraude registados nas eleições autárquicas.

 

Segundo a CNE, o registo de eleitores será feito em 8.774 Postos de Recenseamento Eleitoral, a nível nacional, que serão auxiliados por 6.330 brigadas, enquanto no estrangeiro foram criados 391 postos de recenseamento eleitoral e 297 brigadas.

 

Para o caso da província de Cabo Delgado, onde o terrorismo continua a semear luto, os órgãos eleitorais afirmam que deverão recorrer ao transporte aéreo para alocar o material de registo e as respectivas brigadas de recenseamento eleitoral. Refira-se que a estratégia foi usada no ano passado durante o recenseamento dos eleitores, assim como no dia da votação.

 

Sublinhar que a CNE espera investir 19.9 mil milhões de Meticais nas Eleições Gerais deste ano, sendo que o Governo já desembolsou 6.5 mil milhões de Meticais, o correspondente a cerca de 33% do Orçamento. (Carta)

Problemas de transitabilidade impedem há duas semanas o acesso à região norte da província de Cabo Delgado, ao longo da Estrada N380, concretamente no troço Macomia-Oasse.

 

"Carta" apurou que o problema, que já é do conhecimento das autoridades, está na ponte sobre o rio Messalo que separa os distritos de Muidumbe e Macomia. O rio transbordou e afectou uma parte da ponte, dificultando a passagem de viaturas sobretudo de mercadorias.

 

A situação está a complicar o abastecimento da zona norte de Cabo Delgado, nomeadamente, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Mueda, Nangade e Palma, que já se ressentem de falta de produtos básicos e de combustíveis.

 

Por exemplo, na vila de Mocímboa da Praia, um litro de combustível chega a custar 300 meticais. Segundo Bacar Salimo, motorista e residente na vila de Mocímboa da Praia, para além da especulação do combustível, o stock é bastante reduzido para a demanda dos restantes distritos como Mueda, Nangade e Palma.

 

Falando à Rádio Moçambique, emissora pública, o administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, confirmou a escassez de produtos alimentares no distrito, mas garantiu que agentes económicos da província foram mobilizados para usar a via marítima para abastecer a região.

 

"Também estamos com falta de combustível, problema que afecta os táxi-mota e as camionetas que fazem o transporte semi-colectivo interdistrital. Caso melhore a transitabilidade, acredito que vamos usar o sistema normal para trazer os produtos através da estrada", descreveu o administrador de Mocímboa da Praia.

 

Neste momento, para se chegar ao norte de Cabo Delgado via terrestre, recorre-se à estrada Montepuez-Mueda, descrita como sendo de difícil circulação sobretudo neste período de chuvas. (Carta)

Populares do distrito de Metuge, na província moçambicana de Cabo Delgado, denunciaram hoje o rapto de três camponeses, nos campos de produção de Nampipi, alegadamente por grupos de insurgentes que atacam na região.

 

Uma fonte local relatou à Lusa que na segunda-feira, nove pessoas deslocaram-se da sede de Metuge para os seus campos de produção agrícola, na zona de Nampipi, a 60 quilómetros. Contudo, ao final do dia, foram surpreendidos, dentro das cabanas, por homens armados que os levaram à força.

 

“Estavam em cabanas separadas, mas próximas por questões de precaução, quando de repente um grupo de homens armados chegou e lhes disse para seguirem com eles”, disse a fonte, a partir de Metuge.

 

Seis dos camponeses do grupo, acrescentou, escaparam, porque optaram por dormir na mata e não nas cabanas.

 

“Foram os terroristas, sim. Estive escondido, não muito distante, quando me apercebi que havia homens armados a levar os meus companheiros. Por medo não pude sair, mas doeu-me não ter ajudado”, lamentou um dos integrantes do grupo.

 

O grupo de camponeses, com idades entre 55 a 60 anos, tinha decidido ir ao campo, percorrendo uma longa distância pelo interior do distrito, mesmo contra a vontade de alguns familiares que temiam situações semelhantes ao ataque à vizinha aldeia de Pulo, onde em 06 de março morreram seis pessoas.

 

“Eu disse ao meu primo para não ir. Ele respondeu-me de que vive da produção, não tem outra alternativa se não produzir e que as pragas estão a acabar com a comida”, lamentou outra fonte, a partir de Metuge.

 

Habitantes estão a abandonar as aldeias de Walopwana e Muisse, também no distrito de Metuge, devido à movimentação de grupos terroristas.

 

Informações da comunidade local obtidas pela Lusa indicam que, em 09 de março, os terroristas capturaram uma pessoa nas matas de Nampipi, a quem pediram para localizar a comunidade de Walopwana, que supostamente seria a próxima a ser atacada.

 

“Os terroristas estão entre nós, aqui. Ainda não foram longe, capturaram o senhor João, vinha da machamba [campo agrícola] e disseram-lhe para mostrar a aldeia de Walopwana. Ele com medo fez, porque segundo lhe disseram seria o próximo ponto”, lamentou uma fonte de Metuge, que abandonou o campo agrícola na comunidade de Muisse.

 

“Eu, minha esposa e meus filhos estamos em Metuge desde quarta-feira, queríamos voltar, mas os bandidos estão ainda a chatear”, lamentou um morador, de 55 anos.

 

No domingo, um casal de idosos saiu de Metuge para ir a Nampipi, a mais de 60 quilómetros, onde tem um campo agrícola, mas teve de voltar após se deparar com populares de Walopwana e Muisse em fuga, face a rumores da presença dos terroristas.

 

“Nós saímos daqui de Metuge em direção a Nampipi, mas não prosseguimos. Encontrámos muitas pessoas de Muisse e Walopwana a fugir para Metuge”, disse o homem, de 67 anos.

 

O ataque a Metuge acontece numa altura em que as pragas estão a atacar as culturas, sobretudo na zona de Nampipi, o que pode comprometer a alimentação da população local.

 

“Há muita produção que se vai perder nos campos, porque os terroristas estão a circular exatamente nas zonas onde há muita comida”, lamentou a fonte.

 

Depois de vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.(Lusa)

A tempestade tropical Severa “Filipo” causou destruição do tecido social e económico na província de Inhambane em geral e no distrito e cidade de Vilankulo, em particular. Dados facultados à “Carta” pelo Presidente da Associação de Turismo em Vilankulo, Yassin Amuji, indicam que a tempestade destruiu totalmente 15 estâncias turísticas e 135 parcialmente destruídas de um total de 150 afectadas.

 

Segundo Amuji, grande parte das infra-estruturas turísticas destruídas, completa ou parcialmente, encontram-se a escassos metros da orla marítima da Cidade de Vilankulo. Devido aos impactos causados pela tempestade, a fonte disse que há empreendimentos que precisam de três dias a uma semana para se reerguer. Contudo, as estâncias destruídas totalmente poderão levar mais tempo.


Numa perspectiva comparativa, o nosso entrevistado disse que a tempestade foi mais devastadora em relação aos outros eventos, com destaque para o ciclone Cheneso e Freddy, em Janeiro e Fevereiro de 2023, respectivamente. Entretanto, não superou o ciclone Fávio que sacudiu severamente o centro e sul do país, incluindo a cidade de Vilankulo em 2007.

 

“Esta tempestade afectou gravemente os empreendimentos turísticos porque parte considerável deles são construídos por material como paus e capim [bangalôs] e não de betão. Daí que, doravante, iremos desencadear uma reflexão para a mudança do tipo de construção. Olhando para a localização da cidade e o facto de a mesma ser propensa a ciclones, há necessidade de mudar esse tipo de construções para betão que é relativamente resiliente a tempestades”, disse Amuji.

 

A fonte acrescentou que, devido à fragilidade das construções, os operadores estão permanentemente a reconstruir os empreendimentos a cada ano que a cidade é devastada por tempestades, o que prejudica o negócio da classe.

 

Na cidade de Vilankulo, a tempestade “Filipo” afectou igualmente a rua da marginal,  a principal via que leva aos empreendimentos turísticos localizados próximo à orla marítima. Até à tarde da última terça-feira (12), a fonte disse que a via estava intransitável devido à fúria do vento e das ondas.

 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a tempestade entrou no país pelas 5h00, através do distrito de Vilankulo, tendo deixado um rasto de destruição. Dados avançados pelas autoridades indicam que a tempestade destruiu mais de cinco centenas de casas, afectando mais de 531 mil famílias, nas províncias de Inhambane e Sofala.

 

Os ventos que chegaram a atingir 120 km/h destruíram igualmente mais de 10 centros de saúde e cerca de 40 salas de aulas e tombaram mais de cinco dezenas de postes de energia, deixando parte da província de Inhambane e o distrito de Machanga em Sofala às escuras. Aliás, até terça-feira, apenas a cidade de Vilankulo e a vila de Inhassoro é que se encontram parcialmente iluminadas com energia da rede pública, enquanto as cidades de Inhambane e Maxixe estão parcialmente iluminadas, através de um gerador de emergência. (Evaristo Chilingue)

As chuvas que caíram na cidade e província de Maputo, nesta terça-feira (12), resultantes da passagem da depressão tropical ''Filipo'', provocaram vários estragos e alguns munícipes foram obrigados a abandonar suas casas, para além de vias de acesso quase todas intransitáveis.

 

Um rescaldo feito pela “Carta de Moçambique” indica que a maior parte dos alunos ficaram sem aulas nesta quarta-feira, por conta do encerramento de várias escolas. 

 

As ruas que davam acesso ao bairro Nkobe, na província de Maputo, transformaram-se em riachos e tem sido sempre assim quando chove. Além disso, várias casas encontram-se sem corrente eléctrica.

 

Na Matola-Gare, o Centro de Saúde teve que funcionar debaixo da água, como tem sido habitual. Neste ponto, a área do transporte para cidade ficou totalmente afectada. Os autocarros que partem da Matola-Gare para Baixa e Museu estavam quase todos parqueados ao longo de todo o dia e alguns passageiros tiveram que seguir viagem a pé. 

 

Já na cidade da Matola, também na província de Maputo, os números preliminares partilhados pelo Presidente do Município, Júlio Parruque, apontam para mais de 50 famílias afectadas e precisando de assistência. Grande parte das vias de acesso estão condicionadas e diversas escolas encerradas. 

 

No Vale do Infulene, várias crateras abriram-se e diversos canteiros onde se produzem hortaliças encontram-se submersos. Quase todas as vias de acesso estão bastante alagadas e com transitabilidade condicionada. 

 

Segundo Júlio Parruque, neste momento toda a Matola está praticamente afectada e estão em curso intervenções pontuais, onde for possível. Por exemplo, no nó da Machava, onde houve desabamento de solos, já tinha começado a obstrução de vias de acesso. 

 

“Temos famílias que foram forçadas a abandonar as suas residências e alguns serviços sociais como educação e saúde também foram afectados”.

 

Na mesma senda, o Governador da província de Maputo, Manuel Tule, também foi ao terreno para verificar “in loco” e garantiu que não houve registo de perdas humanas, mas avançou que a situação dos distritos de Magude, Manhiça e Matola é bastante crítica. 

 

Já na cidade de Maputo, a tempestade “Filipo” também destruiu casas no bairro do Chamanculo. Nas primeiras horas desta quarta-feira, as ruas do bairro 25 de Junho, Bagamoio, Hulene, Maxaquene, estavam praticamente intransitáveis. Na baixa da cidade, grande parte das árvores estavam com os ramos no chão, como se alguém tivesse cortado. O trânsito ficou interrompido por algumas horas, por causa de alguns obstáculos que fecharam as ruas. 

 

O Centro de Saúde de Hulene, mais uma vez foi invadido pela fúria das águas, mas mesmo assim, alguns funcionários continuaram a trabalhar, tendo improvisado um local de atendimento dos pacientes. Os funcionários descreveram a situação como a pior nos últimos tempos.

 

Devido à chuva e ventos fortes que se fizeram sentir na noite de terça-feira, teve que ser interrompida a circulação de comboios que ligam a baixa cidade e diferentes pontos da província de Maputo, devido à abertura de uma cratera nas proximidades da Machava-sede.

 

Já no fecho desta edição, “Carta” apurou que a chuva que caiu na cidade de Maputo na sequência da tempestade “Filipo” provocou um morto na noite de terça-feira na praça 16 de Junho. O óbito resultou de um acidente de viação que se presume tenha sido causado por fraca visibilidade.

 

O Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo escalou, esta quarta-feira, os distritos municipais KaMavota e KaMaxaquene, no âmbito da monitoria dos estragos causados pela chuva.

 

Rasaque Manhique garantiu que a edilidade tudo está a fazer para prestar assistência às famílias afectadas, bem como repor a transitabilidade das vias de acesso obstruídas.

 

Por outro lado, a companhia aérea moçambicana, LAM, anunciou ontem o cancelamento de todos os voos no período da manhã, devido à tempestade tropical "Filipo". 

 

"Os mesmos foram realizados no período da tarde, logo que as condições meteorológicas mostraram melhorias assinaláveis", referiu a companhia aérea estatal, em comunicado. 

 

Devido ao "quadro meteorológico", a LAM já teve de cancelar alguns voos na terça-feira e uma aeronave da companhia teve de "aterrar num destino alternativo". (M.A)

Enquanto os insurgentes intensificam os seus ataques nos distritos da região sul da província de Cabo Delgado, o Ministro do Interior defende que a situação visa distrair as Forças de Defesa e Segurança (FDS) da sua real missão, que é de desmantelar os novos acampamentos do grupo, instalados nos distritos de Macomia (três) e Muidumbe (um).

 

Segundo Pascoal Ronda, após a desactivação, em 2023, das principais bases dos terroristas, que estavam localizadas nas matas de Kathupa, no distrito de Macomia, e o assassinato do então líder militar do grupo, Bonomade Machude Omar, os insurgentes criaram novos acampamentos (três em Macomia e um em Muidumbe), de onde passaram a operar.

 

Falando na manhã de ontem, a partir do pódio da Assembleia da República, durante a Sessão de Informações do Governo, Ronda defendeu que foi num contexto de “contínua pressão” operacional, exercida pelas FDS em coordenação com as forças ruandesas e da SAMIM, que “os terroristas dispersaram-se para os distritos de Ancuabe, Chiúre, Metuge e Quissanga, visando desviar a atenção das FDS sobre os centros de gravidade do grupo”.

 

“Nestes locais, os terroristas têm protagonizado assaltos, emboscadas, assassinato de cidadãos, saque de produtos alimentares, destruição de escolas, igrejas e residências, raptos e recrutamentos forçados, criando uma nova vaga de deslocados, estimados em cerca de 61 mil”, detalhou o governante, para quem o grupo tem novos líderes que, na sua maioria, se encontram nos distritos de Macomia e Quissanga.

 

Para o governante, o combate ao terrorismo continua a ser prioridade na agenda do Governo, razão pela qual “continua a empreender esforços junto das forças de segurança do Ruanda e da SAMIM”.

 

“A adopção do novo modus operandi pelos terroristas demonstra haver, no seio do grupo, uma nova liderança, facto que demanda das FDS mais acções assertivas”, acrescenta, sublinhando a necessidade de incrementar o investimento nas FDS para se fazer face ao terrorismo, que há sete anos semeia luto nos distritos de Cabo Delgado.

 

As declarações do Ministro do Interior chegam num momento em que a situação de segurança na província de Cabo Delgado é considerada crítica, com os terroristas a protagonizarem novos ataques, com destaque para a aldeia de Naminaue, no Posto Administrativo de Mieze, distrito de Metuge, que fica a 28 Km da Cidade de Pemba, a capital provincial. Igualmente, atacaram nos últimos dias a Ilha Quirimba, no distrito do Ibo.

 

Lembre-se que, há duas semanas, o Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, defendeu que o cenário na província de Cabo Delgado continuava estável, sendo que estava manchado apenas por ataques esporádicos causados por pequenos grupos de insurgentes. No entanto, a realidade continua a contrariar os discursos do Governo. (Carta)