O objetivo das negociações de Moçambique com os seus credores “é recuperar a confiança no nosso país nos mercados financeiros internacionais”, declarou o Primeiro-Ministro Carlos Agostinho do Rosário, ontem na AR. Falando numa sessão de perguntas e respostas entre deputados e membros do governo, Rosário argumentou que, ao reforçar a confiança entre os mercados internacionais, “estamos a criar condições para podermos ter acesso a mais recursos para financiar ações estruturantes do nosso desenvolvimento económico e para assegurar aos credores que o país honrará suas obrigações ”. Se Moçambique fosse confiável internacionalmente, acrescentou, isso também permitiria às empresas pedir dinheiro emprestado, em termos e condições favoráveis. Isso, disse Rosário, foi o motivo pelo qual o governo chegou a um entendimento de princípio com alguns de seus credores “sobre os termos da reestruturação dos títulos para a dívida soberana resultante da conversão da dívida Ematum”. A Ematum é uma das três empresas relacionadas à segurança que contrataram empréstimos de mais de 2 bilhões de USD, dos bancos europeus Credit Suisse e VTB da Rússia em 2013 e 2014. Os bancos nunca se comprometeram com as três empresas, que agora estão efetivamente falidas. Os empréstimos só foram adiantados porque o Governo anterior, sob a batuta do Presidente Armando Guebuza, emitiu ilegalmente garantias que ultrapassaram o limite máximo do estabelecido pelas leis orçamentais. (Carta, com AIM)
O regresso de Raúl Domingos à Renamo parece estar cada vez mais próximo. Depois das autárquicas de Outubro passado, novos desenvolvimentos se esperam na marcha de volta ao seu berço político do negociador chefe da “perdiz” do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992 em Roma. Raúl Domingos, o antigo número dois da Renamo, afastado desta formação politica no ano 2000 acredita que pode ajudar a colocar a “perdiz” no poder em Moçambique.
A enérgica Ministra Vitória Diogo (Trabalho e Segurança Social) acaba de perder uma das suas batalhas de bandeira contra...Helena Taípo, a sua antecessora. No passado dia 7 de Novembro, o Tribunal Administrativo lavrou uma decisão judicial dando razão a Nadhari Opway num diferendo à volta de um edifício construído pela empreiteira para o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). O caso remonta a 2014. O INSS contratou nesse ano a Nadhari para a construção de um imóvel de 16 andares (chave na mão), localizado junto das instalações do Grupo Desportivo de Maputo, na baixa da cidade de Maputo. Custo: 1.544.400.000,00 (mil e quinhentos e quarenta e quatro milhões e quatrocentos mil meticais).
Depois do seu violento repúdio contra as declarações de Roque Silva, o solícito e interventivo SG da Frelimo que elevara o PR Filipe Nyusi ao estatuto divino de Allah, o lobby muçulmano de Maputo não ficou de braços cruzados. Esperavam uma reacção pública de Silva? Talvez não! Mas houve quem tivesse considerado o repúdio uma acção exagerada. Roque Silva já se tinha retratado usando os canais discretos na sua relação com a comunidade. Longe dos holofotes. Alguém na comunidade forçou aquela reacção, aquele registo de grupo de pressão.
Na segunda-feira a noite, no jantar de angariação de fundos da Frelimo no Hotel Glória em Maputo (entre leilōes e venda de lugares, o partido arrecadou 26,4 milhões de Meticais), novos actores entraram em cena. Na mesa central, ao lado do Presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, não estavam os filhos de Mohamed Bachir Suleman (MBS), nomeadamente Kayum e Vali, que no início da presente legislatura se destacaram nos jantares de angariação de fundos do partido. Desde a transição democrática nos anos 90, o clã Bachir foi useiro e vezeiro desse palco desregulado de financiamento partidário. Joaquim Chissano e Armando Guebuza, os anteriores presidentes da Frelimo, atrairam uma camada empresarial ligada ao comércio internacional aos jantares onde eram promovidos leilōes que terminavam com arremataçōes milionárias.