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Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

sexta-feira, 09 outubro 2020 07:02

A bordo dos aviões não há distanciamento social

Dentro das aeronaves não há distanciamento social, um dos principais requisitos na prevenção da Covid-19. A constatação foi feita, há dias, pela “Carta”, em dois voos domésticos. O distanciamento é uma medida prevista na circular 13/20, de 11 de Setembro, elaborada pelo Instituto de Aviação Civil (IACM), que emana as directrizes sobre a prevenção e contenção face à pandemia da Covid-19 na aviação civil. Entretanto, esta não é observada pelas companhias aéreas.

 

Antes de entrar nos edifícios dos Aeroportos de Moçambique, todo o passageiro e pessoal de cabine exibe máscara ou viseira, mede temperatura e desinfecta-se, ou pela água e sabão ou por um desinfectante particular.

 

Na sala de embarque, idem, os passageiros, sentam-se e perfilham para despachar a carga, obedecendo o distanciamento social de pelo menos um metro e meio, com auxílio de marcos no chão.

 

Minutos antes de voar, o aparelho é completamente desinfectado. A carga dos passageiros que vai pelo porão também.

 

Para tomar a aeronave, os transeuntes passam por um outro processo de desinfecção, desta vez, dos calçados. Mas, quando se sentam no avião, o cenário muda. O distanciamento esquece-se. Cada um se senta no assento indicado e bem próximo ao outro. Ou seja, a bordo, a aeronave é completamente apinhada.

 

A nossa equipa de reportagem testemunhou esse cenário, numa viagem de Maputo a Tete e vice-versa.

 

Perante a realidade, contactamos o regulador da aviação civil no país, neste caso o IACM. Para esclarecer o facto, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do IACM, João De Abreu, explicou que a falta de distanciamento, que deriva da não redução da lotação, resulta do facto de os aviões serem equipados por sistema capaz de renovar, a cada três minutos, o ar interno. Disse ainda que os aparelhos são equipados de filtros que bloqueiam quase 100% dos vírus e bactéricas, incluindo o novo coronavírus.

 

De Abreu disse tratar-se do sistema HEPA (High Efficiency Particulate Air), que se traduz em “ar particulado de alta eficiência”. Em buscas na Internet, constatamos também que se trata de um filtro de ar industrial utilizado na aeronáutica e inclusive em hospitais. Utiliza três processos de filtragem, nomeadamente, impacto, difusão e interrupção para aumentar a eficiência.

 

“Os aviões estão preparados, desde a eclosão do vírus das aves. Para garantir maior segurança aos passageiros, as construtoras têm vindo a melhorar os sistemas. E, graças a esse sistema, ainda não reportamos infecções por coronavírus em aeronaves”, acrescentou o PCA do IACM, com larga experiência na aviação civil.

 

Todavia, observou o nosso entrevistado, por ser um factor de risco, foi interdito o serviço de “catering”, que permite o passageiro se alimentar durante a viagem. E, de facto, a bordo, constatamos que a companhia só distribuía água.

 

Refira-se também que urge fortalecer ainda mais as medidas de prevenção da Covid-19, porque para além da falta de distanciamento, factor que pode propiciar a contaminação em aeronaves, à vista, também nos saltou a não desinfecção frequente da maçaneta do urinário, embora os passageiros fossem ao local, com frequência.

 

Aliás, apesar de a carga que segue em porões ser desinfectada, a de cabine (a que é levada a bordo) não é. Todavia, o IACM obriga, na referida circular, a desinfecção pelas companhias, de toda a carga. Porém, embora seja responsabilidade das companhias, De Abreu chama ao bom senso dos passageiros, antes de levar carga a bordo.

 

Durante a viagem, o Jornal constatou ainda que após o desembarque, nas salas de desembarque, o distanciamento social também é uma miragem. Os passageiros aglomeram-se para levantar a sua carga e o distanciamento é relegado para o segundo plano.

 

Todavia, no Aeroporto Internacional de Maputo, agentes da Cruz Vermelha de Moçambique têm-se esforçado em chamar atenção, mas poucos lhes dão ouvidos. (Evaristo Chilingue)

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