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quarta-feira, 09 agosto 2023 06:25

Greve dos Médicos: É erro grave pensar que ameaças vão resolver problemas do Sistema de Saúde – Ossufo Momade

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Aumenta o número de vozes que apontam o dedo acusador ao Governo em torno da gestão da greve dos médicos, que dura há 30 dias consecutivos. Desta vez, as críticas vêm do Presidente da Renamo, Ossufo Momade, durante a abertura da V Sessão Ordinária do Conselho Nacional daquela formação política, que decorreu ontem em Maputo.

 

Segundo Ossufo Momade, é preocupante a forma como o Governo tem lidado com os problemas nacionais, “refugiando-se tão-somente na arrogância política e ditadura, no lugar de privilegiar a adopção de políticas e medidas sectoriais exequíveis, para resolver os problemas”.

 

O líder da Renamo afirma, por exemplo, ser um erro estratégico muito grave “pensar que é com ameaças que serão resolvidos os graves problemas” que afectam o Sistema Nacional de Saúde, com destaque para falta de medicamentos, a falta de condições mínimas de trabalho (como as luvas) e a manutenção de salários pouco atractivos.

 

“É grave e preocupante que, ao invés do Governo resolver os problemas dos médicos e de toda  a classe de profissionais da Administração Pública, esteja a promover ameaças e intimidações àqueles que, em tempo da Covid-19 e outras enfermidades, fizeram tudo, incluindo o risco da sua própria vida para salvar a vida dos cidadãos”, defendeu Momade, referindo-se às ameaças proferidas, semana finda, pelo porta-voz do Governo.

 

“Em algum momento, o Estado deverá colocar os médicos grevistas a escolher se pretendem continuar a prestar serviços no Sistema Nacional de Saúde ou pretendem deixar os seus lugares para que, da contratação provisória, possamos passar para uma contratação definitiva”, afirmou Filimão Suazi, em conferência de imprensa, após a 27ª Sessão do Conselho de Ministros.

 

Para Ossufo Momade, a greve dos médicos resulta, por um lado, da incapacidade do Executivo em dialogar com a Associação Médica de Moçambique e, por outro, da sua arrogância. Diz ainda estarmos a presenciar um Governo “totalmente desnorteado e alheio ao sofrimento dos cidadãos”.

 

“Repugna a qualquer moçambicano ver a barbaridade do Governo, que chega a ameaçar a revogação do Estatuto do Médico, a expulsar médicos da função pública e substituir os médicos nacionais por estrangeiros, numa clara valorização destes [estrangeiros] e desvalorização dos médicos nacionais”, salienta, manifestando a sua solidariedade com a classe médica.

 

TSU é um flagelo social

 

No seu discurso de abertura, na reunião que visa preparar os quadros do partido para as próximas eleições autárquicas, Ossufo Momade voltou a fazer duras críticas à forma como o Governo está a gerir a Tabela Salarial Única (TSU), que está em implementação na Administração Pública há 10 meses.

 

Segundo Ossufo Momade, a TSU transformou-se num “autêntico flagelo social”, pois, na sua óptica, “foi aprovada com único propósito de enganar os funcionários”, razão pela qual se mostra insustentável e inexequível.

 

Defende, aliás, que a TSU é produto de “um governo não credível, irresponsável e sem norte”, pelo que, de forma sistemática, tem estado a rever o documento, “o que indicia uma má opção de gestão da coisa pública”.

 

Lembre-se que a TSU continua a ser uma das principais “dores-de-cabeça” do Governo, depois das “dívidas ocultas” e do combate ao terrorismo. Aliás, nesta segunda-feira, o Ministério da Economia e Finanças convocou a imprensa para informar que ainda continua sem datas para regularizar o pagamento dos salários dos membros das Forças de Defesa e Segurança, que estão há mais de dois meses sem os seus ordenados.

 

O Director Nacional de Contabilidade, Manuel Matavel, disse que os agentes das FDS não estão a receber os seus salários por não ter Número de Identificação Bancária (NIB); Número Único de Identificação Tributária (NUIT) e por apresentar incongruências nas suas patentes. (Carta)

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