Enquanto os hospitais e centros de saúde registam enchentes e morosidade no atendimento, devido à greve dos médicos, que entra hoje no seu 24º dia consecutivo, o Governo endurece o seu discurso, impondo um ultimato aos cerca de 2.000 médicos que aderiram à greve.
Esta terça-feira, à saída da 27ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, Filimão Suazi, porta-voz do Governo, disse que o Executivo está a contratar, de forma provisória, cerca de 60 médicos, no quadro das medidas adoptadas por este para minimizar os impactos causados pela greve. O Executivo garante tratar-se de médicos inscritos na Ordem e prontos para substituir os grevistas.
Trata-se de uma solução que cobre 3% do problema causado pela greve. A Associação Médica de Moçambique estima em cerca de 2.000 os médicos que aderiram à greve. Ou seja, o Governo tenta debelar um incêndio (ausência de perto de 2.000 médicos) com recurso a “baldinhos de água” (contratando perto de 60 médicos).
Segundo Suazi, trata-se de uma solução provisória, porém, que poderá ser definitiva, caso os médicos grevistas continuem a não comparecer ao serviço. “Em algum momento, o Estado deverá colocar os médicos grevistas a escolher se pretendem continuar a prestar serviços no Sistema Nacional de Saúde ou pretendem deixar os seus lugares para que, da contratação provisória, possamos passar para uma contratação definitiva”, afirmou o também vice-Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
Na conferência de imprensa concedida no fim da Sessão desta terça-feira, Filimão Suazi vincou que os médicos representam entre 4% a 5% do total dos funcionários da saúde (60 mil), pelo que “grosso modo dos nossos funcionários tem tido uma actuação patriótica”.
Para o Governo, garante Suazi, a greve já devia ter sido desconvocada pela Associação Médica de Moçambique, pois, o Executivo já resolveu quatro, dos cinco pontos que estavam na mesa das negociações, faltando apenas satisfazer-se o ponto referente ao pagamento de horas extraordinárias atrasadas (até 2020). No entanto, no seu caderno reivindicativo, os médicos apresentam 14 pontos.
Para além de colocar um ultimato aos médicos grevistas, que continuam a sofrer faltas pelas ausências, o Governo convida a Ordem dos Médicos de Moçambique a assumir o seu papel na fiscalização da prática do acto médico, pelo facto de os médicos grevistas não prestarem os serviços mínimos aos utentes. (A. Maolela)