Dados do Inquérito sobre Orçamento Familiar (IOF 2022) divulgados ontem pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) revelam que, no ano passado, a despesa média mensal per capita (por pessoa) em produtos alimentares e bebidas não alcoólicas foi de 734,00 Meticais, equivalente a 3.358,00 Meticais por cada agregado familiar.
De acordo com IOF 2022, a percentagem de gastos em produtos alimentares e bebidas não alcoólicas é mais significativa na área rural, tendo-se situado em 49,3 por cento, em comparação com a área urbana, onde representa 27,8 por cento da despesa total.
“As despesas em transporte têm maior relevância nas áreas urbanas (15,5 por cento) que nas rurais (7,3 por cento). O mesmo se verifica na divisão de restaurantes, hotéis, cafés e similares com uma importância relativa de 9,4 por cento nas áreas urbanas e 4,7 por cento nas rurais”, sublinha a fonte.
No geral, o INE revela que os agregados familiares residentes em Moçambique gastaram, em média, 8.661,00 Meticais por mês, o equivalente a 1.893,00 Meticais por pessoa. O gasto médio mensal dos agregados familiares do país é quase o dobro do salário mínimo nacional que vigora em 2022, que era de 4.591,68 Meticais, que era pago no subsector da pesca de kapenta. Isto é, as despesas mensais são superiores ao rendimento mensal.
A despesa média mensal da área urbana, detalha, situou-se acima da média nacional, com 12.548,00 Meticais (2.686,00 Meticais per capita), enquanto na área rural fixou-se em 6.680,00 Meticais (1.475,00 Meticais per capita).
O IOF 2022 revela que as províncias de Maputo, Cidade de Maputo, Manica e Sofala têm despesas médias mensais acima da média nacional, sendo que as das províncias de Maputo e Cidade de Maputo correspondem a quase dobro da média nacional, com cerca de 18.803,00 e 17.076,00 Meticais, respectivamente. Por sua vez, a martirizada província de Cabo Delgado teve a despesa média mensal mais baixa por agregado familiar, com 5.213,00 Meticais.
De acordo com o IOF 2022, do total das despesas das famílias moçambicanas, 40,1 por cento são detidas por 10 por cento da população mais rica, enquanto 10 por cento da população pobre absorve 0,9 por cento. O relatório diz ainda que a população pobre gasta mensalmente, por pessoa, 170,00 Meticais e a mais rica despende mensalmente, por pessoa, 7.589,00 Meticais. Sublinha que 50 por cento da população absorve cerca de 14,6 por cento das despesas totais.
“Analisando a estrutura das despesas, de acordo com a posição do chefe do agregado familiar no processo laboral, nota-se que os agregados familiares, cujos chefes trabalham em organismos internacionais/embaixada e nas empresas públicas, têm os níveis de despesas per capita mensais mais elevados com 6.900,00 Meticais e 6.727,00 Meticais, respectivamente, apesar de pouca expressão em termos populacionais (0,03 por cento e 0,24 por cento, respectivamente)”, enfatiza o relatório, sublinhando que os agregados familiares cujo chefe trabalha por conta própria apresentam despesas médias per capita na ordem 1.465,00 Meticais.
Perto de 80 por cento das famílias são chefiadas por trabalhadores por conta própria
O IOF 2022 revela que, em Moçambique, existem 6.909.016 agregados familiares, dos quais 66,2 por cento encontram-se na área rural. As províncias de Nampula e Zambézia são as que possuem o número mais elevado de agregados familiares (20,6 por cento e 18,3 por cento, respectivamente), enquanto Gaza (4,6 por cento) e Cidade de Maputo (3,9 por cento) apresentam menor percentagem.
O documento expõe que grande parte dos chefes de agregados familiares são camponeses (64,6 por cento), seguidos de operários não agrícolas (9,2 por cento). Sublinha ainda que a maioria dos chefes de família encontra-se na condição de trabalhadores por conta própria sem empregados (78,9 por cento), seguida de trabalhadores de empresas privadas (9,9 por cento) e da administração pública (5,4 por cento).
O IOF 2022 defende que, em média, os agregados familiares moçambicanos são constituídos por 4,6 membros, sendo que a maior parte tem entre três a quatro membros, representando 33,0 por cento. Seguem-se agregados familiares constituídos por cinco ou seis membros (29,6 por cento). Em cada 100 agregados familiares, diz o relatório, 71 são chefiados por homens e apenas 29 são chefiados por mulheres. Observa-se ainda que 50 por cento dos agregados familiares são chefiados por pessoas abaixo de 41 anos (idade mediana).
Refira-se que, em termos metodológicos, o Instituto Nacional de Estatística garante que cada agregado familiar seleccionado foi visitado durante sete dias contínuos. A recolha de dados para o IOF foi feita durante um período de 12 meses, para captar a variabilidade das despesas, receitas e outras características socioecónomicas durante o ano. (A. Maolela)