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terça-feira, 09 agosto 2022 06:21

China defende a sua estratégia financeira em África após comentários dos EUA sobre 'armadilha da dívida'

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À medida que os Estados Unidos intensificam os seus esforços diplomáticos em África antes de uma cimeira  de Dezembro, a China está reagindo às alegações de “armadilhas da dívida” chinesa para nações africanas feitas por Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, durante o seu périplo africano sobre segurança alimentar.



Thomas-Greenfield, que terminou a sua digressão com uma paragem em Cabo Verde no fim-de-semana, disse que a visita não se destinava a competir por influência com a China ou a Rússia, mas referiu que “ao olhar para o que a China está a fazer em África” fica claro que a dívida está no centro das relações.



As observações suscitaram uma rejeição da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, que disse que as alegações de armadilhas da dívida são puras invenções  dos EUA.



"Os números não mentem", disse ela. “É bastante evidente quem exactamente está criando uma armadilha da dívida para os países africanos.”



Ela repisou que as pontes, estradas, escolas e hospitais construídos ou financiados  em países africanos demonstram o compromisso de Pequim. “Os países africanos estão em melhor posição para comentar a cooperação da África com a China”, observou ela.



A China forneceu ajuda alimentar de emergência para Djibuti, Etiópia, Somália e Eritreia, entre outros, e planeia fornecer nova ajuda alimentar à medida que o continente luta com os impactos climáticos e a escassez causada pelo conflito Rússia-Ucrânia.



Thomas-Greenfield também visitou Gana e Uganda tendo em vista a  questão da ajuda alimentar aos africanos. A sua visita ocorreu numa altura em que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, inicia uma viagem a três países africanos.

 

EUA anunciam nova estratégia para a África

 

A nova estratégia está a ser preparada há um ano e será desvendada pelo Secretário de Estado, Antony Blinken, de visita à África do Sul, desde domingo, devendo deslocar-se ainda à República Democrática do Congo e Ruanda. 

 

Ele já manteve um encontro com a Ministra   sul-africana de Relações Internacionais e Cooperação, Naledi Pandor. Blinken e Pandor disseram que as negociações fortaleceriam as oportunidades de comércio e investimento entre os dois países após sete anos de diplomacia "silenciosa". 

 

O Secretário de Estado acredita que a sua visita de diálogo estratégico com a África do Sul é o início de um novo capítulo nos esforços para fortalecer os laços económicos entre os dois países.

 

Uma visita de alto nível desse tipo não ocorreu durante o mandato do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. O último diálogo ocorreu em 2015, quando a ex-ministra de Relações Internacionais e Cooperação, Maite Nkoana-Mashabane, visitou os EUA para se encontrar com o ex-secretário de Estado John Kerry.

 

O significado da "breve" visita de Blinken, juntamente com uma delegação de 50 representantes do governo dos EUA que trouxe com ele, não passou despercebido a Pandor, que disse que era necessário.

 

Pandor descreveu os EUA como um dos parceiros importantes da África do Sul, mas em Março Pretoria absteve-se de votar uma resolução   das Nações Unidas   exigindo a retirada imediata das tropas russas da Ucrânia. 

 

“Acredito que esta é uma parceria estratégica baseada em valores comuns e é a base do fortalecimento dos compromissos bilaterais entre nossos dois países. Nosso encontro aqui, após um período de quase sete anos, apresenta uma oportunidade de reintegração em várias frentes e deve colocar a recuperação económica em África em frente e no centro de nossa agenda", disse Pandor.

 

"Esperamos que, no caminho da recuperação económica, não deixemos para trás os jovens, as mulheres e as pessoas com deficiência", acrescentou. 

 

Pandor referiu ainda que estava ansiosa para que os EUA investissem mais na África do Sul e voltou-se para o que acredita que separa os dois países. 

 

No seu discurso introdutório antes das negociações, Pandor disse a Blinken que os EUA precisavam de rever as tarifas sobre aço e alumínio da África do Sul. Os EUA representam cerca de 17% do mercado de exportação da África do Sul e ela considerou que muito mais poderia ser alcançado. 

 

Já Blinken disse que o foco no comércio, saúde e mudanças climáticas é crucial para ambos os países. Ele disse que a África do Sul é uma voz crítica globalmente e que, embora os EUA sejam o terceiro maior parceiro comercial da África do Sul, "podemos tornar algo bom ainda melhor".

 

Sobre as mudanças climáticas, Blinken referiu que os EUA estão comprometidos em ajudar a África do Sul a fazer a transição para uma economia de baixo carbono. "O clima está afectando os dois países e acho que todos nós sentimos a urgência agora. Temos de encontrar um caminho para uma transição energética que nos permita atingir a maioria das metas e ao mesmo tempo apoiar os mais afectados pelas mudanças climáticas", disse Blinken. (Carta)

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