Figuras de proa da Renamo, o maior partido da oposição no xadrez político nacional, foram notificadas para prestar esclarecimentos na Procuradoria-Geral da República (PGR). Trata-se de Ivone Soares (chefe da bancada parlamentar da Renamo), José Manteigas (deputado e membro da Comissão Permanente e porta-voz do partido), Manuel Bissopo (deputado e membro da Comissão Permanente) e António Muchanga (deputado). Para já, a audição de Manuel Bissopo está agendada para o dia 8 do presente mês de Janeiro.
Em causa, soube “Carta”, estão os ataques que têm estado a ocorrer nas províncias de Sofala e Manica, região centro do país, cuja autoria moral e material, de acordo com a Polícia da República de Moçambique, é imputada à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nyongo.
A notificação, da lavra de Beatriz de Buchili, Procuradora-Geral, é datada da última sexta-feira, 03. O expediente, endereçado à Presidente da Assembleia da República, deu entrada na Secretaria daquele que é o mais alto e importante órgão legislativo do país na própria sexta-feira.
A notificação deriva do facto de estarem a correr “termos autos de instrução preparatória registado sob o número 1621/2019”.
O processo nasce na sequência das declarações proferidas por um grupo que confessou pertencer à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, o qual depois de ter sido capturado pela PRM, na Zambézia, acusou os deputados da Renamo de serem os financiadores dos ataques armados na região centro e, consequentemente, a própria Junta Militar.
Para além de Ivone Soares, Manuel Bissopo e António Muchanga, o grupo mencionou os nomes de Elias Dhlakama, irmão mais novo do então presidente do partido, Afonso Dhlakama, e do deputado Sandura Ambrósio.
O grupo foi preso no dia 12 de Novembro de 2019, quando levava a cabo um recrutamento de jovens para a implantação de bases daquele movimento rebelde, na província da Zambézia, concretamente nos distritos de Morrumbala, Milange e Namarroi.
“Carta” falou com os visados
Ainda na tarde de ontem, “Carta” chegou à fala com alguns dos visados. José Manteigas e António Muchanga foram unânimes em afirmar que receberam as respectivas notificações. No entanto, os dois deputados disseram que ainda não tinham qualquer informação concreta sobre a razão para a sua convocação pela PGR, prometendo dar mais detalhes esta terça-feira.
Todas as tentativas de entabular conversa com Ivone Soares redundaram num autêntico fracasso, precisamente porque esta simplesmente não atendeu às nossas insistentes chamadas. Também não conseguimos falar com Manuel Bissopo porque os seus números encontravam-se desligados. “Carta” contactou também Elias Dhlakama, igualmente mencionado pelo grupo como sendo um dos financiadores. Este, de forma peremptória, afirmou não ter ainda recebido qualquer notificação da PGR. (Carta)