Uma suposta carta escrita pelos insurgentes foi alegadamente encontrada numa mesquita na Vila Municipal de Mocímboa da Praia, semana finda, tendo causando pânico a nível daquele ponto do país. Depoimentos colhidos pela “Carta” indicam que, entre os dias 04, 05, 06 e 07 de Outubro, a população viveu um clima de desespero, com informação posta a circular, dando conta que os insurgentes iriam atacar Mocímboa da Praia em celebração dos dois anos do arranque dos ataques nos distritos, que se verificam naquele ponto do país.
Devido ao medo que se instalou, algumas pessoas abandonaram tudo e fugiram para o distrito de Mueda e cidade de Pemba, onde a “chacina” ainda não se fez sentir. Esta situação, segundo apurámos, fez com que o preço do transporte rodoviário fosse especulado, o preço do bilhete chegando a custar entre 200 e 250 Mts, contra os habituais 150 Mts.
Joana Atibo e Mariamo Taibo, nomes fictícios de cidadãs que testemunharam a situação e que falaram à “Carta”, contaram ter vivido um momento de terror e que a sua prioridade era sair de Mocímboa da Praia para zonas “onde vivem comunidades macondes que, até aqui, ainda não sofreram nenhum ataque”.
As fontes, que agradeceram a Deus por terem conseguido sair de Mocímboa da Praia para Pemba, acrescentaram que, durante o percurso, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) desdobravam-se para garantir a segurança destes. Maior parte das pessoas conseguiu sair e foi instalar-se no distrito de Mueda, onde se acredita haver mais segurança que outros distritos.
Entretanto, fontes da “Carta” contaram que, no passado dia 05 de Outubro, os insurgentes decapitaram um cidadão quando regressava de mais uma actividade do campo de cultivo. Já no dia 06 de Outubro, na aldeia Uló, distrito de Mocímboa da Praia, quando eram aproximadamente 15 horas, a população terá visto mais de 20 homens fortemente armados em direcção à zona habitacional, mas devido à comunicação atempada às FDS que saíram em direcção aos supostos insurgentes, o mal maior não aconteceu.
Porém, estranhamente, o Ministério da Defesa Nacional anunciou, nesta segunda-feira, o abate, no passado dia 05, de nove insurgentes após intensos combates. O comunicado, não habitual, não traz detalhes sobre a situação dos militares envolvidos e muito menos as circunstâncias em que ocorreu o ataque. (Omardine Omar e Paula Mawar)