Seja como for, a confirmação de que Ernesto Gove é arguido deixou muita gente boquiaberta, sobretudo porque, em 2016, ele negou a pés juntos, conhecer as empresas do calote. Mas afinal ele sabia! Donde veio essa postura de desonestidade e mentira?
Agora que os factos estão a vir ao de cima, ficamos estarrecidos com o nível de fingimento que se apossara sobre muitas entidades. O Banco de Moçambique, por exemplo! Sua postura foi a de que estava completamente à leste do calote. Mas o banco autorizou quatro dos empréstimos contraídos e um deles foi mesmo homologado num processo decidido “overnight”.
O Banco de Moçambique, com Gove ao leme, esteve metido até ao pescoço na contratação de dívida ilegal, ciente dos riscos que isso comportava para a economia e para a sociedade. Agora fica claro que a instituição é um dos grandes culpados do descalabro em que vivemos.
Em sede de justiça, outro tipo de responsabilidades deverão ser imputadas, individual e colectivamente, a quem esteve lá na altura. Mas, no plano moral, ninguém é inimputável. Por isso, seria de bom senso que os administradores que com Ernesto Gove estiveram lá, homologando os empréstimos, viessem hoje a público pedir desculpas. Pelo menos isso! Os contribuintes deste país, que suportam vossas mordomias infindáveis, merecem uma explicação, uma satisfação e pelo menos umas desculpas. Vocês agiram contra o vosso mandato, colocando os moçambicanos na lama. Lembrem-se disso! Shame!