A China, a República Popular, foi, desde os tempos da luta armada de libertação nacional, e pouco antes até, amigo dos moçambicanos e, por via disso, do Moçambique por vir, independente, não aquele colonialista português. Inequívoca e abertamente, apoiou a Frente de Libertação Nacional desde os seus primórdios, ideológica e materialmente. Treinou guerrilheiros do movimento libertário que desencadearam e levaram avante a guerra de libertação; forneceu desinteressadamente material e equipamento militar à FRELIMO. De tempos em tempos, enviava especialistas militares para assessorarem o movimento no desenvolvimento da guerrilha. A China, a República Popular, foi, desde os tempos da luta armada de libertação nacional, e pouco antes até, amigo dos moçambicanos e, por via disso, do Moçambique por vir, independente, não aquele colonialista português. Inequívoca e abertamente, apoiou a Frente de Libertação Nacional desde os seus primórdios, ideológica e materialmente. Treinou guerrilheiros do movimento libertário que desencadearam e levaram avante a guerra de libertação; forneceu desinteressadamente material e equipamento militar à FRELIMO. De tempos em tempos, enviava especialistas militares para assessorarem o movimento no desenvolvimento da guerrilha.
Depois da independência, os nossos amigos chinocas assumiram-nos e ajudaram-nos ao longo de todos os tempos. Ficamos aliados… naturais! Ideológica, política e economicamente. Apoiaram-nos em muitos momentos e de forma vistosa. No nosso período de socialismo, era raro passarem seis meses sem notícia de relevo no âmbito das relações de irmandade, amizade e cordialidade entre os dois Estados, povos e países - para usar a linguagem de então. Delegações de diversa natureza, sobretudo partidária, trocavam-se amiúde entre os dois lados - os moçambicanos iam para China e a deles vinha para cá.
No Moçambique depois do socialismo que vivemos, a República Popular da China continuou firmemente irmão e amigo. Em muitos momentos, sobretudo de aflição, tem sido tábua de salvação para as difíceis condições económicas que a pérola do Índico atravessou, sendo a última o envio, há uns poucos meses, de vacinas contra a COVID-19 para os moçambicanos. Incontáveis e de natureza diversa foram os donativos, incluindo financeiros, que os chinocas disponibilizaram aos amigos moçambicanos ao longo destes anos todos depois de 1986.
Do ponto de vista económico, muitos foram os empreendimentos que os amigos chineses ergueram para Moçambique e em diferentes pontos do território, igualmente sob diferentes modalidades, entre ofertas, donativos, empréstimos concessionais e outros, sendo uma das mais salientes a ponte Maputo-Katembe. Para não falar do Estádio Nacional do Zimpeto!
E é neste mesmo período pós-socialismo que começamos a assistir a uma grande avalanche de chineses nas terras do Índico. Em quase todos os cantos do nosso país, hoje em dia, temos um chinês a desenvolver actividades de diversa índole, a fazer qualquer coisa! Desde indústrias, pequenas, médias, ou grandes; empreendimentos variados,construção civil, corte e processamento de madeira, fábricas e fabriquetas diversas, supermercados, ferragens, lojas, ou outro tipo de serviços… alguns até ilícitos!
Um pouco por todo o lado, em todas as províncias, temos tido regularmente notícias envolvendo os nossos amigos chinocas! Sobretudo más notícias. Infelizmente! Em muitas partes, chineses são referidos no corte ilegal e exportação de madeira. Já foram, amiúde, mencionados na caça furtiva. Estamos para ver o desfecho do desaparecimento de dois navios cheios de contentores de toros de madeira no porto de Pemba, ano passado - um já voltou, porque houve diligências envolvendo a Embaixada da China em Maputo! De tempos em tempos, circulam nas redes sociais inúmeros vídeos de chineses a maltratarem moçambicanos, desde trabalhos roçando a escravatura, com tarefas pesadas e horários bastante longos, até mesmo violência física entre chineses e moçambicanos; tudo a troco de salários miseráveis. Quase dá para chorar um vídeo que circulou há poucos meses de um cenário de pagamento de salários de chineses a trabalhadores moçambicanos. Os chinocas tinham uma espécie de bacia cheia de moedas de dez meticais e uma balança ao lado. Chamavam um nome, pegavam numas moedas, pesavam-nas e entregavam ao trabalhador na fila, depois outro, mais outro. Aquelas moedas não enchiam as duas mãos!... Mas a última coisa que me abominou tremendamente é a reportada semana passada a partir de Nicoadala, na Zambézia. Os nossos amigos chineses abriram uma fábrica de produção de varões de construção e, como fonte de material, tinham/têm as torres de alta tensão da Electricidade de Moçambique. Segundo a notícia, a Polícia encontrou naquela fábrica enormes quantidades de cantoneiras retiradas em dez torres de alta tensão! Escusado será dizer que enormes prejuízos foram causados à pública!
A questão que se põe é: por quê os nossos amigos chineses fazem isto connosco? Ou, mais directamente, por quê os desmandos dos nossos amigos chineses em Moçambique e com os seus amigos naturais moçambicanos?
Os nossos amigos chineses estão a trabalhar em Chibuto, no empreendimento de areias pesadas. Intrigante é que fazem transportar os seus camiões cheios de areias pesadas nas estradas em cuja manutenção e ou reparação não participam absolutamente patavina; estradas que não foram concebidas para constantemente aguentarem mercadorias pesadas. Em nada, mas absolutamente nada mesmo, contribuem para as populações de Chibuto; nem escolinha, nem hospitalinho, nem… nada! Para não falar de algum apoio ao Clube de Chibuto, alegria e orgulho de todos os chibutenses e de todos os gazenses em geral!, sendo o futebol ópio do povo...
Afinal, por quê todos estes abusos dos chineses?
Não nos preocupam estes desmandos dos nossos amigos de sempre? Será que foram instruídos para fazerem estes desmandos todos? Instruídos por quem? Instruídos para destratarem os cidadãos moçambicanos; para desrespeitarem as instituições moçambicanas?
Mas, à parte se foram ou não instruídos, qual é a nossa atitude? O que fazemos nós para conter os abusos dos nossos amigos chineses? Por quê somos brandos para com os abusos dos chinocas?
Não será porque… comemos com eles? Pelo menos alguns de nós?
ME Mabunda