Um mar de contradições marcou a sessão de audição aos declarantes, constituídos no âmbito do Processo Querela nº 963/19/A, relativo ao caso de falsificação do passaporte que permitiu Momade Assif Abdul Satar, mais conhecido por Nini Satar, fugir do país, em 2015.
Apesar de o porta-voz do partido Frelimo, Caifadine Manasse, ter dito há dias que o caso Samito Machel não seria nem ao de leve aflorado no conclave do Comité Central que hoje iniciou na Matola, a realidade, no terreno, tem estado a revelar-se exactamente contrária.
O encontro do braço juvenil do partido Frelimo, a Organização da Juventude Moçambicana (OJM), que aconteceu ontem na Catembe, foi marcado por ataques cerrados contra “os camaradas indisciplinados”. A reunião antecedeu o conclave do Comité Central do partido, que hoje inicia na Matola, devendo terminar no próximo domingo.
A defesa da antiga Ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo, arguida-detida no âmbito do processo nº 94/GCCC/2017-IP, que investiga o desvio de fundos no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) submeteu, junto da Procuradoria da Cidade de Maputo, uma participação criminal contra o ex-juiz de instrução criminal Délio Portugal, agora presidente do Tribunal de Trabalho da província de Maputo.
João Madureira para seus colegas de escola e João Louro para os seus colegas da LAM, mais seu co-piloto no cockpit, arrancaram, a dia 26 de Abril, ensurdecedores aplausos dos passageiros que viajavam de Maputo a Nampula num voo TM 150. Ouviram-se também estridentes assobios. Mas tanto os aplausos como as assobiadelas eram de satisfação e, ao mesmo tempo, de alívio.
João Madureira teve de enfrentar todas as adversidades climáticas para poder aterrar em segurança no Aeroporto Internacional de Nampula, depois de ter falhado a primeira aproximação. Falhou e subiu nas alturas com toda a força, embrenhando o avião entre as nuvens, num dia que provavelmente não era bom para navegação aérea. Quiçá?!
Deu uma volta e antes de tentar a segunda aproximação, João avisou os passageiros: se falharmos a segunda só nos resta regressar à Beira. Onde uma hora antes o aparelho fizera uma escala técnica. Lá tentou o João Madureira naquela tarde de "mau tempo" e com sucesso aterrou em segurança. Uff! Choveram os aplausos, que duraram todo o tempo em que a aeronave fez o “taxi” para ir se imobilizar. Era satisfação enorme! No meio de uma tempestade brutal, o Madureira fez aterrar o avião aterrou em segurança e não foi preciso ir à Beira.
A LAM tem motivos para se orgulhar destes seus jovens quadros. Nem só de atrasos e de catering que deixa a desejar vive a LAM. Há boas coisas lá. Aliás, antes de sair de Maputo, João Madureira teve de abortar a descolagem porque uma porta quase abrira. Se não o tivesse feito, talvez acontecesse o pior. (Carta)
Na sequência do ciclone Kenneth que fustigou há dias o distrito de Macomia, em Cabo Delgado, cerca de 80 mil ouvintes estão privados do acesso/direito à informação, em virtude da rádio local, a Rádio Comunitária Nacedje, onde trabalhava o jornalista Amade Abubacar, ter sido danificada. Segundo fontes locais, a rádio já não existe. A infraestrutura foi totalmente danificada depois que uma mangueira caíu sobre ela.
Também foram afectados em Macomia pequenos negócios de cópias, internet-café e uma mini-escola de informática. Deste modo, os ouvintes das zonas mais rurais de Macomia estão longe de saber o que se passa a nível local e além-fronteiras. Devido à dimensão dos danos, tudo indica que a reposição da rádio vai levar tempo. O Instituto de Comunicação Social (ICS), proprietária da rádio, deverá mobilizar fundos para voltar a pôr a rádio no ar. (Carta)
O Banco Mundial garante que vai prestar apoio a Moçambique, sobretudo na procura de soluções sustentáveis com vista a tornar o país mais resiliente aos efeitos das calamidades naturais. O compromisso foi assumido esta quinta-feira em Maputo pelo Presidente do Grupo do Banco Mundial, Davis Malpass, após ter sido recebido em audiência pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.
Na ocasião, Davis Malpass disse que o Banco Mundial vai dar assistência aos afectados pelo ciclone Idai e Kenneth nas zonas centro e norte. No encontro com Nysi, o Presidente do Grupo do Banco Mundial, apresentou uma mensagem de condolências às vítimas dos desastres naturais.
"Não iremos fazer a assistência a Moçambique apenas no âmbito logístico devido aos ciclones, mas estenderemos ainda mais o compromisso para apoiar ao longo prazo em termos de desenvolvimento do país”, disse Davis Malpass.
Ele acrescentou que o apoio vai igualmente assegurar uma melhor assistência ao desenvolvimento humano, incluindo a melhoria das rendas das populações. Davis Malpass efectua hoje uma visita à cidade da Beira com objectivo de se inteirar do processo de reconstrução em curso. No regresso anunciará um pacote de medidas de apoio do banco a Moçambique. (Carta)
Está à vista um azedar de relações entre os armadores do banco de Sofala e o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas (MIMAIP), dirigido por Agostinho Mondlane. Segundo alguns armadores, em conversa com “Carta”, em causa está o facto de, mais de um mês após a passagem do Ciclone Idai, nenhum dirigente de nível central daquele ministério se ter deslocado à província de Sofala, em particular à cidade da Beira, para, no mínimo, solidarizar-se com eles e avaliar os estragos causados pela catástrofe.
A Fundação Galp acaba de lançar uma campanha denominada “Vamos Juntar Energias pela Beira”, que se realiza até o dia 31 de Maio, em Moçambique e Portugal. O objectivo é angariar bens para as vítimas do ciclone IDAI, que afectou a região centro do país. Em Moçambique, esta acção solidária vai decorrer em cerca de 30 postos de combustível nas províncias de Maputo, Nampula, Gaza e Inhambane, em parceria com a Cruz Vermelha de Moçambique e a Associação Helpo.
Com a campanha, espera-se recolher bens alimentares não perecíveis (feijão, arroz, massa, frutos secos, óleo, aveia, açúcar e enlatados de abertura fácil), produtos de higiene (sabão, sabonete e pasta dentífrica), calçado, utensílios de cozinha, materiais de abrigo (lonas), sementes e material para a prática da agricultura.
A acção insere-se no plano de apoio que a Fundação Galp está a implementar na sequência do ciclone que devastou a região centro de Moçambique. Lembre-se que, logo após o desastre, a Fundação Galp mobilizou apoio humanitário, disponibilizando bens de emergência no valor de 150.000 Euros para apoiar as operações de socorro às vítimas do ciclone, com foco na província de Sofala. (Carta)
Um novo estudo, publicado recentemente na revista PLOS ONE, documenta pela primeira vez a trajectória das populações de fauna bravia no Parque Nacional da Gorongosa em Moçambique ao longo de meio século. Intitulado War-induced collapse and asymmetric recovery of large-mammal populations in Gorongosa National Park, Mozambique”, o estudo baseia-se em 18 levantamentos aéreos de animais selvagens realizados com aeronaves de asa fixa e helicópteros entre os anos de 1969 e 2018.
O estudo foi escrito por uma equipa composta por cientistas da Gorongosa, da Universidade de Princeton nos EUA e do Conselho de Pesquisa Agrícola da África do Sul. Na década de 1960, o Parque Nacional da Gorongosa foi considerado um dos parques nacionais mais espectaculares da África, com enormes manadas de fauna bravia percorrendo as planícies e florestas do Vale do Rift. As densidades de grandes herbívoros da Gorongosa estavam no mesmo nível de áreas de alta abundância de vida selvagem, como a Cratera de Ngorongoro e o Parque Nacional do Serengeti.
Durante a guerra civil pós-colonial de Moçambique (1977-1992), na qual centenas de milhares de pessoas foram mortas, as hostilidades grassaram em torno do parque. Este conflito e a pobreza que persistiu após o término da luta reduziram severamente os grandes mamíferos do parque.
As populações de animais selvagens diminuíram 90-99% desde meados da década de 1970 até o final dos anos 90. Esta conclusão das contagens aéreas de fauna bravia foi reforçada por relatos de observadores familiarizados com as condições do pré-guerra, que transmitem uma eliminação quase total da vida selvagem.
Após os primeiros esforços de restauração, a recuperação da fauna bravia acelerou desde 2004, coincidindo com a co-gestão público-privada do Projecto da Gorongosa com o Governo de Moçambique. O Projecto da Gorongosa segue uma estratégia dupla de conservação e desenvolvimento humano para a Gorongosa e a Zona Tampão circundante e os seus habitantes.
A infra-estrutura do Parque foi reconstruída e ampliada, o corpo de fiscais foi re-treinado, expandido e equipado, enquanto os programas de desenvolvimento humano têm-se concentrado simultaneamente em projectos de saúde, agricultura e educação.
Houve uma recuperação acentuada da biomassa total da vida selvagem e da maioria das populações individuais. Isso reflecte em grande parte o crescimento populacional natural das populações remanescentes. Translocações de vida selvagem de outras áreas protegidas foram limitadas a menos de 500 animais, principalmente búfalos e bois-cavalos para suplementar o pequeno número de sobreviventes da guerra.
Dentro da área central do Vale do Rift do Parque, a biomassa da vida selvagem já se recuperou para mais de 80% da biomassa pré-guerra. No entanto, a recuperação foi assimétrica. O Inhacoso (ou Piva) emergiu como a espécie predominantemente dominante do pós-guerra, enquanto animais maiores, como o Búfalo, estão a recuperar mais lentamente, provavelmente por causa de suas taxas de crescimento intrinsecamente mais baixas.
Durante a última contagem aérea que foi realizada em Outubro de 2018, mais de 100.000 grandes herbívoros foram contados no Parque, tornando-se, mais uma vez, um destino verdadeiramente espectacular, testemunhando a resiliência da natureza, quando existe boa protecção e apoio. Sobre o Parque Nacional da Gorongosa e o Projecto da Gorongosa O Parque Nacional da Gorongosa é o principal parque nacional de vida selvagem de Moçambique, localizado na extremidade sul do Grande Vale do Rift do Leste Africano. É o lar de alguns dos ecossistemas biologicamente mais ricos e geologicamente mais diversos do continente africano. As suas fronteiras abrangem as grutas e desfiladeiros do planalto de Cheringoma, as vastas savanas do Vale do Rift, e a preciosa floresta tropical da Serra da Gorongosa. (Carta)