A Polícia moçambicana confirmou hoje que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do PODEMOS, partido que o apoia, mortos a tiro, foi “emboscada” e um terceiro ocupante ferido.
“Foram abordados e bloqueados por duas viaturas ligeiras de onde desembarcaram indivíduos que, munidos de armas de fogo, fizeram vários disparos que provocaram ferimentos e a morte dos indivíduos acima identificados”, disse à Lusa o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) da cidade de Maputo, Leonel Muchina.
O crime aconteceu cerca das 23:20 locais (menos uma hora em Lisboa) de sexta-feira, na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e segundo a Polícia um outro ocupante, uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura, foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada ao Hospital Central de Maputo. “Foi socorrida, não corre nenhum risco de vida, foi ferida apenas nos membros superiores”, esclareceu Muchina.
Segundo o porta-voz da PRM, as vítimas tinham estado a confraternizar num mercado de Maputo, tendo ocorrido “supostamente” uma “discussão derivada de assuntos conjugais”, de onde “posteriormente terão sido seguidos”. “Naturalmente que condenamos o crime hediondo e garantimos que estamos a tomar todas as medidas conducentes ao esclarecimento do caso”, disse Leonel Muchina.
“Apelamos a todos os mandatários de partidos políticos, cabeças-de-lista e outras figuras a se furtarem de frequentarem locais expostos e suscetíveis de ocorrência de crimes. E estamos, naturalmente, dispostos a prover segurança a todos os cidadãos, que é o nosso compromisso, de garantirmos a livre circulação destes cidadãos. E apelamos também à calma e serenidade das pessoas”, acrescentou o porta-voz da PRM.
Durante toda a madrugada circularam em Moçambique vídeos de extrema violência das duas vítimas e da viatura atingida aparentemente por mais de duas dezenas de tiros. O advogado Elvino Dias, conhecido defensor de casos de direitos humanos em Moçambique, era assessor jurídico de Venâncio Mondlane e da Coligação Aliança Democrática (CAD), formação política que apoiou inicialmente aquele candidato a Presidente da República de Moçambique, até a sua inscrição para as eleições gerais de 09 de outubro ter sido rejeitada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Venâncio Mondlane viria depois a ser apoiado na sua candidatura pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), cujo mandatário nacional das listas às legislativas e provinciais, Paulo Guambe, também seguia na viatura alvo do crime.
As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais – às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos – em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
A CNE tem 15 dias, após o fecho das urnas, para anunciar os resultados oficiais das eleições, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, depois de concluída a análise, também, de eventuais recursos, mas sem um prazo definido para esse efeito.
As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação das eleições gerais de 09 de outubro, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação, que recolhe em todo o país.
Venâncio Mondlane garantiu na quinta-feira, na Beira, centro de Moçambique, que após o anúncio dos resultados das eleições gerais vai recorrer ao Conselho Constitucional, com as atas e editais originais da votação. O Governo português e a União Europeia já condenaram estes assassínios. (Carta/Lusa)
O assassinato, na madrugada de hoje, do advogado e mandatário do candidato presidencial Venâncio Mondlane, Elvino Bernardo António Dias, é um atentado à profissão do advogado, ao Estado de Direito e à Democracia. Esta é a tese defendida pela Ordem dos Advogados de Moçambique, em comunicado de imprensa emitido na manhã deste sábado, em repúdio ao assassinato bárbaro do causídico.
Segundo a Ordem dos Advogados, não se pode, em consciência, dissociar a morte de Elvino Dias dos actos praticados pelo mandatário de Venâncio Mondlane, “enquanto advogado de primeira linha”. “Não tenhamos ilusões, colegas, este bárbaro assassinato é um atentado à profissão de advogado, à sua independência, ao Estado de Direito e à Democracia, pois, não se pode, em consciência, dissociar a mesma morte, até prova em contrário, dos actos praticados pelo ilustre colega, enquanto advogado de primeira linha”, defende a Ordem dos Advogados, instando à classe a se levantar contra a impunidade e o crime organizado “que tomou conta das instituições”.
“Há sempre presunção de que não se pode ser virtuoso num país de desonestos, mas, neste caso, há que reconhecer, o nosso colega merece a nossa total contemplação, pela sua galhardia na preservação do império da lei”, acrescenta a Ordem dos Advogados, em uma nota assinada pelo respectivo Bastonário, Carlos Martins.
Para a direcção da Ordem dos Advogados de Moçambique, a classe deve demonstrar “total indignação e interrogações”, acompanhando e exigindo esclarecimento e punição dos autores materiais e morais deste crime. “Para nós, é uma enorme honra ter tido um colega desta dimensão profissional, independentemente das suas ideologias. Por isso, com este bárbaro assassinato, feriu-se a própria classe e não nos devemos acobardar neste momento delicado da profissão”, afirmam os advogados, apelando a organização de uma marcha de repúdio em todos os Conselhos Provinciais da Ordem.
Elvino Dias, advogado com a carteira profissional n.º 1.599, foi assassinado esta madrugada por indivíduos, até aqui desconhecidos, na companhia do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe, quando saiam de um convívio no bairro da Malhangalene, arredores da capital do país. (Carta)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado apresentou, esta quinta-feira (17), um jovem indiciado pelo assassinato de dois moto-taxistas ocorrido no dia 11 de Outubro no bairro de Maringanhe, na cidade de Pemba.
O suspeito, actualmente detido na Terceira Esquadra da PRM, confessou ter disparado contra as vítimas após um desentendimento, alegando que se sentiu ameaçado. Durante a operação, a polícia conseguiu recuperar uma arma de fogo e diversos bens das vítimas, incluindo celulares e uma das motorizadas.
Segundo Eugénia Nhamussua, porta-voz da PRM em Cabo Delgado, as investigações continuam para esclarecer todos os aspectos do crime e garantir a segurança da população.
Refira-se que a situação gerou apreensão entre os moradores, que chegaram a acusar os militares do quartel local como supostos responsáveis do crime, mas a PRM assegura que o bairro está sob controlo e apela à calma. (Carta)
Depois da África do Sul em Setembro último, a Zâmbia e Zimbabwe, ambos vizinhos de Moçambique, se tornaram nos últimos países africanos a confirmar casos de mpox (varíola de macacos) na semana passada.
Até agora, as análises dos sete casos suspeitos em Moçambique deram resultado negativo, segundo anunciou o Ministério da Saúde (MISAU), garantindo que o país ainda continua sem casos positivos detectados.
O governo moçambicano elevou os níveis de alerta para fazer face a eventuais casos de varíola de macacos no país no âmbito da declaração de emergência de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Agosto último.
O número de mortes relacionadas à mpox ultrapassou 1.000, em surtos que actualmente afectam 18 dos 55 países da África. O Director-Geral dos Centros Africanos para Controlo e Prevenção de Doenças (Africa-CDC), Jean Kaseya, revelou os últimos números esta quinta-feira (17).
Kaseya pediu aos parceiros internacionais que honrem as suas promessas de apoiar a resposta da África. O orçamento estimado para um plano de seis meses apresentado pelos centros africanos de controlo e prevenção de doenças é de cerca de 600 milhões de dólares.
Cinquenta e cinco por cento deste valor é destinado à resposta ao mpox em 14 países afectados e ao reforço da prontidão em outros 15. A doença pertence à mesma família de vírus que a varíola, mas causa sintomas mais leves, incluindo febre e dores no corpo. Pessoas com casos mais graves podem desenvolver lesões no rosto, mãos e genitais.
O vírus mpox foi descoberto na Dinamarca em 1958. Durante anos espalhou-se esporadicamente na África Central e Ocidental até o surto global de 2022. Na época, os países ricos responderam rapidamente com vacinas dos seus stocks. (Carta/Africanews)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula impediu esta quarta-feira (16) a marcha e outras actividades do candidato presidencial Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido Podemos, alegadamente devido à desobediência às orientações dadas após a sua chegada ao aeroporto internacional daquela província.
Segundo o director da Ordem no Comando Provincial da PRM em Nampula, Gilberto Inguane, o aspirante à Ponta Vermelha, além de desobedecer às orientações da PRM, incitou os seus simpatizantes a atacar os agentes da corporação destacados para a sua própria protecção.
Em conferência de imprensa, Inguane explicou que Mondlane incitou os seus seguidores para atacar a PRM perto da praça Samora Machel, quando os agentes o orientaram para seguir a rota inicialmente indicada. O segundo incidente aconteceu no bairro Matadouro, onde os seus simpatizantes arremessaram pedras e queimaram pneus.
"Na estátua Samora Machel, percebendo que a saudação estava a mobilizar massas e a perturbar a normal circulação de pessoas e bens, decidimos abordar a comitiva que o acompanhava em duas viaturas, no intuito de seguir o itinerário definido pela polícia. A princípio, concordaram, mas, à medida que avançavam com a marcha, acredito que ele se emocionou ao ver a avalanche de pessoas que o seguia e decidiu mudar de rota”, disse o Director da Ordem no Comando Provincial da PRM.
Perante este cenário, a polícia orientou a comitiva de Mondlane que não seguisse aquele caminho que levava à academia militar e, daí, ele incitou a população a confrontar a polícia, que começou a reagir de diversas maneiras e arremessando pedras.
Para repor a ordem, a polícia foi obrigada a usar métodos de dispersão e, a partir desse momento, Mondlane seguiu a rota indicada pela Polícia, mas arrastou as massas para o bairro Matadouro, onde novamente incitou à violência contra a corporação.
Durante os tumultos foram arremessadas pedras e há relatos de queima de pneus, o que obrigou a polícia a intervir para controlar a situação.
A fonte informou que, em consequência, quatro membros do Podemos foram detidos. "Neste momento, temos sob nossa custódia quatro detidos por conta dessas acções. Sabemos que o direito à manifestação é constitucional, mas existem regras a serem obedecidas. Não podemos permitir uma manifestação que desorganize uma determinada área", disse.
Gilberto Inguane apelou aos políticos para não incitar à violência: "Apelo desde já aos políticos que qualquer um que queira visitar Nampula será bem-vindo, mas que não venha desorganizar a província de Nampula. Este apelo se estende ao resto do país. Não podemos desorganizar o nosso país. O país não se constrói com destruição."
Entretanto, a polícia negou que tenha cercado as instalações do Podemos em Nampula, mas admitiu que tinha destacado os seus agentes. "Carta" apurou que pelo menos três membros do Podemos com ferimentos graves e ligeiros deram entrada no Hospital Central de Nampula. (Carta)
Um autocarro de transporte de passageiros da rota Boane/Baixa perdeu os travões na manhã desta quarta-feira, provocando um acidente em série envolvendo oito viaturas, próximo à zona da Casa Branca, na Estrada Nacional Número 4.
No local, várias viaturas ligeiras sofreram danos avultados, em alguns casos irreparáveis, mas todas as vítimas saíram ilesas. O autocarro seguia da cidade de Maputo para Boane e levava mais de 80 passageiros, que também saíram ilesos.
Segundo conta Alita Matsinhe, uma das passageiras do autocarro, ela estava a dormir quando despertou com os gritos dos outros passageiros e percebeu que o motorista do veículo havia perdido os travões e não conseguia parar.
“Quando ouvi os gritos, despertei e vi muita gente a tentar descer pelas janelas aos gritos, porque as portas não abriam. No local, o autocarro colidiu com vários carros ligeiros; um estava por cima do outro e outro estava por baixo de um camião. Mas, graças a Deus, todas as pessoas saíram ilesas deste acidente”, relatou.
Outro passageiro, Lourenço Nhamposse, também seguia no autocarro e relatou que o motorista estava a fazer esforços para imobilizar o veículo.
“O acidente podia ter tirado a vida de muitas pessoas, dada a forma como ocorreu, mas todos saíram bem. Agora, já estamos aqui há mais de duas horas à espera que o cobrador nos devolva o nosso dinheiro para pegarmos outro carro e continuarmos a nossa viagem, mas ele não aceita, e muitos de nós continuamos aqui porque já não temos mais dinheiro”, afirmou.
Segundo o agente da polícia de trânsito, José Novela, o acidente foi causado pelo excesso de velocidade aliado à deficiência mecânica do autocarro. Assim sendo, ele exortou as companhias de transporte a efectuarem revisões periódicas nos veículos para evitar este tipo de sinistro. (Marta Afonso)