A 22 de Novembro próximo, o jornalismo moçambicano vai “parar” para celebrar a vida daquela que é a sua pedra angular: o jornalista Carlos Cardoso. Cardoso foi cobardemente assassinado a 22 de Novembro do ano 2000, quando, depois de um dia de trabalho, regressava para os seus aposentos. Este ano, o seu desaparecimento físico completa os precisos 20 anos. São 20 anos da morte de um homem de um compromisso umbilical com a verdade, justiça e integridade.
Carta de Moçambique inicia, hoje (segunda-feira), o ciclo de publicação de depoimentos de individualidades que, de perto, viveram e acompanharam parte do percurso e lutas de Carlos Cardoso. Dá o pontapé de saída à “maratona” um seu antigo pupilo na Agência de Informação de Moçambique (AIM), Gustavo Mavie. Pedimos a Gustavo Mavie que contasse como foi conviver e trabalhar com Carlos Cardoso na AIM, que deixou a direcção máxima em 1989. Mavie distribui atributos e virtudes ao seu antigo “chefe”, mas de uma coisa ele diz não ter dúvida: Carlos Cardoso foi para ele “um professor de jornalismo” e de “vida”, vincando que guardava os seus ensinamentos.
Aliás, Gustavo Mavie disse que lhe deve a vida, não fosse a sua proactividade quando esteve mais para morte que para vida em 1988, em resultado de uma doença grave que contraíra. Mavie assume-se como um seguidor fiel dos ideais de Carlos Cardoso, anotando que se bate pelos princípios que ele defendia em vida.
Convidamos o estimado leitor a acompanhar, nas próximas linhas, no discurso directo, os depoimentos de Gustavo Mavie, que de um simples repórter passou a delegado, em Londres, e mais tarde director da AIM, cargo que deixou de exercer em 2015, depois de ter cumprido dois mandatos.
Quando e em que circunstâncias conheceu Carlos Cardoso?
“Eu conheci Cardoso, creio, em 1978, mas para ser mais preciso durante o primeiro seminário da informação, que foi realizado por esse período e, na altura, o Ministro da Informação era Jorge Rebelo. Conheci-o nestas circunstâncias, como um colega distante e, naquela altura, havia poucos órgãos de informação e todos tinham o mesmo dono que era o Estado e ele, na altura, trabalhava na Revista Tempo. E, claro, eu estava no começo da minha carreira nessa altura e tinha menos de um ano. Notei, na altura, que era um indivíduo muito interventivo, frontal, mas para mim era uma aprendizagem porque eu não sou necessariamente um urbano, mas um emigrante das zonas rurais e estava aprendendo a ver pessoas a fazer intervenções e mais calado do que para falar porque eu ali era uma espécie de um aluno naquele seminário. Depois disso, nunca mais tive uma convivência com ele a ponto de sentar com ele num café. Eu lia algumas coisas que ele escrevia na Revista Tempo e foi transferido para a Rádio Moçambique, o que, a meu ver, foi uma espécie de despromoção porque foi fazer cultura, quando na Revista Tempo escrevia sobre assuntos políticos. Quando estava na Tempo, o que ele escrevia não devia agradar, não diria ao Governo, mas, sim, a algumas pessoas do Governo. Aquelas pessoas que eu penso que eram muito sensíveis. Cardoso escrevia o que ele pensava. Não se censurava como faziam outros jornalistas. O que ele pensava ele escrevia”.
Como foi trabalhar com ele?
“Ele veio para AIM em 1981. Ele era um director diferente dos outros. Era um director sempre presente e não se isolava dos outros, muito menos de forma física como fechar um gabinete. Nunca teve uma secretária e ele tratava tudo pessoalmente. Quando quisesse alguma coisa na redacção, ele não telefonava. Saía do seu gabinete e ia para a redacção e falava com a pessoa que ele queria. Era na perspectiva dos sisudos uma pessoa muito liberal. Era uma pessoa muito prática e que não tinha complexos em fazer aquilo que ele achasse que devia fazer pessoalmente. Não precisava que alguém lhe servisse um chá. Não era um indivíduo que adorava o poder como tal. Quem não soubesse que ele era o director da AIM naquela altura podia nunca imaginar porque comportava-se como qualquer um de nós. Era tão igual a nós e fazia tanto quanto nós. Cardoso escrevia muito. Não era de mandar. Era muito exigente tanto é que muitas vezes quando foi ao mediaFAX era normal aparecer um texto, em que ele assinava e depois punha: recolha de material é do fulano de tal. Ele nunca se assumiu como director no sentido clássico. De chegar e dar ordens. Ele distribuía as actividades pelos colegas e ele também ficava com alguma coisa por fazer, jornalisticamente falando. Cardoso delegou muitas vezes as funções de direcção da instituição e quem estava mais empenhado nisso era o Fernando Lima. Esse é que tinha algum apetite nessa matéria e depois aos administrativos. Cardoso não era dado a isso. Ele era mesmo o director editorial. Uma das coisas que fazia era regularmente para escalpelizamos aquilo que havíamos feito e projectar outras coisas que deviam ser feitas daí em diante. Era um director de dar balizas e iluminar os menos experimentados. Muitos de nós aprendemos com ele o fervor jornalístico. Portanto, era uma espécie de director professor”.
Que recordações têm no fundo do baú do período em que conviveu com CC na AIM?
“Cardoso era um indivíduo extremamente humano. Ele cuidava dos seus colegas. Não era um indivíduo que tivesse um mínimo de egoísmo. A ambição de Cardoso era de ter as coisas a andar para que todos pudessem contribuir para o bem de Moçambique. Nunca foi um indivíduo que pautou pela acumulação individual. Se se fala de alguém que é pela maioria ou por todos, Cardoso é um deles. Como eu dizia, era um indivíduo que não se preocupava com o dirigismo. Não era um director a quem não devíamos pensar duas a três vezes para ligar ou procurar. Estava sempre disponível a qualquer hora do dia e da noite. Em 1988, tive uma doença repentina que quase me matava porque foi dar ao hospital de um dia para o outro, embora eu estivesse a sentir-me mal há uma semana ou mais. Quando já se tinha decidido que eu já não tinha cura, Cardoso não acreditou que aquilo pudesse ser verdade. Ele fez de tudo para que me levassem à África do Sul e acontece que eu tinha um passaporte que estava escrito a minha profissão (jornalista), isto no tempo do apartheid. Para um jornalista estrageiro entrar na África do Sul era quase impossível e Cardoso tentou mandar fazer um outro passaporte em que não constasse a minha posição e, naturalmente, que explicou a situação às pessoas da migração. Só que, nesse intervalo, chega à Moçambique um médico americano que por sinal era um indivíduo que tinha uma relação comigo porque eu o havia entrevistado quando era trabalhador do Hospital Central de Maputo e veio por acaso. Uma das coisas que fez foi ligar para minha casa só que, na altura, as pessoas da minha família disseram a ele que não estava em casa porque estava muito doente e no leito hospitalar. E ele ficou preocupado. Sabendo que Cardoso era o meu director, o médico ligou-lhe e ele disse-lhe que estava a tentar levar-me à África do Sul. Era meia-noite, quando o médico lhe ligou. Cardoso saiu a pé de onde vivia (na zona do Ministério da Educação) e foi ter com o médico e dali seguiram para o hospital e apanharam-me lá. Aquele médico, na mesma noite, me operou. Portanto, estou aqui a falar porque Cardoso foi proactivo em ir ter com aquele médico. Quando chegasse o fim do ano, Cardoso fazia questão de apoiar a toda a gente a partir do servente até ele próprio e o valor que se distribuía era igual para todos. Ele fez isso na Mediacoop como fazia isso quando fundou o Metical. Era um indivíduo muito justo. Muito humano. Não era perfeito. Se ele morreu é porque acreditava que o jornalismo era um instrumento de mudança. Que podia levar uma sociedade a melhorar através da exposição do mal. Do que não estivesse bem. Expor isso, incluindo coisas que lhe pudessem colocar em risco de vida”.
“Ele entrou em conflito com alguns dirigentes desse país. Ele dizia coisas que para essas pessoas eram indizíveis. Não vou falar de nomes porque ele não está vivo. E essas pessoas poderão vir, a público, dizer que eu estou a mentir. Mas, poderia mencionar alguns? Foi público o episódio com Jorge Rebelo que acho que foi no segundo ou terceiro seminário da informação. Foi um dos seminários extremamente violentos, em termos de linguagem. Cardoso confrontou-se verbalmente com Jorge Rebelo. Jorge Rebelo achava que Cardoso estivesse a ser extremista pela linguagem. Pela forma como abordava as questões. Ele já falava de o país estar a resvalar para um nível de corrupção intolerável. Outra coisa que levou Cardoso a confrontar-se (verbalmente) com Jorge Rebelo é porque ele achava que devíamos ter mais liberdade de imprensa mais do já tínhamos nessa altura e o Rebelo era contrário a isso. Rebelo defendeu a crítica e a autocrítica dentro das instituições e não na imprensa. E o Cardoso disse assim: isso que o senhor quer não é correcto e nem vai ser assim. Este país tem de ter uma liberdade de imprensa tão genuína quanto é nos Estados Unidos nos outros países. Aqui neste país vamos ler publicações de que o senhor nunca imagina. Vamos ter daqui como também serão importadas. Isso está a acontecer. Nesse dia houve uma discussão tal. Houve uma troca de palavras que se fossem tiros não sabia que morria primeiro ali (entre Cardoso e Rebelo). Até que algumas pessoas ali presentes se aperceberam que a discussão estava a entrar numa situação quase de falta de respeito ou que podia ir aos socos. Se fosse algo que produzisse fogo, poderia ter saído porque foi muito forte”.
“Cardoso foi cobrir a guerra em Angola MPLA, UNITA e os sul-africanos. Ele foi cobrir quase que in loco. Ele mandava os artigos, eu muitas vezes estava na redacção. Às vezes, eu tinha que fazer alguma edição porque eu, na altura, já era editor do nacional. Não que eu pudesse alterar nada do que fosse, mas pelo menos ver aquilo que chamávamos de gralhas e corrigir aquilo antes de ir à publicação. Eu me apercebia que os artigos que ele escrevia eram uma revelação dos segredos de guerra. Revelação da estratégia de guerra dos angolanos em relação aos sul-africanos. Eu ligo ao Cardoso e digo que estas suas notícias para mim, que estudei assuntos militares (eu fui militar), parece que estás a ir muito longe porque estás a revelar que no dia X vai chegar equipamento militar, que há uma ponte área que vem de Moscovo. Coisas de detalhe que cabiam a um Serviço de Segurança. Mas, Cardoso não aceitou que eu alterasse aquilo e isso arranjou-lhe problemas com o Governo angolano aqui. O Presidente José Eduardo dos Santos queixou-se”.
Houve quem lhe apontasse o dedo devido à frontalidade que lhe era característica?
“Talvez não possamos esticar o problema para todo o Governo como tal. Aconteceu, sim, que certas pessoas, que estivessem no Governo, na altura, não gostassem e isso é normal. Mesmo eu, que dizem que sou jornalista do regime, há quem não gosta dos meus artigos. É como uma refeição que se prepara aqui e é servida na mesa. Há-de haver quem não vai gostar e outros vão adorar. É verdade que a forma como Cardoso tratava as coisas, com aquela frontalidade, abrangência e irreverência, naturalmente que lhe criava muitos inimigos”.
Há quem diga que Cardoso foi combatido quando estava na AIM?
“Não. Cardoso demitiu-se. Depois da confrontação que lhe falei aqui (Jorge Rebelo), ele demitiu-se. Ficou em casa. Eu fui visitá-lo várias vezes. É verdade que poderia ser pela pressão que poderia sofrer. Que eu não me tivesse apercebido. Mas não. Cardoso tomou a liberdade de demitir-se porque achava que não havia condições para fazer o jornalismo que ele queria. Um jornalismo livre. Nessa confrontação que lhe falei, o discurso de Cardoso era coerentemente correcto e muitos de nós, para citar uma expressão de Castigo Langa, aplaudíamos com os pés só para que não fossemos vistos que estávamos a aplaudir. Mas o mesmo discurso foi feito por Leite Vasconcelos do princípio ao fim e Rebelo não o interrompeu. Porquê? Porque ele pôs alguns óleos. Já Cardoso chamou as coisas com os seus próprios nomes”.
Como é que recebe a notícia da morte de Cardoso e como é que a encarou?
“Sabes que isso é humano e nem todas as mortes nos atingem com a mesma intensidade. Nós em jornalismo dissemos que as notícias nos têm o impacto que tem em função da afinidade que temos com a pessoa visada. Portanto, sendo a pessoa de Cardoso que eu conheci e com quem trabalhei e que, como eu disse, contribuiu para me salvar da morte porque aquele médico não sabia onde estava internado e não podia entrar naquele hospital apesar de ter trabalhado ali. Sendo Cardoso quem facilitou tudo e se estou vivo ele contribuiu muito para que esteja aqui hoje a falar, é uma pessoa que me diz muito e muito mais pelo facto de que aquilo porque ele se batia é aquilo que eu também quero. Que este país seja um local onde as coisas são feitas como elas são. Sem roubo, sem desvio, sem corrupção, sem estes esquemas todos. Cardoso queria isso e queiras acreditar ou não, sou isso. Se eu tivesse roubado todos esses milhões que dizem eu estaria rico. Quando recebi a notícia chocou-me bastante e não daquelas pessoas que dizem da boca para fora, chocou-me bastante. Fiquei uns momentos e perdi a respiração. Como disse, recebi a notícia através de um primo e até nalgum momento pensei que fosse uma outra pessoa”.
“Morreu já há 20 anos, mas continua presente. Há sempre uma coisa que me lembra a ele. Foi um bom colega. Foi um bom director e foi justo connosco. Ajudou-nos a crescer profissionalmente. Foi um professor de Jornalismo, acima de tudo, e de outras coisas da vida. Porque ele falava um pouco de tudo. Era extremamente culto. Cardoso até quando fazia necessidades maiores lia”. (Ilódio Bata)
É enorme, para não chamar por outro nome, a falta de consideração e sensibilidade que as autoridades portuguesas, a todos os níveis, demonstram para com os moçambicanos, principalmente, quando diz respeito a viagens para aquele país. As humilhações, longos dias de espera, senão meses, a que estão sujeitos os moçambicanos, a espera do almejado visto, incluindo doentes ou candidatos a estudos, devem levar-nos a (re)pensar que tipo de cooperação Portugal pretende com Moçambique e vice-versa!
No momento que elaboramos este artigo, consta-nos que dezenas de estudantes que concorreram para estudar no Regime Especial em Portugal, já com colocação nas universidades públicas daquele país, ainda se encontram em Maputo a espera da autorização para seguir. Note-se, desde o passado mês de Outubro! Pasme-se! Algumas universidades já realizaram os primeiros testes, a interrupção para as férias das festas é já no próximo dia 17 de Dezembro, e os estudantes ainda estão em Moçambique! Será que de facto Portugal oferece estas vagas para serem preenchidas ou trata-se de um simples marketing político? Marketing sim, porque não encontramos estudantes colocados em Universidades de outros países que ficam semanas a espera do visto. A experiência alemã, francesa, britânica, americana, australiana (que forma muitos moçambicanos), chinesa, dos EUA, Argélia, Índia, entre outros países, a ida de estudantes tem sido uma prioridade das suas representações.
O que é que Portugal pretende? Mais do que isso, porque é que o Governo de Moçambique não intervém neste assunto se a documentação é tratada via Instituto de Bolsas de Moçambique, seguindo para o nosso Consulado em Lisboa e, posteriormente, as colocações feitas pela Direcção Geral do Ensino Superior de Portugal? Porque temos de continuar a ser tratados desta maneira? Quando teremos um Governo/Estado que possa defender os seus cidadãos e responder pela mesma medida?
Em relação a este problema de Regime Especial, as nossas fontes indicam que um total de mais de 200 vagas concedidas em 2019, apenas 54 foram preenchidas devido aos mesmos motivos! Pertencemos, mesmo, a uma Comunidade de Língua Portuguesa? Essa Comunidade apenas é válida quando estão em jogo os interesses de Portugal?
O Governo de Moçambique deve (re)pensar, seriamente, sobre este assunto! Portugal não pode continuar a brincar connosco! Há pais que já pagaram rendas de casa, propinas e outros custos e os filhos ainda estão em Maputo. O Covid 19, teletrabalho nos Serviços de Estrangeiro e Fronteiras (SEF) não serve de desculpa para este tratamento abaixo de cachorro!
Onde anda a reciprocidade nas Relações Internacionais? Reciprocidade sim porque para um Moçambicano conseguir o visto de Portugal leva semanas e, um Português quando viaja para o nosso país o obtém no mesmo dia! Até oferecemos visto de fronteira que nem se pode pensar para quem pretende viajar para aquele país! Se o Consulado de Moçambique se “atreve” a recusar a emissão de um visto a um cidadão português, são chamadas e ameaças de Maputo para Lisboa que não têm fim! Que favor estamos a pagar? Que favor estamos a pedir? Portugal deve respeitar Moçambique e Moçambique deve fazer-se respeitar! Não se pode ficar indiferente a uma situação desta natureza. Portugal deve explicações a estas crianças, que amanhã vão contribuir para o nosso desenvolvimento, deve explicações aos pais e deve explicações ao Governo de Moçambique. Chega, se aquele país continua com este comportamento já é altura do Governo de Moçambique declinar uma esmola envenenada.
Paremos com este MARKETING. Não é saudável e não nos faz bem!
*Leitor devidamente identificado
Na terça feira, dia 11 de Novembro, minha mãe sentiu-se mal pela madrugada. Levei-a ao Hospital Central de Maputo e chegados lá deparei-me com uma situação deveras desagradável.
Não sei se foi pela hora ou se foi mais uma reflexão do que se vive naquela instituição, mas a verdade é que o atendimento estava péssimo. Fui às pressas ao banco de socorro e solicitei a um dos enfermeiros uma maca para transportar a minha progenitora do carro ao interior do hospital. Qualquer um conseguia perceber a grande aflição em que me encontrava. A minha mãe não conseguia andar, só gemia de dor. Naquele momento só desejava que ela fosse levada para dentro do hospital para receber os cuidados de que necessitava. Entretanto, pelo tempo que passou até a maca chegar, parecia que estavam a construir uma. 30 minutos foi o tempo que transcorreu até que o enfermeiro levasse a maca até nós, e se levou, foi pela tamanha insistência da minha parte.
Enfim, conseguimos levar a doente a uma sala para observada pelos profissionais de saúde. Nessa sala, estavam várias mulheres doentes e inabilitadas, e foi ali onde vi realmente o péssimo atendimento dos funcionários do hospital. Prestes a sair da sala, uma vez que não era permitido acompanhantes, vi diante dos meus olhos uma senhora de idade que aparentava ter os seus cinquenta e poucos anos cair da maca na qual estava deitada. Ver aquilo foi um choque e tanto, tive a sensação de que o meu mundo tivesse parado por alguns instantes. Naturalmente, como qualquer ser humano com sentimentos, fui lá ajudar a pobre mulher a se levantar para ficar na cadeira de rodas. No afã, deixei de lado as medidas de prevenção contra a covid-19, apenas queria ajudar a senhora a se levantar. Surpreendentemente, a enfermeira que estava na sala manteve-se quase inflexível diante da situação. Nem ao meu pior inimigo desejaria que passasse por situação semelhante.
Sou um jovem de 26 anos de idade cursando Ciências da Comunicação, mas perante aquela situação, vários pensamentos passaram pela minha mente, e um deles foi o de me tornar médico para ajudar a minha mãe, a pobre senhora caída e a todas mulheres que estavam naquela sala precisando de assistência médica. Será que Vossa Excelência, Armindo Tiago tem conhecimento do que acontece nos hospitais?
*Leitor devidamente identificado
O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, denunciou, na última sexta-feira, a tentativa de recrutamento de jovens nos distritos de Nacala e Moma, na província de Nampula, para engrossarem as fileiras dos terroristas, na província de Cabo Delgado. A denúncia foi feita durante o encerramento do curso de sargentos, na Escola de Sargento das Forças Armadas General Alberto Joaquim Chipande, no distrito de Boane, província de Maputo.
Sem dar detalhes em relação ao caso, Filipe Nyusi apenas exigiu, das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), um trabalho no sentido de “desencorajar estas atitudes”. Aliás, na óptica do Chefe de Estado, Moçambique está sendo vítima de “inveja”, pelo que está sendo “agredido”. (Omardine Omar)
A revista de bordo da companhia nacional Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), Índico, é a vencedora do prémio de “Melhor Revista de Bordo da Região de África”, edição 2020, cujos resultados foram divulgados esta segunda-feira (09), pela World Travel Awards (WTA).
A distinção resulta da obtenção do maior número de votos dos leitores, maioritariamente passageiros, clientes, profissionais e especialistas dos sectores de aviação e turismo.
A propósito da conquista do prémio, o Director-Geral da LAM, João Jorge, expressa, em comunicado de imprensa recebido na nossa Redacção, satisfação pelo feito e gratidão a todos os apreciadores da revista e utentes dos serviços da companhia.
“Um feito desta natureza mostra o quão é vital a estabilidade que os accionistas conferem à companhia, sendo esse factor a força motriz para os profissionais darem de si o melhor que podem à empresa. A todos, incluindo os parceiros do mercado e outras partes interessadas, particularmente o público que tanto tem feito pela LAM, expressamos a nossa imensa gratidão”, diz Jorge citado pela nota.
A Índico foi criada em 1988 e é a mais antiga revista temática de Moçambique. Com a pertinência de se manter actual, assim como acompanhar as tendências e dinâmicas da indústria de aviação civil, incluindo a necessidade de se destacar nos factores de diferenciação, aposta em projectos editoriais inovadores, estando, actualmente, na quarta série, produzida pela EXECUTIVE Moçambique.
Em comunicado, a LAM lembra que, no ano passado, a revista tinha sido seleccionada pela WTA para estar na lista das melhores revistas de bordo do continente africano. No território nacional, a revista já foi distinguida como “Melhor Parceiro de Turismo”, numa iniciativa da Associação de Agentes de Viagens e Operadores Turísticos de Moçambique (AVITUM), em 2013. (Carta)
O Director-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, nomeou, recentemente, com a concordância do Governo da República do Quênia, a moçambicana Carla Elisa Luís Mucavi, para Representante da daquela Organização no Quênia, a partir de primeiro de Novembro corrente.
Um comunicado do Gabinete de Dongyu lembra que Mucavi possui um Mestrado em Cooperação e Planeamento do Desenvolvimento pela Universidade Sapienza, em Itália, e uma Licenciatura em Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Superiores em Relações Internacionais de Moçambique.
Ela ingressou na FAO, em 2015, como Directora do Escritório de Ligação da FAO com as Nações Unidas (LON) em Nova York, Estados Unidos.
Antes de ingressar na FAO, em 2015, foi Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária de Moçambique na Itália, Grécia e Malta, e Representante Permanente na FAO, PMA e FIDA, em Roma, Itália. Em 2013, ela presidiu o Grupo Regional Africano dos Representantes Permanentes em Roma.
A nova Representante da FAO no Quênia iniciou a sua carreira em 1989 como Terceira Secretária da Divisão de Organizações e Conferências Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação em Moçambique. Desde então, ela ocupou cargos de responsabilidade crescente, como Primeira Secretária na Embaixada de Moçambique em Adis Abeba, Etiópia; Chefe de Gabinete do Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação em Moçambique; Conselheira na Embaixada de Moçambique na Itália, Roma; Ministro Conselheiro responsável pelos países nórdicos na Divisão para a Europa e América do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Maputo; e Vice-Director do Protocolo de Estado da Presidência da República de Moçambique. Mucavi sucede Gabriel Rugalema como Representante da FAO no Quênia. (Carta)