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sexta-feira, 20 novembro 2020 07:38

Carta do Leitor*: Como é que o Governo de Moçambique permite que Portugal Continue a Desconsiderar os Moçambicanos

É enorme, para não chamar por outro nome, a falta de consideração e sensibilidade que as autoridades portuguesas, a todos os níveis, demonstram para com os moçambicanos, principalmente, quando diz respeito a viagens para aquele país. As humilhações, longos dias de espera, senão meses, a que estão sujeitos os moçambicanos, a espera do almejado visto, incluindo doentes ou candidatos a estudos, devem levar-nos a (re)pensar que tipo de cooperação Portugal pretende com Moçambique e vice-versa!

 

No momento que elaboramos este artigo, consta-nos que dezenas de estudantes que concorreram para estudar no Regime Especial em Portugal, já com colocação nas universidades públicas daquele país, ainda se encontram em Maputo a espera da autorização para seguir. Note-se, desde o passado mês de Outubro! Pasme-se! Algumas universidades já realizaram os primeiros testes, a interrupção para as férias das festas é já no próximo dia 17 de Dezembro, e os estudantes ainda estão em Moçambique! Será que de facto Portugal oferece estas vagas para serem preenchidas ou trata-se de um simples marketing político? Marketing sim, porque não encontramos estudantes colocados em Universidades de outros países que ficam semanas a espera do visto. A experiência alemã, francesa, britânica, americana, australiana (que forma muitos moçambicanos), chinesa, dos EUA, Argélia, Índia, entre outros países, a ida de estudantes tem sido uma prioridade das suas representações.

 

O que é que Portugal pretende? Mais do que isso, porque é que o Governo de Moçambique não intervém neste assunto se a documentação é tratada via Instituto de Bolsas de Moçambique, seguindo para o nosso Consulado em Lisboa e, posteriormente, as colocações feitas pela Direcção Geral do Ensino Superior de Portugal? Porque temos de continuar a ser tratados desta maneira? Quando teremos um Governo/Estado que possa defender os seus cidadãos e responder pela mesma medida?

 

Em relação a este problema de Regime Especial, as nossas fontes indicam que um total de mais de 200 vagas concedidas em 2019, apenas 54 foram preenchidas devido aos mesmos motivos! Pertencemos, mesmo, a uma Comunidade de Língua Portuguesa? Essa Comunidade apenas é válida quando estão em jogo os interesses de Portugal?

 

O Governo de Moçambique deve (re)pensar, seriamente, sobre este assunto! Portugal não pode continuar a brincar connosco! Há pais que já pagaram rendas de casa, propinas e outros custos e os filhos ainda estão em Maputo. O Covid 19, teletrabalho nos Serviços de Estrangeiro e Fronteiras (SEF) não serve de desculpa para este tratamento abaixo de cachorro!

 

Onde anda a reciprocidade nas Relações Internacionais? Reciprocidade sim porque para um Moçambicano conseguir o visto de Portugal leva semanas e, um Português quando viaja para o nosso país o obtém no mesmo dia! Até oferecemos visto de fronteira que nem se pode pensar para quem pretende viajar para aquele país! Se o Consulado de Moçambique se “atreve” a recusar a emissão de um visto a um cidadão português, são chamadas e ameaças de Maputo para Lisboa que não têm fim! Que favor estamos a pagar? Que favor estamos a pedir? Portugal deve respeitar Moçambique e Moçambique deve fazer-se respeitar! Não se pode ficar indiferente a uma situação desta natureza. Portugal deve explicações a estas crianças, que amanhã vão contribuir para o nosso desenvolvimento, deve explicações aos pais e deve explicações ao Governo de Moçambique. Chega, se aquele país continua com este comportamento já é altura do Governo de Moçambique declinar uma esmola envenenada.

 

Paremos com este MARKETING. Não é saudável e não nos faz bem!

 

*Leitor devidamente identificado

Sir Motors

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