Mais uma vez, na tarde domingo, em plena época festiva, a rede de pagamentos eletrónicos SIMO voltou a falhar. Não se tratou de um “bug” nem de deficiências nas comunicações (na semana passada, a rede falhara novamente e o problema foi atribuído a cortes na fibra óptica dos fornecedores de transporte de dados).
Ontem, a coisa foi mais ruim. Relatos de filas enormes nas caixas da restauração foram frequentes. Foi um dia de dissabores para muitos utentes. ATMs, POSs e até em bombas de combustível estava tudo apagado. Apenas a rede do BIM funcionava.
“Carta” ouviu 3 especialistas familiarizados com a rede do SIMO (herdada da Interbancos, ou seja, o sistema da Bizfirst, com quem o Banco de Moçambique cortou relações em Dezembro de 2018).
Todos foram unânimes em apontar para deficiências de gestão da sua componente técnica (a outra é a componente da administração). Essa componente técnica tem 3 grandes áreas fundamentais para que o sistema não emperre: “Servidores e Sistemas Operativos onde a aplicação está instalada; a Aplicação propriamente dita e as Comunicações”.
As 3 componentes requerem “muita atenção” para que o Sistema no seu todo se mantenha sempre a funcionar, explicou uma das fontes. E, para isso, é necessário fazer-se “muita monitorização por forma a sermos capazes de antecipar os problemas”.
Quando o sistema vai abaixo, isso não acontece de repente, diz outra fonte. Antes de uma queda, como a de ontem, já teria ocorrido uma quantidade de eventos que indicavam que a probabilidade do sistema parar era grande. “É esta monitorização que, bem feita, previne que um sistema pare. E isto não está a acontecer”, sentenciam os especialistas.
“Carta” apurou que, aquando da venda da Interbancos à SIMO (os Bancos foram obrigados a fazer essa venda) de repente as equipas duplicaram e de passou a haver: Duas equipas técnicas (Interbancos e SIMO); Duas equipas de Gestão (Interbancos e SIMO).
A diferença é que na Interbancos havia uma experiência adquirida desde 2000 (data da sua constituição) e na SIMO não havia nada. Recorde-se que a SIMO andava já há mais de 8 anos a tentar montar um sistema (com a SIBS) e nunca conseguiu.
“Quando a compra da Interbancos foi consumada, o que prevaleceu foi a SIMO; tudo o que era Interbancos foi desfeito e essa é a verdadeira razão pela qual a BizFirst foi substituída pela Euronet”, explicaram-nos. E a alternativa encontrada, a Euronet, ainda não foi instalada, apesar da propaganda do Banco de Moçambique, que chegou a dizer que montava o novo sistema em 8 meses...e já passaram dois anos. E, entretanto, os principais técnicos da Interbancos foram aos poucos empurrados para a rua e hoje é o que se vê...
Em suma, a incompetência tomou conta da rede de pagamentos electrónicos em Moçambique. (Marcelo Mosse)
O número de óbitos devido à infecção pelo novo Coronavírus no país subiu para 161, esta quarta-feira, com o anúncio de mais duas mortes na cidade de Maputo.
De acordo com o Ministério da Saúde (MISAU), em comunicado de imprensa de actualização de casos da Covid-19, os dois óbitos são pacientes do sexo masculino, de 38 e 40 anos de idade, ambos de nacionalidade moçambicana e que evoluíram para óbito após o agravamento do seu estado de saúde durante o período de internamento em unidades hospitalares da cidade de Maputo. Os dois (2) óbitos foram declarados no dia 26 e 27 do mês corrente.
Por outro lado, nas últimas 24 horas, foram registados mais 103 casos positivos para Covid-19, subindo o total para um cumulativo de 18.265 casos positivos registados, dos quais 17.952 casos são de transmissão local e 313 casos são importados. Os casos novos encontram-se na cidade de Maputo (47), Inhambane (19), Nampula (16), Zambézia (10), Cabo Delgado (quatro), Gaza (três), Manica (dois), Maputo provincial (um) e Sofala (um).
Sobre os internados, o MISAU refere que, nas últimas 24 horas, houve registo de oito novos internamentos e sete altas hospitalares, todas na cidade de Maputo. Actualmente, 41 estão nos Centros de Internamento de Covid-19 e em outras Unidades Hospitalares, destes, 90.2% encontram-se na cidade de Maputo.
Moçambique registou ainda mais 10 casos totalmente recuperados da Covid-19, todos na província de Tete e indivíduos de nacionalidade moçambicana. Assim, o país conta com 16.119 totalmente recuperados da doença e 1.981 casos activos. (Marta Afonso)
O antigo deputado e delegado provincial da RENAMO em Manica, Sofrimento Matequenha, raptado no dia 13 deste Dezembro, foi encontrado morto numa mata do interior daquela província do Centro de Moçambique.
A informação foi revelada por familiares naquela região de Moçambique.
O corpo do político foi descoberto por camponeses, abandonado, com sinais de tortura, e coberto de ramos de árvores numa mata de Pindanganga, uma aldeia do interior de Gondola (Manica), a cerca de 60 quilómetros ao Nordeste do local do seu sequestro, segundo um dos filhos da vítima.
“Após o rapto iniciámos com as buscas e recebemos informações de alguns camponeses, no sábado, dando conta de que tinha sido encontrado, na quinta-feira, um corpo abandonado, com os pés inchados e sinais de tortura, e cujas características físicas e o vestuário apontavam para o meu pai”, explicou o filho do político Almirante Matequenha.
Outra filha do antigo deputado foi depois enviada para o local com a fotografia do político, para confrontar as informações, tendo comprovado que era o corpo do antigo deputado, segundo Almirante Matequenha.
“Quando os camponeses encontraram o corpo [de Sofrimento Matequenha] procuraram por familiares e, por não encontrarem, enterraram o corpo num cemitério tradicional”, acrescentou Almirante Matequenha, adiantando que a família luta agora para reaver o corpo e realizar um funeral condigno.
Lurdes Inácio, a esposa do político Sofrimento Matequenha, disse que não esperava ver “uma pessoa que serviu o país sofrer tortura e ser enterrada de forma desumana”, sem a presença de familiares.
A zona onde foi encontrado o corpo de Sofrimento Matequenha continua com uma forte presença das Forças de Defesa e Segurança e a família tem receios em se deslocar para o local sem uma escolta policial.
Sofrimento Matequenha, antigo deputado e delegado provincial da RENAMO, principal força de oposição, foi raptado da sua residência no início da noite de 13 de Dezembro, de acordo com a denúncia feita pela família.
Um grupo armado, equipado com farda policial, invadiu a casa do político no bairro Nhamaonha, subúrbio de Chimoio, capital provincial de Manica, e levou-o numa viatura preta, com vidros fumados, relatou a esposa do político, na altura.
A Polícia da República de Moçambique remeteu um pronunciamento para segunda-feira.(Redactor)
É lançado, esta terça-feira, dia 22 de Dezembro, em Maputo, o livro “Planisfério Moçambicano – Atlas Literário”, de Nelson Saúte, sob a chancela da editora Marimbique, volume que reúne textos sobre escritores, pintores, cantores, fotógrafos, actores e outras personagens da vida cultural moçambicana e africana, redigidos originalmente para o jornal “O País” entre 2017 e 2018.
Autores como Noémia de Sousa, José Craveirinha, Marcelino dos Santos, Rui Nogar, Rui Knopfli, Albino Magaia, Leite de Vasconcelos, Aníbal Aleluia, o pintor Malangatana, fotógrafos Ricardo Rangel ou Kok Nam, cantores como Zena Bacar, João Cabaço, Joaquim Macuacua, Pedro Langa ou Zeca Alage, ou ainda figuras como Nelson Mandela ou Kofi Annan, atravessam as páginas deste livro.
Num breve texto apresentação deste “Planisfério Moçambicano”, escreve-se sobre a obra: “É, sobretudo, uma celebração de Moçambique, dos seus autores, dos seus músicos, dos seus pintores, dos seus fotógrafos, da sua memória e da sua cultura, da sua inteligência e inquietude. Por outras palavras, um planisfério moçambicano: o país visto sob o ponto de vista cultural.”
Nelson Saúte nasceu em Maputo, Moçambique. É formado em Ciências de Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e é mestre em Sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Foi jornalista na imprensa, na rádio e televisão e foi docente universitário. Foi colunista e publicou textos literários nos seguintes periódicos em Moçambique: Notícias, Domingo, Tempo, Diário de Moçambique, Mediafax, Zambeze e O País. Em Portugal integrou as redacções do JL (Jornal de Letras, Artes e Ideias) e do Público e colaborou na rádio TSF. Manteve um programa sobre livros na TVM e foi comentador político na Rádio Moçambique, onde se iniciou, nos anos 80, como actor, no programa “Cena Aberta”. Foi administrador executivo dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM). Editou, ao longo de seis anos, a revista de bordo Índico da LAM. Fundou e é curador do Museu dos CFM. É editor da Marimbique. Publicou volumes de poesia, de ficção e de entrevistas, compilou e organizou antologias de poesia e de contos. Seus livros estão publicados em Moçambique, Portugal, Brasil, Itália e Cabo Verde.
Devido às medidas de prevenção da Covid-19 e às limitações que se impõem, o lançamento será num evento restrito. Contudo, o livro estará disponível nas livrarias e em vendas online.
A Mozambique Community Network (MCNet), entidade responsável pela implementação da Janela Única Electrónica (JUE), entregou, na terça-feira, 15 de Dezembro, na cidade de Maputo, um laboratório de informática à Universidade Eduardo Mondlane (UEM), mobilada e equipada com um total de 25 computadores.
O laboratório, que beneficiou de obras de remodelação, conta, igualmente, com um servidor, sistema antivírus, e um circuito interno de câmeras (CCTV). Resultado da parceria existente entre as duas instituições, o mesmo vai acolher estudantes de diversos cursos ministrados pela UEM.
A cerimónia de entrega contou com a presença do presidente do Conselho de Administração (PCA) da MCNet, Rogério Samo Gudo, e do reitor da UEM, Orlando Quilambo.
Na ocasião, Rogério Samo Gudo realçou a importância do laboratório na formação dos estudantes, numa altura em que o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) deixou de ser uma opção, passando a ser uma exigência incontornável para a sustentabilidade das organizações.
Por isso, “a MCNet tem uma responsabilidade acrescida, tendo em conta que a sua missão é de facilitar os processos de negócios que requerem ferramentas tecnológicas que respondam às exigências do mercado”.
Por seu turno, Orlando Quilambo, reitor da UEM, referiu que a entrada em funcionamento daquele laboratório responde a uma das maiores aspirações da instituição que dirige, “no que diz respeito à garantia da disponibilidade e enriquecimento da ciência”.
Comemorou-se, semana finda, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas, em 1948, com objectivo de homenagear o empenho e dedicação de todos os cidadãos defensores dos direitos humanos e colocar um ponto final a todos os tipos de discriminação, promovendo a igualdade entre todos os cidadãos.
Em Moçambique, a data passou “despercebida”, mas a Nova Democracia (ND), a mais nova formação política nacional, não ficou alheia à efeméride. Numa nota de imprensa, distribuída à comunicação social, a formação política defendeu que Moçambique é “um país violador de Direitos Humanos por tendência”, apontando, como exemplos, a corrupção, as desigualdades sociais, as prisões arbitrárias e a intimidação e perseguição a jornalistas e activistas sociais.
“Institucionaliza-se, em Moçambique, o abuso do poder, a cultura de raptos políticos e económicos, intimidações, perseguições e fuzilamentos a civis. Tais marcas indeléveis fazem de Moçambique um Estado demissionário, um país violador dos Direitos Humanos por tendência”, defende aquela formação política, acrescentando que o país se caracteriza como um exemplo avançado de um “Estado débil”.
Por isso, na sua nota recebida na nossa Redacção, a Nova Democracia exige o cumprimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual Moçambique é signatária. Segundo aquele partido político, as recorrentes violações dos Direitos Humanos e das liberdades individuais, que se verificam no país, constituem uma ameaça à paz e ao bem-estar da sociedade.
“Tristemente, em Moçambique temos um cenário de défice estrondoso no cumprimento e aplicação dos diversos instrumentos legais que promovem os Direitos Humanos por parte das autoridades, num contexto de ausência de sinais de interesse na recuperação da Legalidade e da Justiça, prejudicando a grande maioria da população, mormente aqueles que não pertencem ou não gozam do calor do regime do dia”, afirma.
Para a Nova Democracia, o cumprimento dos Direitos Humanos, por parte das autoridades, é um compromisso que todos os cidadãos unidos, mulheres e homens, devem exigir ao Governo que “muitas vezes assobia para o lado e não age nem cumpre com a Carta fundadora das Nações Unidas que aderiu e prometeu cumprir”.
Abordando a situação humanitária que se vive na província de Cabo Delgado, a formação política diz, por exemplo, haver necessidade de os líderes mundiais cumprirem com o plasmado na Carta das Nações Unidas, “solidarizando-se” com os cerca de 600 mil deslocados, cujo futuro ainda continua incerto.
“Não podemos aceitar que esta situação de emergência seja aproveitada e justificada para a violação dos Direitos Humanos, da qual existem indícios de que não são investigados e levados aos Tribunais de justiça, reinando a impunidade”, sublinha a fonte, em referência aos relatos de violação de Direitos Humanos, em Cabo Delgado, por parte das Forças de Defesa e Segurança (FDS). (Carta)