As autoridades responsáveis pela monitoria da actividade ciclónica, ao longo do Oceano Índico, prevêem um período ciclónico normal ao longo do Canal de Moçambique. A informação consta do Relatório das Necessidades de Respostas, apresentado pelo Governo da Província de Cabo Delgado, no último domingo.
De acordo com o Centro Operativo de Emergência, baseando-se nos dados do serviço meteorológico francês, Meteo-France, prevê-se a ocorrência de ciclones na ordem de 40%, porém, estima-se em 70% a probabilidade de formação de oito a 11 sistemas (tempestades tropicas).
Destes sistemas, as autoridades acreditam que entre quatro a sete poderão atingir o estágio de ciclone tropical, no Sudoeste do Oceano Índico (SWIO), podendo ser activo “entre os paralelos 70°E até ao Canal de Moçambique”.
Lembre-se que, o ano passado, o nosso país foi atingido por dois ciclones tropicais, sendo um de categoria quatro (Idai), que afectou a zona centro, com maior destaque para a cidade da Beira, na província de Sofala, e outro também de categoria quatro (Kenneth), que devastou a província de Cabo Delgado, principalmente o distrito de Macomia.
Os dois ciclones provocaram cerca de 650 óbitos, para além de terem desalojado mais de 1.6 milhão de habitantes e destruído diversas infra-estruturas, entre públicas e privadas. (Carta)
Nos últimos dois meses (Novembro e Dezembro de 2019), o Banco de Moçambique (BM) verificou a queda de liquidez no Mercado Interbancário Nacional (MMI), resultante da diminuição em 5.952,0 milhões de Meticais das reservas bancárias em moeda nacional.
Em Relatório da Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação, referente ao mês de Dezembro, o BM reporta que a redução das reservas bancárias foi explicada pelos seguintes factores:
“Transferências electrónicas entre os bancos comerciais em tempo real (MTR) na ordem de 11.721,0 milhões de Meticais; vendas líquidas de divisas aos bancos comerciais pelo BM, no mercado cambial, em cerca de 6.276,0 milhões de Meticais; efeito líquido negativo da emissão e resgate de Bilhetes de Tesouro na ordem de 3.936,0 milhões de Meticais; impacto líquido negativo das operações de reverse repo em cerca de 3.054,0 milhões de Meticais; e perdas dos bancos comerciais na compensação na ordem de 2.711,0 milhões de Meticais”.
No Relatório, o Banco Central diz que a queda verificada nas reservas bancárias foi, porém, refreada por: “Efeito líquido positivo do Sistema de Transferência Electrónicas de Fundos de Estado (STF) na ordem de 21.455,0 milhões de Meticais; Efeito líquido positivo das operações da FPD em cerca de 241,0 milhões de Meticais; e Depósitos líquidos de numerário (DLL) na ordem de 50,0 milhões de Meticais”.
Embora com alguma tendência de queda, o BM assegura que a liquidez no MMI mantém-se em excesso. Já em relação ao saldo das reservas internacionais brutas, o regulador do sistema reportou, no período em análise, um aumento para 3.661 milhões de USD, valor suficiente para cobrir mais de seis meses de importações de bens e serviços, excluindo os grandes projectos. (Evaristo Chilingue)
O Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, diz que a economia da província de Cabo Delgado poderá normalizar-se dentro de 14 dias. Falando na visita que efectuou, semana finda, àquele ponto do país para se inteirar dos estragos das chuvas que causaram danos avultados, o dirigente disse que neste momento as autoridades competentes estão em busca de alternativas para minimizar o sofrimento daquela população.
Na sua intervenção, o Primeiro-ministro referiu ainda que foram avaliadas várias soluções, tendo sido decidido que a mais rápida passa por usar o desvio (de 160 Km) de Montepuez a Guia, para seguir para os distritos do norte. Entretanto, a reabilitação deste troço vai durar cerca de 14 dias, uma vez que neste momento as obras já se encontram avançadas, em cerca de 40 quilómetros.
“Os funcionários da Administração Nacional de Estradas já estão a articular com o empreiteiro e sugerem um prazo de 10 a 14 dias para a reposição da ponte metálica e então deve haver mais rigor em termos de controlo de peso, fiscalização e vamos conjugar esta solução com o uso de alternativas marítimas, sendo que estamos também a mobilizar várias embarcações com apoio dos parceiros para que os combustíveis e outros produtos possam chegar até Mocímboa da Praia e, consequentemente, serem distribuídos para outros distritos do norte”.
Recorde-se que, desde a madrugada do dia 28 de Dezembro de 2019, que o trânsito de veículos e peões se encontra interrompido, devido ao desabamento da ponte sobre o Rio Montepuez, ao longo da Estrada Nacional Nº 380, o que provocou o isolamento de nove distritos do norte da província de Cabo Delgado.
Sobre os apoios recebidos, aquele governante garantiu que houve uma articulação com a empresa Total e que foi possível reforçar com duas embarcações (uma das quais estará disponível, esta semana) que transportarão combustível e alguns outros produtos às populações afectadas.
Entretanto, com a chegada do combustível a Mocímboa da Praia vai ser necessária a reabilitação das bombas da Petromoc, sistemas de papeline de combustíveis, razão pela qual a partir desta terça-feira os funcionários da Petromoc estarão no terreno a ver o que podem fazer para aumentar a capacidade, para que os distritos sejam abastecidos com maiores quantidades de combustível.
Ainda na sua intervenção, o Primeiro-ministro disse que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) também está preparado e vai intervir naquilo que for possível. “Pudemos perceber que há também dificuldades na componente de energia, mas estão a ser feitos todos esforços para que o problema seja resolvido. Entretanto, podemos dizer que a economia da província de Cabo Delgado vai, nos próximos 14 dias, começar a respirar porque neste momento está a estrangular e a população já começa a ressentir”, afirmou o dirigente, garantindo ainda: “é preciso que se faça uma reflexão sobre como o INGC pode ser estruturado para fazer face à frequência dos eventos climáticos, visto que as mudanças climáticas vieram para ficar, as chuvas estão aí e vão continuar a fazer estragos e, infelizmente, o país se encontra num caminho das calamidades devido à sua localização geográfica”.
A concluir, Do Rosário afirmou: “nos próximos dias vamos ter de fazer um investimento em barcos, outros meios para não dependermos totalmente do apoio dos parceiros. Nós como Estado teremos de fazer um esforço para que o INGC possa ter capacidade para fazer o seu trabalho quando ocorrerem as calamidades”. (Marta Afonso)
Agentes económicos de diferentes sectores perspectivam queda de preços nos próximos tempos. A informação encontra-se resumida no indicador de perspectiva dos preços, do boletim “Indicadores de Confiança e de Clima Económico”, elaborado mensalmente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Referente ao mês de Novembro passado, o ICCE demonstra que o indicador de expectativas de preços baixou de 94.6 pontos em Outubro, para 94.3 no mês em análise.
“Contribuíram para a previsão em baixa dos preços futuros no período em análise a redução do indicador nos sectores de comércio, da produção industrial bem como o de alojamento e restauração, num clima de aumento do mesmo indicador nos sectores de construção e dos outros serviços e de estabilização do sector de transportes”, explica o boletim.
O ICCE reporta mensalmente a conjuntura económica de Moçambique. O estudo expressa a opinião dos agentes económicos (gestores das empresas) acerca da evolução e perspectiva da sua actividade, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações de actividade.
O inquérito é respondido por uma média de 690 agentes económicos compreendendo uma amostra de 1270 firmas, desde micro até grandes, localizadas em diferentes zonas do país. (Evaristo Chilingue)
As receitas das exportações podem reduzir ainda mais nos próximos tempos, tendo em conta que até ao III trimestre de 2019, caíram em 8,5% em comparação com o período homólogo de 2018. Em termos nominais, as exportações caíram de 3.5 mil milhões de USD no período em análise, contra 3.8 mil milhões de USD referentes ao mesmo período de 2018.
Dados recentemente publicados pelo Banco de Moçambique (BM) dizem estar na origem da deterioração das receitas a queda das exportações de carvão mineral extraído pela empresa Vale Moçambique.
Informações extraídas do Boletim de Estabilidade Financeira (BEF), de Janeiro a Junho de 2019 e do Relatório da Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação (RCEPI), referente ao mês de Dezembro passado, indicam que a redução de receitas de exportações poderá prevalecer em 2020.
“A provável redução da produção e exportação de carvão em 2020 decorre do facto de um grande operador de mineração de carvão, responsável por mais de 60% da produção total de carvão do país, pretender interromper as suas operações por um trimestre para realizar algumas mudanças, com vista a melhorar a sua produtividade”, anota o BEF do BM.
De acordo com a referida fonte, esta interrupção terá impacto no volume de receitas em moeda estrangeira do país, podendo afectar a taxa de câmbio, materializando, assim, o agravamento do risco de mercado e, por sua vez, a instabilidade financeira, tendo em conta a participação desta empresa nas vendas totais de moeda estrangeira no mercado interbancário.
Como consequência da redução das explorações, o RCEPI demonstra que, até Outubro passado, o Metical registou perdas nominais em relação às moedas dos principais parceiros comerciais, tendo depreciado em 1,69%, face ao Dólar norte-americano, 2,16%, face ao Euro e em 2,80%, em relação ao Rand. “Em termos anuais, o Metical depreciou 4,26% face ao Dólar dos EUA”, sintetiza o documento.
O Banco Central observa em BEF que esta tendência pode, no entanto, ser atenuada pelos elevados níveis esperados de entradas de investimentos em Gás Natural Liquefeito (GNL), a partir de 2020, que, podem, de alguma forma, reduzir as pressões de liquidez em moeda externa nos próximos anos. (Evaristo Chilingue)
Em boletim semestral (Janeiro/Junho de 2019) sobre a Estabilidade Financeira, o Banco de Moçambique (BM) diz que a principal vulnerabilidade no sistema financeiro moçambicano é o elevado nível de endividamento no sector público, conjugado com o baixo crescimento económico.
“O rácio dívida pública/PIB apresenta uma tendência crescente, estando, actualmente, em torno de 100,0%, de acordo com informação do Fundo Monetário Internacional (FMI). A dívida pública é emitida principalmente no mercado interno, por meio de bilhetes de tesouro, obrigações de tesouro e adiantamentos do BM”, lê-se no boletim.
Dados do FMI indicam que a dívida do sector público poderá aumentar em 2019, para 124,5% do PIB. Para 2020, aquela instituição financeira mundial espera que a dívida pública de Moçambique reduza para 119.9% do PIB.
No referido boletim, o Banco Central explica que os altos níveis de endividamento devem-se à revisão em baixa do crescimento económico, num contexto em que, por um lado, o país não se beneficia de fundos de ajuda externa para o apoio directo ao orçamento e, por outro, o Governo concede benefícios fiscais a empresas afectadas pelos ciclones nas zonas centro e norte do país.
“O baixo nível do PIB conjugado e os benefícios fiscais poderão aumentar, ainda mais, os défices e a necessidade de recurso à dívida pública, considerando o baixo nível de arrecadação de receitas. Isto poderá ser induzido pela (…) predisposição do Estado em financiar-se a custos mais elevados, pressionando, deste modo, a capacidade do sector público de honrar o serviço da dívida e absorvendo os recursos do resto da economia”, refere o documento.
Segundo o BM, a deterioração da qualidade da carteira de crédito é outro risco severo que alarma o sistema financeiro nacional.
A qualidade da carteira de crédito das instituições de crédito, medida pelo rácio de crédito em incumprimento, situava-se no período em análise, em torno de 11%, bem acima do máximo de 5% recomendado pelas boas práticas internacionais. De acordo com o boletim do BM, a preferência implícita dos bancos comerciais em investir em títulos de tesouro (obrigações e bilhetes), conferindo-lhes alta rentabilidade e menor risco relativo em comparação aos empréstimos para a economia, contribuiu para o baixo crescimento do crédito para a economia. (Evaristo Chilingue)