Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Crime

terça-feira, 12 maio 2020 03:36

Ataque armado em Sofala faz seis feridos

Eram 7 horas e 30 minutos, desta segunda-feira, quando um grupo de homens armados protagonizou mais um ataque armado na região de Mutindiri, na zona de separação entre as províncias de Sofala e Manica, tendo resultado no ferimento de seis pessoas, que seguiam viagem num autocarro de passageiros.

 

Conforme contam testemunhas, as seis pessoas foram atingidas por estilhaços de vidro do autocarro, depois de ter sido metralhado pelo grupo, que suspeita pertencer à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, que diz não se rever com a liderança de Ossufo Momade, actual Presidente daquele partido da oposição. O autocarro tinha como destino a cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia e partira, este domingo, da cidade de Maputo.

 

Segundo contam, o autocarro tinha pernoitado naquela região, pois, as FDS impedem o trânsito de automóveis depois das 17 horas e 30 minutos, porém, foi ao raiar do sol que o pior aconteceu. Refira-se que os ataques militares na região centro do país já causaram mais de mais de 20 óbitos, desde o seu recrudescimento, em Agosto passado. (Carta)

Até ao passado mês de Abril, o conflito militar que se verifica na província de Cabo de Delgado, desde Outubro de 2017, já tinha dizimado cerca de 1.100 pessoas, segundo consta do relatório sobre o aumento da violência militar, divulgado há dias, pelo Projecto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (cuja sigla em inglês é ACLED), uma Organização Não-Governamental norte-americana. De acordo com a organização, dos óbitos já registados, 700 são civis e os restantes são membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e do grupo terrorista.

 

Segundo a ACLED, uma ONG que se dedica à recolha e análise de dados sobre violência política em diferentes regiões do mundo, só nos primeiros quatro meses de 2020, 285 pessoas morreram, sendo que destas 200 são civis.

 

Em Cabo Delgado, conforme relatam fontes militares presentes no teatro das operações, nos últimos dias, as FDS mudaram a sua abordagem, havendo poucos sucessivos da parte dos terroristas, entretanto, estes atacaram a aldeia Cagembe, no distrito de Quissanga, uma incursão reivindicada pelo Estado Islâmico da África Central (ISCAP), que garante ter assaltado algumas “quantidades” de armas de fogo e mantimentos.

 

“Carta” soube ainda que algumas aldeias tiveram a sua segurança reforçada. São os casos das aldeias de Namau, no distrito de Mueda, terra natal do Presidente da República, Filipe Nyusi. A aldeia localiza-se na zona limítrofe com a sua similar de Diaca, no distrito de Mocímboa da Praia, que já sofreu diversas incursões do grupo.

 

Ainda no âmbito do combate ao terrorismo, o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, entregou, há dias, 80 motorizadas para os membros da 10ª Subunidade de Intervenção Rápida, cujo objectivo é aumentar a capacidade operativa da Polícia no teatro operacional norte, assim como para a reposição da ordem, segurança e tranquilidade públicas no centro e norte de Cabo Delgado.

 

Na ocasião, Rafael disse: “as FDS devem ocupar as posições com objectivo de encontrar os terroristas e flexibilizar a penetração na busca dos mesmos”.

 

Relata-se ainda a suposta destruição de acampamentos dos malfeitores em aldeias recônditas dos distritos de Quissanga, Macomia e Mocímboa da Praia, onde iça-se bandeiras da República de Moçambique. Destaca-se também unidades de controlo e manutenção da ordem nas sedes dos distritos assaltados pelos insurgentes, como forma eliminar o grupo. Soubemos ainda que o país irá receber, nos próximos dias, apoio de alguns parceiros de cooperação, depois de o Conselho Nacional de Defesa e Segurança ter reconhecido estar-se diante de invasão externa com certos elementos nacionais. (Omardine Omar)

É mais um crime hediondo que volta a abalar e agitar a população da província da Zambézia e não só, sete meses depois de ter sido encontrado o corpo de um menor sem algumas partes, numa lixeira no bairro Acordos de Lusaka, na cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia.

 

Dois menores irmãos, um de três anos de idade e outro de sete anos de idade, foram encontrados mortos na quinta-feira, 07 de Maio, junto a uma plantação de chá, na vila-sede do distrito de Gurúè, três dias depois de terem desaparecido estranhamente da sua residência.

 

Em entrevista aos órgãos de comunicação social, o porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), Sidner Londzo, avançou que os menores terão sido raptados e, posteriormente, assassinados, hipótese também aventada pelo médico Óscar Muachane, do Hospital Distrital de Gurúè, que explicou que os menores foram encontrados sem os membros superiores e outras partes do corpo.

 

Entretanto, através de denúncias populares, foram detidos quatro indivíduos indiciados pela prática do crime hediondo. Após a detenção, os indiciados confessaram ter assassinado os menores com objectivo de extrair órgãos humanos para fins comerciais, porque, alegadamente, alguém os terá aliciados. Os supostos assassinos confessos colaboraram com a Polícia e a equipa médica delegada para investigar o macabro assassinato.

 

Segundo os supostos assassinos, pelo trabalho, seriam compensados com a quantia de 12 mil Mts. Entre os supostos assassinos estão o padrasto e o tio dos petizes. “Carta” apurou ainda que um dos detidos é proveniente da província de Nampula e que se deslocou à Zambézia para levar a “encomenda”. (Omardine Omar)

Está cada vez mais perigoso circular com dinheiro nos distritos assolados pelos ataques terroristas, apesar do conhecimento que as autoridades têm da falta de serviços bancários, devido à destruição das agências bancárias por parte dos insurgentes.

 

Conforme contam as fontes, as pessoas que viajam com dinheiro dos distritos assolados pela insurgência para a Cidade de Pemba, em particular comerciantes informais, são detidas ou vêem os seus valores arrancados pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Ao que “Carta” soube, o cenário vive-se, sobretudo, nos Postos criados à entrada das vilas e junto dos dois Postos Policiais criados nas duas margens do rio Montepuez, ao longo da EN380. O exemplo, contaram as fontes ao nosso jornal, é de um funcionário dos Registos Civis e Notariados do distrito de Muidumbe, que só conseguiu prosseguir com a sua viagem porque apresentou guias emitidas pela sua instituição.

 

Situação similar aconteceu com um agente económico do Posto Administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, que terá sido detido na posse de mais de 1 milhão de Mts. As fontes dizem tratar-se de um agente económico conhecido na região e que tem ajudado as FDS com sua viatura para suprir algumas necessidades pontuais. As fontes justificam que o referido agente económico viajava com o referido valor, pelo facto de o banco comercial instalado na vila distrital de Macomia não estar operacional.

 

Para além do aperto à circulação de “dinheiro vivo”, as FDS têm também limitado a circulação de produtos alimentares, sobretudo, no seu embarque na praia de Paquitequete, na cidade de Pemba, onde os “comerciantes” são exigidos a factura dos produtos e a licença da barraca.

 

Fontes contam que, na passada terça-feira, alguns cidadãos e comerciantes informais que carregavam seus bens para um dos barcos que saiu daquele ponto, na madrugada da quarta-feira, para o distrito de Mocímboa da Praia, foram cobrados 200 Mts para a emissão de uma suposta declaração de compra dos produtos, apesar de terem apresentado as facturas de compra.

 

Entretanto, fontes militares asseguram à “Carta” que o aperto à circulação do dinheiro vivo na província visa eliminar os possíveis focos de financiamento ao grupo que, há mais de dois anos, espalha terror e luto nos distritos da zona centro e norte da província de Cabo Delgado. O mesmo acontece com o aperto à aquisição, em massa, de produtos alimentares para aqueles distritos quase desabitados.

 

Refira-se que os comerciantes (sobretudo informais) têm sido conotados como financiadores e/ou correios de financiamento dos insurgentes, assim como responsáveis pela logística alimentar dos insurgentes.

 

Outra situação por que passam os cidadãos residentes naqueles distritos é a falta de documentos. Segundo contam, viajar sem documento de identificação é um motivo para ser acusado de pertencer aos insurgentes.(Carta)

Um autocarro foi atacado, quando eram 7:00 horas da manhã desta terça-feira, na região de Muda-Serração, na província de Manica. No ataque, quatro pessoas ficaram feridas, sendo que uma ficou gravemente ferida.

 

Conforme apurou a “Carta”, o autocarro foi emboscado com rajadas de tiros por homens armados, um acto que durou mais de 10 minutos. O autocarro partiu da capital moçambicana na passada segunda-feira com destino à província de Tete.

 

À imprensa, Abdul José, uma das vítimas, disse que tudo ocorreu depois de terem pernoitado na zona de Mutindir, o ataque ocorreu na zona limítrofe entre Manica e Sofala, em Muda-Serração, uma região pertencente ao Distrito de Gondola, a 20 km de Inchope, um grupo de homens armados saiu da mata e começou a disparar contra o autocarro, tendo atingido um passageiro na perna.

 

Os atacantes deixaram a viatura toda perfurada e os ocupantes atingidos foram todos encaminhados para o Centro de Saúde de Mutindir e espera-se que sejam transferidos para Hospital Provincial de Chimoio.

 

Um detalhe importante é que a região de Muda-Serração se tornou um local de mortos, tendo já ocorrido mais de três ataques no local, desde o recrudescimento dos ataques, em 2019. Salientar que as autoridades policiais ainda não se pronunciaram sobre o sucedido. (Omardine Omar)

quinta-feira, 30 abril 2020 06:28

FDS abortam ataque terrorista em Metuge

Fotos retiradas da página do investigador Nuno Rogeiro

Na última terça-feira, 28 de Abril, enquanto os Ministros do Interior, Amade Miquidade, e da Defesa Nacional, Jaime Neto, anunciavam, em Maputo, o abate de 129 terroristas pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), durante este mês, o grupo, que desde 2017 aterroriza alguns distritos da província de Cabo Delgado, atacava o povoado de Nacoba, no distrito de Metuge, a quase 33 Km da capital provincial, Pemba.

 

O ataque resultou no incêndio do acampamento do Parque Nacional das Quirimbas, 20 palhotas e abate de mais de 15 cabeças de gado, entre bovino e caprino. Segundo as fontes, não houve vítimas humanas, devido à pronta intervenção das FDS e do grupo militar sul-africano Dyke Advisory Group (DAG). As fontes garantiram ainda que a aldeia já se encontrava despovoada, devido às informações que circularam sobre um possível ataque àquele distrito.

 

Segundo as fontes, devido à presença das FDS, a acção terrorista desta terça-feira terminou nas aldeias de Messanja e Ntessa, mas sem nenhuma vítima humana. Fontes militares contaram à “Carta” que o confronto entre os insurgentes e as FDS, apoiadas pelos helicópteros da DAG, iniciou por volta das 15:00 horas. Afirmaram ainda ter havido uma deslocação massiva de viaturas militares para aquele ponto do país, assim como o sobrevoo de helicópteros militares. (O.O. e Carta)

Pág. 17 de 58