O ministro do Interior de Moçambique, Amade Miquidade, disse ontem que as Forças de Defesa e Segurança abateram, em abril, um total de 129 "terroristas" na província de Cabo Delgado, norte do país. "No dia 07 de abril foram abatidos 39 terroristas, numa tentativa de ataque a Muidumbe. Na madrugada de 10 de abril foram abatidos outros 59 como resultado de um ataque que protagonizaram na Ilha das Quirimbas. Na noite de 11 e 12 foram abatidos mais 30 insurgentes que tentavam atacar a Ilha do Ibo em quatro embarcações, disfarçados de pescadores", afirmou Amade Miquidade.
O governante, que falava após o Conselho de Ministros, em Maputo, acrescentou que um outro insurgente foi abatido no dia 13, após as autoridades intercetarem uma embarcação com material bélico e meios de comunicação.
Segundo o ministro, como resultado das incursões das Forças de Defesa e Segurança, os insurgentes retaliaram executando 52 jovens que se recusaram a juntar-se ao grupo, informação que já tinha sido avançada pela polícia moçambicana em 20 de abril.
"A situação em Cabo Delgado neste momento está sob controle: identificámos onde o inimigo se encontra e suas bases, enquanto as Forças de Defesa e Segurança estão estrategicamente preparadas para mais uma ofensiva", acrescentou o ministro do Interior.
Amade Miquidade demarcou-se também das acusações da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, que denunciou alegadas mortes de civis pelas Forças de Defesa e Segurança em 12 de abril em Cabo Delgado.
"As Forças de Defesa condenam os pronunciamentos da Renamo, que está a tentar fazer um aproveitamento político da situação, e não vão tolerar estes atos de subversão", declarou o governante.
Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos de extração de gás natural, vê-se a abraços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já mataram, pelo menos, 500 pessoas nos últimos dois anos e meio.
As autoridade moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada naquela província, 40 mil dos quais deslocados das zonas consideradas de risco, maioritariamente situadas mais para o norte da província, e que estão a receber assistência humanitária na cidade de Pemba, a capital provincial.
No final de março, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região.
Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.(Lusa)
Estão cada vez mais ousadas as acções bárbaras do grupo “terrorista”, que continua a semear luto e dor nos distritos do centro, norte e litoral da província de Cabo Delgado. De acordo com as fontes da “Carta”, baseadas naquela província do norte do país, na última quarta-feira, o grupo interrompeu uma cerimónia fúnebre, na aldeia Imbada, Posto Administrativo de Muaguide, distrito de Meluco, tendo matado (por decapitação) quatro pessoas.
Segundo contam as fontes, estava tudo preparado para que familiares e amigos se despedissem, pela última vez, do seu ente querido, quando um grupo de homens munidos de catanas e armas de fogo surpreendeu os participantes da cerimónia, provocando um caos e pânico total.
De acordo com os relatos que chegaram à “Carta”, as pessoas fugiram imediatamente do cemitério, tendo regressado horas depois para concluir a cerimónia e recolher os corpos das quatro vítimas. Os mesmos foram enterrados no dia seguinte.
Referir que este não foi o primeiro ataque protagonizado pelo grupo naquela aldeia. O mesmo já invadiu aquele ponto do país em outras ocasiões, tendo queimado casas e causado óbitos. (Carta)
No passado dia 12 de Abril, por volta das 18hrs, 40 pessoas (pescadores e comerciantes) que seguiam viagem numa embarcação que ligava a Cidade de Pemba ao distrito de Ibo foram assassinadas. Pescadores do Ibo que assistiram a acção disseram às nossas fontes locais que ela foi protagonizada por homens vestidos com o fardamento das Forças de Defesa e Segurança (Unidade de Intervenção Rápida). Os destroços do barco viriam a ser encontrados mais tarde em Quissanga, um outro vilarejo costeiro nas proximidades.
De acordo com as fontes, na embarcação seguiam 40 pessoas na sua maioria homens de negócios que transportavam mercadorias diversas. Logo que a embarcação atracou na Ponte de Ibo, “os militares e agentes da UIR começaram a disparar contra ela e ninguém saiu salvo”. De seguida, repisaram as fontes, os militares saquearam a mercadoria e levaram a embarcação para dentro do mar, onde atiraram os corpos”. Há relatos segundos os quais apenas 12 pessoas foram mortas.
Uma fonte local disse que algumas famílias das vítimas estão a tentar sair da Ilha do Ibo e apontou que a mesma encontra-se solitária. Refira-se que os destroços da embarcação encontram-se próximo a uma base naval e até aqui, as autoridades governamentais ainda não se pronunciaram sobre o mesmo. (Carta)
Não é um “grupo de empresários moçambicanos residentes na Beira” e muito menos “antigos garimpeiros das minas de Rubi em Montepuez”, tal como já avançaram o Chefe de Estado e o Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique, na tentativa de explicar a origem da barbárie que se vive na província de Cabo Delgado, desde 05 de Outubro de 2017.
Segundo o Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS), o facto de os ataques que se verificam naquele ponto do país serem reivindicados pela organização terrorista Estado Islâmico, revela que “estamos em presença de uma agressão externa perpetrada por terroristas”.
A conclusão saiu esta quinta-feira, após a Segunda Reunião Ordinária daquele órgão do Estado de consulta específica para os assuntos relativos à soberania nacional, integridade territorial, defesa do poder democraticamente instituído e à segurança, presidida por Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que apreciou, dentre vários pontos da agenda, a informação sobre a situação da ordem e segurança públicas, com enfoque para a província de Cabo Delgado.
“O Conselho Nacional de Defesa e Segurança analisou a situação dos ataques na província de Cabo Delgado e concluiu que o facto da autoria dos mesmos ser reivindicada pelo Estado Islâmico, uma organização terrorista, revela que estamos em presença de uma agressão externa perpetrada por terroristas”, refere o comunicado de imprensa, recebido na nossa Redacção.
De acordo com o documento, o CNDS saudou as FDS pelo “esforço empreendido com vista à reposição da ordem e segurança públicas, bem como o normal funcionamento das instituições e apela às comunidades a continuarem o seu empenho no apoio às FDS”.
Desde 05 de Outubro de 2017 que os distritos das zonas centro e norte do país são alvos de ataques terroristas, levados a cabo por um grupo até aqui ainda não identificado. Em finais de Março último, a situação deteriorou-se, com o grupo a tomar de assalto três vilas-sedes, nomeadamente Mocímboa da Praia, Quissanga e Muidumbe, atacando postos policiais, residências oficiais dos administradores distritais, para além de ter destruído infra-estruturas sociais e içado a bandeira do Estado Islâmico no local.
Refira-se que o grupo terrorista Estado Islâmico já anunciou diversas vezes ter atacado posições militares na província de Cabo Delgado, mas os seus comunicados nunca foram levados a sério, tendo em conta a falta de precisão nos seus detalhes.
Na reunião que teve lugar ontem, o CNDS diz também ter feito o balanço intermédio sobre o Estado de Emergência, tendo enaltecido o esforço dos profissionais da saúde e de todos os intervenientes que se entregam à causa do combate à Covid-19.
“O órgão observou com agrado a implementação das medidas preventivas contra a propagação desta pandemia. No entanto, deplora a prevalência de atitudes de alguns cidadãos que abandonam a quarentena, colocando em causa os esforços conjuntos de combate a este mal e apela a todas as forças vivas da sociedade no sentido de maior consciencialização para a observância das recomendações das entidades competentes”, afirma o CNDS, em comunicado de imprensa. (Carta)
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu hoje "violações involuntárias" dos direitos humanos pelas autoridades em Cabo Delgado, onde grupos armados têm protagonizado ataques desde outubro de 2017.
"Em momentos difíceis como o que atravessamos, somos levados a adotar medidas robustas com vista a defender a nossa soberania e a nossa integridade territorial. Algumas dessas medidas podem involuntariamente propiciar a violação dos direitos humanos", disse Filipe Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano falava na Presidência da República em Maputo, durante a tomada de posse de novos membros da Comissão Nacional dos Direitos Humanos.
Filipe Nyusi disse que as denúncias de violação dos direitos humanos em Cabo Delgado devem merecer atenção das autoridades e, no combate contra os insurgentes, pediu a colaboração de todos, incluindo a imprensa, que em vários momentos tem-se queixado de intimidações, perseguições e agressões perpetradas pelas autoridades na cobertura da violência armada naquela província do Norte de Moçambique.
"Permita-me que reitere que o nosso Governo tem na comunicação social e no jornalismo parceiros para edificação do Estado de Direito democrático", afirmou o chefe de Estado moçambicano, que acrescenta que tudo fará para garantir a liberdade de imprensa e de expressão no país.
Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos de extração de gás natural, tem vindo a ser confrontada com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista.
As incursões já mataram, pelo menos, 400 pessoas desde outubro de 2017. Ao mesmo tempo que as Forças de Defesa e Segurança se desdobram para conter as incursões destes grupos, denúncias de violações contra cidadãos e jornalistas são frequentes.
Na terça-feira, dezenas de pessoas amotinaram-se no bairro Paquitequete, em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, contra alegadas violações por parte da polícia, que efetuava na altura uma operação. Foi no bairro de Paquitequete que na semana passada a polícia moçambicana espancou um cidadão e reteve um jornalista durante horas, na sequência de uma outra operação.
A violência contra o cidadão, na presença do jornalista retido, foi filmada por populares e gerou uma onda de críticas de Organizações Não-Governamentais e de outras pessoas, principalmente nas redes sociais. Além deste episódio, o jornalista Ibraimo Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma, está desaparecido desde o dia 7 de abril em Cabo Delgado e organizações ligadas à liberdade de imprensa no país suspeitam que tenha sido levado por militares.
Em 2019, dois jornalistas locais na região que cobriam o tema, Amade Abubacar e Germano Adriano, foram detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses, sob acusação de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações.
As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada naquela província, 40 mil dos quais deslocados das zonas consideradas de risco, maioritariamente situadas mais para o norte da província, e que estão a receber assistência humanitária na cidade de Pemba, a capital provincial.
No final de março, as vilas de Mocímboa e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região.
Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram. (Lusa)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) viu-se forçada a retirar-se de algumas artérias do histórico bairro de Paquitequete, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, quando na noite desta terça-feira, alguns cidadãos, munidos de pedras e paus, decidiram confrontar alguns agentes da corporação.
De acordo com as fontes, a confusão que se verificou naquele bairro – da chamada zona da Langua até à chamada zona Quente – surgiu quando a Polícia começou a distribuir “chambocos” por todos os que se encontravam naquela área. A atitude da Polícia, segundo estes, foi motivada pelo facto de os cidadãos terem supostamente desobedecido o “recolher obrigatório”, depois das 19:00 horas, decretado naquele ponto do país.
As fontes contam que uma cidadã até foi agredida por agentes da Polícia, no interior do seu quintal, facto que motivou uma retaliação por parte da população local. As fontes narram que os agentes em causa não conseguiram conter a fúria da população, tendo fugido do local.
Devido à intensificação da contestação, a Polícia viu-se obrigada a reforçar o seu efectivo, tendo disparado mais de uma dezena de tiros para o ar e lançado gás lacrimogéneo. Até às 22:00 horas, a população ainda se encontrava na estrada que parte daquele bairro até ao centro da cidade de Pemba.
Entretanto, enquanto alguns afirmam que as acções da Polícia visam controlar um possível ataque terrorista na terceira maior baía do mundo, há cidadãos que entendem que a mesma visa garantir o cumprimento das medidas do Estado de Emergência, decretado pelo Chefe de Estado no passado dia 01 de Abril.
Paquitequete é um dos bairros mais perigosos da cidade de Pemba e nos últimos tempos tem sido destino preferido das populações que abandonam suas residências nos distritos da zona centro e norte do país, devido aos ataques que são levados a cabo por grupo até aqui ainda não identificado. (Carta)