O Ministro da Defesa Nacional, Atanásio Mʼtumuke, confirmou à "Carta", esta terça-feira (25 de Junho), à margem das celebrações do 44º aniversário da independência nacional, que os insurgentes atacaram o Posto Administrativo de Diaca, no distrito de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. O ataque ocorreu na madrugada da passada segunda-feira (24 de Junho), tendo resultado na morte de sete civis.
Sem avançar detalhes sobre o sucedido, Mʼtumuke preferiu centrar o seu discurso na reivindicação do grupo terrorista Estado Islâmico que, há dias, disse ter atacado uma posição das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, no distrito de Mocímboa da Praia.
Para o governante, a reivindicação do Estado Islâmico não passa de uma alegação apenas, pois, no seu entender, existem pessoas que querem desestabilizar o país, como foi durante a guerra dos 16 anos.
O governante reiterou ainda a necessidade de a população de Cabo Delgado denunciar os insurgentes que têm aterrorizado aquela província, desde 05 de Outubro de 2017. Garantiu também que as Forças de Defesa e Segurança vão continuar a defender a soberania nacional, no intuito de garantirem o desenvolvimento do país. (Omardine Omar)
Dois funcionários do sector da saúde, afectos ao Depósito Provincial de Medicamentos de Cabo Delgado, e mais dois agentes económicos estão a contas com a justiça, acusados de roubar medicamentos no maior armazém de fármacos da província.
O caso deu-se, recentemente, naquela província do norte do país, onde os quatro indivíduos subtraíram, ilegalmente, 14 caixas com diversos medicamentos. Porém, segundo a Polícia, que deu esta novidade recentemente, duas caixas foram recuperadas e entregues à Direcção Provincial de Saúde de Cabo Delgado, na cidade de Pemba.
Entretanto, a falta de transparência, na gestão de medicamentos, aliada ao fraco envolvimento dos comités de co-gestão, criados junto de todas as unidades sanitárias, na província de Cabo Delgado, está a provocar polémica. Tudo se deve ao facto de, em menos de um mês, as autoridades sanitárias, naquela província, terem sido confrontadas com a informação segundo a qual Cabo Delgado debate-se com problemas sérios de medicamentos, sobretudo, dos anti-maláricos.
Primeiro, foi a Directora Provincial da Saúde, naquela parcela do país, Anastácia Lidimba, que, no dia 11 de Maio, foi confrontada com a situação, tendo desmentido a informação, admitindo apenas que tem havido problemas na requisição dos medicamentos, por parte dos responsáveis das farmácias, junto do Depósito Provincial de Medicamentos.
Vinte e três dias depois, a polémica veio à ribalta e quem apareceu para desmentir os rumores sobre a falta de medicamentos nas unidades sanitárias foi o Chefe da Repartição da Saúde Pública, na Direcção Provincial, Leonildo Nhampossa.
Nhampossa explicou que o stock de medicamentos era suficiente para suprir as necessidades da província pelos próximos quatro meses. Tal como a Directora Provincial, assegurou que Cabo Delgado não regista problemas na distribuição de medicamentos.
“Estão disponíveis 389.833 tratamentos de malária, além de outros recomendados para injecção, em caso de doentes graves”, garantiu a fonte, falando a jornalistas, há dias, na capital provincial de Cabo Delgado.Contudo, 365 mil casos de malária, com 51 óbitos, foram registados de Janeiro a Maio deste ano, nas unidades sanitárias da província de Cabo Delgado, sendo que, tal como noutros pontos do país, a doença continua a ser a que mais leva cidadãos às unidades sanitárias. (Carta)
Um estudo, conduzido pelo Observatório do Meio Rural (OMR), uma organização da sociedade civil, defende existir entidades internacionais que tornaram a província de Cabo Delgado num lugar apropriado para o “enriquecimento ilícito”, para além do ambiente que se enfrenta naquele ponto do país demonstrar ser um autêntico “Far West”.
A constatação está expressa no documento que apresenta os primeiros resultados da pesquisa, dos quatro que compõem o estudo que analisa as diferentes situações, que caracterizam a província de Cabo Delgado e a região norte do país, no geral.
Para o OMR, a situação que se vive, em Cabo Delgado, é motivada pelo facto de, nos últimos 15 anos, ter-se desenvolvido uma grande euforia em torno da exploração dos recursos naturais, nomeadamente, madeira, marfim e pedras preciosas.
Assim, refere a primeira parte do estudo, constituíram-se complexas redes internacionais, em parceria com inúmeros indivíduos locais, em que se destacaram elementos próximos do poder central e local, frequentemente envolvidos em esquemas rendeiros.
Segundo a pesquisa, na província de Cabo Delgado desenvolveu-se um ambiente de “Far West”, marcado pela incapacidade do Estado em promover a fiscalização das actividades, assim como pela prática de corrupção e pelo oportunismo generalizado.
Paralelamente, destaca a pesquisa, a região norte do país, no geral, passou a constituir o palco de actuação de uma rede de tráfico global de heroína, proveniente do Afeganistão, que percorre a costa oriental africana, com destino à África do Sul, naquilo que se denomina “Rota do Sul”.
Os pesquisadores explicam que a referida rede goza de uma protecção política de “alto nível” para aceder às infra-estruturas portuárias e rodoviárias, tendo os lucros do tráfico da heroína desempenhado um papel discreto, mas notável, no financiamento de campanhas políticas do partido no poder.
Outro aspecto detalhado no estudo do OMR é referente à construção de estabelecimentos hoteleiros, naquela região do país (na sua maioria nunca chegam a atingir a sua capacidade máxima de ocupação), que, segundo os pesquisadores, lança a suspeição destes investimentos constituírem uma forma de lavagem de dinheiro.
Portanto, entendem os pesquisadores: “a realidade que existe em Cabo Delgado é uma narrativa local, que realça o enriquecimento de importantes figuras políticas nacionais, em resultado do envolvimento em negócios de madeira, marfim, pedras preciosas ou mesmo tráfico de drogas, num cenário de pobreza generalizada, despoletando a convicção de que os dirigentes se servem da proximidade do Estado em prol dos seus interesses, ao invés do benefício da população”. (Omardine Omar)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) não tem ainda a identidade dos militares sul-africanos que, no passado domingo (16), alvejaram mortalmente os dois agentes pertencentes à especialidade de Guarda Fronteira, que se encontravam a trabalhar no posto fronteiriço da Ponta D`Ouro, distrito de Matutuíne, província de Maputo.
Orlando Mudumane, porta-voz da PRM, a nível do Comando-Geral, em conversa com “Carta”, na tarde desta segunda-feira, disse que, neste momento, prosseguiam, em coordenação com a contra parte sul-africana, trabalhos tendo em vista a identificação dos agentes, bem como para o apuramento das reais circunstâncias e motivações do sucedido.
Nisto, Mudumane avançou que havia sido já enviada uma equipa moçambicana para vizinha África do Sul para, de perto, trabalhar no assunto.
“Neste momento, estamos a trabalhar com a parte sul-africana para identificar os agentes. Serão identificados porque eles estavam lá a trabalhar e eles têm os registos. Serão identificados”, disse Orlando Mudumane.
Adiante, o porta-voz da PRM tratou de desvalorizar as informações que davam conta de que os dois agentes da PRM teriam sido surpreendidos pela força sul-africana numa incursão criminosa, afirmando, na ocasião, não constituir a “verdade” e que os mesmos haviam, sim, encontrado a morte no território moçambicano.
Aliás, a fonte que temos vindo a citar não defende com “unhas e dentes” que o incidente tenha acontecido em solo pátrio como também detalhou que este ocorreu, precisamente, a 50 metros daquele posto transfronteiriço, não sendo, por isso, verdade que os agentes da PRM foram baleados do lado sul-africano.
Ao que se sabe, os dois agentes da PRM, nomeadamente Benício Guirruta e outro apenas identificado pelo nome de Monteiro teriam, alegadamente, encontrado a morte na sequência de uma confrontação armada com os militares daquele país vizinho. (Carta)
Informações dão conta da morte de 26 insurgentes e ferimento de outros 13, em resultado de uma emboscada levada a cabo pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), na última quinta-feira (13 de Junho), no distrito de Nangade, província de Cabo Delgado.
Segundo apurou a “Carta”, junto de fontes das FDS, a emboscada foi levada a cabo pelo Posto do Comando Operacional (PCO) de Mueda, depois de denúncias populares, que reportavam supostas movimentações estranhas nas matas do distrito de Nangade, norte da província de Cabo Delgado.
Conforme contam as fontes, eram 15 horas, quando os militares atacaram a suposta base dos insurgentes, tendo, alegadamente, “abatido e capturado” numa operação em que, segundo as fontes, “nenhum insurgente escapou”. Os 13 insurgentes feridos foram levados ao PCO de Mueda.
Acrescentam ainda que, durante a emboscada, foram recuperados vários tipos de armamento, quantidades não quantificadas de medicamentos, produtos alimentares, entre outros objectos. (Paula Mawar e Omardine Omar)
Duas cidadãs de nacionalidade malawiana foram detidas pela Polícia da República de Moçambique (PRM), no passado dia 6 de Junho, no bairro da Mafalala, na cidade de Maputo, na posse de 20,6Kg de cocaína.
Segundo a PRM, trata-se de T. Chiwaka e M. Whay que são indiciadas da prática do crime de tráfico de drogas. A informação consta no comunicado de imprensa, que deveria ser apresentado, na passada quarta-feira (12 de Junho), mas, que por razões pouco claras, foi mais uma vez adiado.
É mais um episódio de tráfico de drogas que se regista, envolvendo estrangeiros, em menos de um mês. Há três semanas foram detidos cidadãos de duas nacionalidades diferentes, sendo o primeiro no dia 27 de Maio, no Aeroporto Internacional de Maputo, na posse de 3 kg de cocaína e 2 kg de heroína.
Trata-se de um cidadão norte-americano, de nome William Vito, 86 anos de idade, que escalou Maputo com destino à França, depois de ter partido com a mercadoria do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América. O indivíduo encontra-se detido e a responder pelo crime de tráfico internacional de drogas.
Refira-se que um estudo recente da organização Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GI TOC) apurou que Moçambique é um corredor de drogas pesadas, entre a cocaína, heroína e haxixe, cujos verdadeiros traficantes gozam de alta protecção dos dirigentes políticos ou generais do partido no poder e nos países onde a droga circula.
A pesquisa da GI TOC vem confirmando que, de facto, Moçambique é um corredor, devido à sua localização geográfica, corrupção nas fronteiras e portos, para além da aparente fragilidade da costa marítima, situação que ficou confirmada com o recente julgamento e posterior aprovação do pedido de extradição, no passado dia 15 de Maio, do cidadão paquistanês Tanveer Ahmed Allah, pelo Tribunal Supremo, acusado pela justiça norte-americana, no Estado de Texas, de ser “barão da droga”.
Ainda no documento, a PRM escreve que, durante a última semana, foram fiscalizadas 49.888 viaturas, das quais 95 apreendidas, 169 cartas e 77 livretes apreendidos, 4.828 multas aplicadas, para além da detenção de nove indivíduos por condução ilegal e 28 condutores por corrupção activa.
A PRM apreendeu ainda sete armas de fogo, sendo duas pistolas, uma espingarda, uma AKM-47 e três caçadeiras. Foram ainda recuperadas 62 viaturas, 29 motorizadas, 38 telemóveis, 15 televisores, 12 computadores e 135 kg de cannabis sativa, vulgo soruma. (Omardine Omar)