Não é um “grupo de empresários moçambicanos residentes na Beira” e muito menos “antigos garimpeiros das minas de Rubi em Montepuez”, tal como já avançaram o Chefe de Estado e o Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique, na tentativa de explicar a origem da barbárie que se vive na província de Cabo Delgado, desde 05 de Outubro de 2017.
Segundo o Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS), o facto de os ataques que se verificam naquele ponto do país serem reivindicados pela organização terrorista Estado Islâmico, revela que “estamos em presença de uma agressão externa perpetrada por terroristas”.
A conclusão saiu esta quinta-feira, após a Segunda Reunião Ordinária daquele órgão do Estado de consulta específica para os assuntos relativos à soberania nacional, integridade territorial, defesa do poder democraticamente instituído e à segurança, presidida por Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que apreciou, dentre vários pontos da agenda, a informação sobre a situação da ordem e segurança públicas, com enfoque para a província de Cabo Delgado.
“O Conselho Nacional de Defesa e Segurança analisou a situação dos ataques na província de Cabo Delgado e concluiu que o facto da autoria dos mesmos ser reivindicada pelo Estado Islâmico, uma organização terrorista, revela que estamos em presença de uma agressão externa perpetrada por terroristas”, refere o comunicado de imprensa, recebido na nossa Redacção.
De acordo com o documento, o CNDS saudou as FDS pelo “esforço empreendido com vista à reposição da ordem e segurança públicas, bem como o normal funcionamento das instituições e apela às comunidades a continuarem o seu empenho no apoio às FDS”.
Desde 05 de Outubro de 2017 que os distritos das zonas centro e norte do país são alvos de ataques terroristas, levados a cabo por um grupo até aqui ainda não identificado. Em finais de Março último, a situação deteriorou-se, com o grupo a tomar de assalto três vilas-sedes, nomeadamente Mocímboa da Praia, Quissanga e Muidumbe, atacando postos policiais, residências oficiais dos administradores distritais, para além de ter destruído infra-estruturas sociais e içado a bandeira do Estado Islâmico no local.
Refira-se que o grupo terrorista Estado Islâmico já anunciou diversas vezes ter atacado posições militares na província de Cabo Delgado, mas os seus comunicados nunca foram levados a sério, tendo em conta a falta de precisão nos seus detalhes.
Na reunião que teve lugar ontem, o CNDS diz também ter feito o balanço intermédio sobre o Estado de Emergência, tendo enaltecido o esforço dos profissionais da saúde e de todos os intervenientes que se entregam à causa do combate à Covid-19.
“O órgão observou com agrado a implementação das medidas preventivas contra a propagação desta pandemia. No entanto, deplora a prevalência de atitudes de alguns cidadãos que abandonam a quarentena, colocando em causa os esforços conjuntos de combate a este mal e apela a todas as forças vivas da sociedade no sentido de maior consciencialização para a observância das recomendações das entidades competentes”, afirma o CNDS, em comunicado de imprensa. (Carta)