Os quatro candidatos para as eleições presidenciais prometem uma educação equitativa e de qualidade, incluindo reformas estruturais no sector. O sector da educação tem estado em debate nos últimos anos no país, uma vez que há uma falta generalizada de recursos. O Sistema Nacional de Educação encontra-se deficitário, com os profissionais desta área vivendo sob constantes ameaças de greve.
Actualmente, o sector da educação em Moçambique enfrenta problemas relacionados às salas de aula (com muitas escolas onde os alunos estudam debaixo de árvores), ao rácio professor-aluno, à falta de pagamento de horas extras, à formação inadequada dos próprios professores, e também à superlotação das salas de aula. Há também insuficiência de manuais escolares, sobretudo para os alunos da primeira e segunda classes.
Com vista a trazer para os leitores a agenda governativa para o próximo quinquénio, na área da educação, “Carta” decidiu “vasculhar” os manifestos dos candidatos à Presidente da República, nomeadamente, Daniel Chapo (Frelimo), Ossufo Momade (Renamo), Lutero Simango (MDM) e Venâncio Mondlane (apoiado pelo PODEMOS).
Caso vença as eleições de 9 de Outubro, Daniel Chapo pretende fazer uma reforma estrutural do sistema educacional do país, envolvendo todos os cidadãos, de forma a adequá-la aos desafios actuais e do futuro. Chapo quer também garantir uma educação equitativa, em todos os níveis, baseada em conhecimento científico que assegure que o cidadão tenha todas as competências necessárias que lhe permitam adquirir o saber, o saber estar, o saber ser e o saber fazer, em todos os subsistemas do Sistema Nacional de Educação.
Entretanto, o manifesto do Daniel Chapo não foca naquilo que são os problemas que enfermam o sector da educação e nem detalha sobre a contratação de professores para melhorar o rácio professor-aluno, minimizar a problemática do livro escolar, entre outros.
Já o candidato da Renamo, Ossufo Momade, pretende transformar e garantir a qualidade de vida humana com a melhor educação, no domínio da ciência e da técnica. O seu manifesto diz que a formação do Homem é um instrumento fundamental que o habilita a poder participar, de forma consciente e informada, na vida da sociedade, enfatizando que só com educação o cidadão moçambicano estará capacitado a concorrer no mercado nacional, regional e internacional.
Momade diz que, na actualidade, o sector da educação enfrenta constrangimentos diversos, desde a fraca qualidade na formação de professores, desmotivação dos docentes, deficiente gestão de manuais escolares, falta de salas de aula, entre outras carências. A “perdiz” sublinha que os desafios no sector da educação são enormes, desde o ensino pré-primário à universidade, reflectindo-se na fraca qualidade dos graduados.
Por seu turno, o candidato presidencial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, promete estimular e subsidiar o ensino público primário, secundário e profissional e elevar os níveis de qualidade. Quer igualmente transferir as funções e competências da educação primária para os municípios e o melhorar as infra-estruturas escolares, académicas (investigação), incluindo os respectivos equipamentos. Projecta também criar condições sanitárias e iluminação em todas as escolas públicas.
O manifesto de Lutero Simango pretende ainda retirar o Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA) na educação para estimular o sector privado. No que diz respeito aos professores, o aspirante à Ponta Vermelha diz que pretende garantir a contratação de mais professores, melhorando assim o rácio professor-aluno.
E, por último, Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido PODEMOS, pretende, primeiro, realizar um estudo-amostra de conhecimentos e competências adquiridos pelos educandos do ensino primário e secundário geral. Para este exercício, ele garante que vai usar metodologias e padrões internacionalmente aceites para informar a Comissão Presidencial para a Revisão de Políticas e Redefinição do Sistema Nacional de Educação. Fundamentalmente, Venâncio Mondlane pretende no seu manifesto fazer a Revisão de Políticas e Reforma do Sistema Nacional de Educação. (M.A.)
O conhecido causídico Alexandre Chivale, que representou a família do antigo Presidente Armado Guebuza no casos das famosas “dívidas ocultas”, foi detido na manhã de hoje na Direção Provincial do Serviço Nacional de Migração (SENAMI), localizada na Matola 700, confirmou “Carta” junto de fontes impecáveis.
Chivale dirigiu-se para aquela entidade com o fim levantar seu passaporte, mas saiu do local detido. Ele havia tentado renovar o documento de viajem em janeiro passado, mas na altura foi-lhe negado, disse uma das fontes.
O advogado, que era visto em Luanda, donde comentava as incidências do processo político de Moçambique - e que foi visto recentemente em Maputo num evento do seu cliente Armando Guebuza - foi transportado sob custódia para uma esquadra policial em Maputo, onde deverá permanecer até ser ouvido por um juiz de instrução, que determinará se ele sai em liberdade provisória sob termo de identidade e residência ou fica sob prisão preventiva. A data limite para esta decisão judicial é quarta-feira.
Sua detenção está relacionada com um mandado de busca e captura, emitido pelo juiz Efigênio Baptista, em janeiro de 2022, durante o julgamento do caso do calote guebuzista.
Ele andava a ser procurado pela justiça desde essa altura.
O mandado de captura contra Chivale foi emitido pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo depois que o advogado não compareceu ao Tribunal, em janeiro daquele ano, em face de uma intimação para ele depor como declarante.
A captura de Chivale visa(va) duas coisas: ser ouvido em declarações sob custódia e ser julgado em processo sumário por desobediência, podendo incorrer numa pequena pena convertida em multa.
Por outro lado, o Ministério Público instaurara, naquela altura, um processo autónomo contra Chivale no âmbito do qual ele deveria responder sobre os seus trabalhos na empresa Txopela Investimentos.
Chivale iniciou o julgamento do caso das “Dívidas Ocultas”, em agosto de 2021, como advogado de alguns dos arguidos mais destacados, incluindo Ndambi Guebuza, o filho mais velho do ex-presidente Armando Guebuza, e António Carlos do Rosário, chefe de inteligência económica do serviço de segurança, SISE.
Mas no dia 19 de outubro de 2021, o juiz Efigenio Baptista ordenou que Chivale abandonasse o caso, sob a alegação de graves conflitos de interesse. Antes, a 23 de agosto de 2021, a procuradora Sheila Marrengula ja pedira ao juiz que tomasse providências contra Chivale por ser director da Txopela Investments, empresa que era efetivamente dirigida por Rosário, que tinha ligações estreitas com o grupo Privinvest, com sede em Abu Dhabi.
Marrengula argumentou que o Txopela era um dos canais de distribuição de subornos da Privinvest. Após a prisão de Rosário, propriedades registadas em seu nome foram apreendidas – mas, para desgosto da procuradora, foram entregues à Txopela Investments, na qualidade de “fiel depositário”, apesar da estreita relação de Txopela com Rosário.
Em outubro de 2021, Baptista concordou com a procuradora que era intolerável permitir que a Txopela continuasse a administrar as propriedades por sinais evidentes de branqueamento de capitais.
Dinheiro da Privinvest tinha sido usado para comprar, via Txopela, imóveis, incluindo o apartamento onde Alexandre Chivale vivia até dezembro de 2021. Chivale teve de entregar o apartamento e as chaves de todas as propriedades do Txopela. Baptista também afastou Chivale do caso por causa de seus conflitos de interesse.
Agora detido, e tendo o julgamento terminado, Chivale já não vai testemunhar sobre as actividades da Txopela Investments, da qual foi director, mas, eventualmente. responder em processo autônomo, sobre branqueamento de capitais. (M.M.)
A primeira semana de campanha eleitoral foi caracterizada por ausência forçada de funcionários públicos nos seus locais de trabalho para apoiar a campanha eleitoral do partido Frelimo. Por seu turno, os partidos da oposição estiveram ausentes da campanha em muitos distritos.
Em Cabo Delgado, particularmente, na Ilha do Ibo, o Serviço Distrital de Actividades Económicas e Infraestruturas anda abandonado, um cenário que se verifica em todas as províncias do país. Em Niassa, por exemplo, os funcionários dos serviços distritais e os professores estão em campanha eleitoral, o que obriga à paralisação das actividades.
Em Nampula, algumas escolas da vila de Namapa, distrito de Eráti, estiveram encerradas devido ao envolvimento de muitos professores na campanha eleitoral da Frelimo. Os directores das mesmas escolas ocupam cargos na Comissão Distrital de Eleições e no STAE distrital.
No distrito de Macate, em Manica, os professores são obrigados a abandonar as aulas para reforçar a campanha do partido Frelimo. Por exemplo, as escolas do Posto Administrativo de Zembe, no distrito de Macate, estiveram encerradas na quinta e sexta-feira, porque os professores estavam na recepção de Esperança Bias, que chefia a brigada central do partido que estava de visita a Macate.
Os estudantes das escolas primária e secundária do Posto Administrativo de Zembe, por exemplo, dizem que não estão a ter aulas devido à ausência dos professores. A mesma situação aconteceu em outras escolas no posto administrativo de Zembe.
Alguns professores afectos às escolas secundária e primária de Zembe confirmaram o sucedido e afirmam que estão envolvidos na campanha da Frelimo por obrigação, porque a chefe da brigada central de apoio à província de Manica, Esperança Bias, está naquele distrito desde sexta-feira.
Em Nacarôa, província de Nampula, o Comité Distrital da Frelimo reuniu com funcionários que exercem funções em comissão de serviço e ameaçou-os, através do administrador distrital, com a cessação de funções caso continuem a não ir à campanha da Frelimo. Como resultado, muitas instituições de ensino estão paralisados porque os funcionários estão na campanha da Frelimo. Há ordens para não lhes serem marcadas faltas. Os directores das escolas receberam ameaças de exoneração dos cargos em caso de marcarem faltas aos funcionários que estiverem na campanha eleitoral do partido no poder. (CIP Eleições)
A Feira Internacional de Maputo (FACIM) encerrou, domingo último (01), as portas da 59ª edição. Um dia antes, o Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane, visitou o local, onde manteve contactos com os vários expositores em diferentes pavilhões. Depois da visita, disse ter constatado com satisfação a resiliência, empreendedorismo, inovação e os esforços do empresariado nacional em apostar no aumento da produção e produtividade, assim como na diversificação de serviços e bens produzidos localmente e em conformidade com as exigências do mercado nacional e internacional.
Segundo Maleiane, este facto é consubstanciado pela quantidade e qualidade dos produtos processados localmente, incluindo o aspecto relativo à embalagem atractiva, certificação, entre outros, o que concorre para facilitar a internacionalização dos bens “Made in Mozambique”.
O governante acrescentou que o aumento da produção, incorporando cada vez mais matéria-prima nacional, está a contribuir para a redução de importações, assim como para a criação de mais postos de trabalho e renda para a população moçambicana, sobretudo jovens e mulheres.
“A qualidade e diversidade dos serviços e bens exibidos nesta Edição da FACIM demonstra que estamos a trilhar o caminho certo rumo à industrialização do nosso país, um programa chave e impulsionador do crescimento e desenvolvimento sócio-económico do nosso país”, afirmou Maleiane.
Nesse contexto, o Primeiro-Ministro encorajou os expositores nacionais, sobretudo as Micro, Pequenas e Médias Empresas a continuarem a melhorar os processos produtivos, apostando na inovação, novas tecnologias, certificação, de entre outros, no âmbito do processo de industrialização e diversificação da economia do nosso país.
“Acreditamos que os expositores nacionais e estrangeiros, no decurso desta Edição da FACIM, estabeleceram sinergias, assumiram compromissos e firmaram parcerias de investimento que irão, de certeza, dinamizar a transformação das potencialidades existentes no nosso país em oportunidades concretas de negócio”, disse o governante.
Maleiane disse ainda esperar que os memorandos e acordos de parceria assinados durante o evento produzam efeitos positivos na economia do país, sobretudo no aumento da produção, produtividade, criação de emprego e aumento da renda para os moçambicanos.
Antes de discursar, o Primeiro-Ministro assistiu à premiação de vários expositores, desde empresas, instituições, organizações, países, províncias, entre outros, em diferentes categorias, como inovação, excelência no atendimento e melhor empresa com produtos manufacturados.
O destaque vai para Alemanha, como tendo sido o melhor país expositor. A empresa Mahabir foi distinguida como a melhor empresa expositora estrangeira. O Município de Marracuene foi a instituição que participou pela primeira vez, tendo sido o único classificado nessa categoria. A República da Itália e o Comissariado Geral de Moçambique Expo Osaka 2025 foram o país e instituição classificados como os melhores expositores inovadores estrangeiro e nacional, respectivamente.
Quanto aos ministérios, a distinção coube ao Ministério dos Recursos Minerais e Energias. Na inovação e excelência no atendimento, foi distinguido o Instituto de Gestão das Participações do Estado. O prémio de melhor Pequena e Média Empresa com produto manufacturado recaiu sobre a empresa Bio Óleos de Miombo.
As províncias de Cabo Delgado, Nampula e Gaza, foram distinguidas com o prémio de província mais informativa; província com mais produtos manufacturados e embalados e melhor província expositora, respectivamente. Índia e província de Manica foram o país e província de honra pelo forte compromisso na mobilização do sector empresarial para participar da FACIM 2024. (Evaristo Chilingue)
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu ontem que o país dispõe de infraestruturas portuárias com potencial para a cooperação com a China, elogiando o modelo de desenvolvimento social e económico do país asiático.
Segundo Nyusi, no sul do país, o Porto de Maputo é usado pelos vizinhos Zimbabué, Essuatíni e África do Sul; no centro, o Porto da Beira serve o Maláui, Zâmbia e o Zimbabué; e no norte, Zâmbia e o Maláui usam o porto de águas profundas de Nacala.
O chefe de Estado moçambicano falava num encontro com o governo da Câmara Municipal de Xangai, no quadro da visita de trabalho que realiza à República Popular da China. Considerou aquele país asiático um exemplo de modelo de desenvolvimento, defendendo a importância da cooperação bilateral.
“Queremos saudar os avanços económicos não só de Xangai, mas também de toda a China, as políticas do Presidente Xi Jinping dão-nos força e liberdade para o desenvolvimento”, declarou o chefe de Estado moçambicano.
Nyusi enalteceu ainda a disponibilidade do Governo chinês de ajudar o país africano no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
O Presidente moçambicano iniciou no sábado uma visita de trabalho de seis dias à República Popular da China, a convite do seu homólogo chinês, Xi Jinping, refere em comunicado o gabinete da Presidência da República de Moçambique. O chefe de Estado moçambicano vai participar na 9ª Cimeira de Cooperação China-África e no Fórum Empresarial-China Moçambique, avança a nota de imprensa. (Lusa)
Após os primeiros dias de campanha eleitoral relativamente calmos e pacíficos, os nossos correspondentes estão a reportar, em alguns distritos, o aumento de casos de ameaças e provocações aos membros da oposição, feitas pelo partido Frelimo. As ameaças poderão, a qualquer momento, resultar em violência. Inhambane, Gaza e província de Maputo são as províncias mais problemáticas.
Na província de Inhambane, concretamente no distrito de Inhassoro, membros e simpatizantes do partido Frelimo estão a ameaçar simpatizantes de outros partidos para não fazerem campanha eleitoral pela oposição. Esta situação acontece numa altura em que os líderes e secretários dos bairros e povoados fazem reuniões para controlar quem veste camisete da oposição. Quem for encontrado com material da oposição é ameaçado de ser expulso do bairro e a procurar outro bairro para residir que seja do seu partido.
É assim que os jovens do MDM e Renamo foram obrigados a esconder as suas camisetes e material propagandístico, panfletos. Algum material da oposição colocado à noite é vandalizado. Um dos jovens simpatizantes do MDM teve que retirar as bandeiras do seu partido que tinha içado no mercado distrital do Funhalouro, onde ele vende, após ter recebido ameaças da Frelimo.
Em Inhassoro e Massinga, este último distrito, o mais populoso de Inhambane, membros e apoiantes do partido PODEMOS denunciam a recorrente perseguição e ameaça que têm vindo a receber do partido Frelimo. As ameaças têm sido feitas através de ligações telefónicas e presencialmente nas suas residências.
Na cidade de Chókwe, em Gaza, os partidos da oposição queixam-se de estar a sofrer perseguição política. No sábado registou-se um confronto entre os simpatizantes da Frelimo e do PODEMOS. O confronto ocorreu mesmo na presença de lideranças locais do partido Frelimo, nomeadamente secretários do partido e da OJM da cidade e do presidente do município. A polícia manteve-se apática e procurou, sem sucesso, pedir aos membros da Frelimo para não continuarem com a provocação.
No distrito de Magude, província de Maputo, que faz fronteira com os problemáticos distritos de Chókwe e Macia, distritos da província de Gaza, o partido Frelimo tem intimidado os membros do PODEMOS, partido que acaba de iniciar a sua campanha naquele distrito. Segundo os nossos correspondentes, os membros da Frelimo têm vindo a seguir a campanha do PODEMOS e criando barreiras para que eles não prossigam com as suas actividades políticas. (CIP Eleições)
Um grupo de terroristas emboscou uma patrulha de soldados ruandeses na noite de sábado, por volta das 21h00, na vila de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. Mesmo com forte presença das Forças moçambicanas e ruandesas, os terroristas desafiaram o cordão de segurança e emboscaram os homens de Paul Kagame, mas até agora não há informações sobre eventuais danos humanos e materiais.
Durante a emboscada, as duas partes trocaram tiros e uma bala perdida atingiu mortalmente uma menina de mais de dez anos de idade, cujo enterro foi realizado na manhã deste domingo (01). Alguns moradores disseram à "Carta" que, devido ao intenso tiroteio, algumas famílias refugiaram-se no mato, onde passaram a noite até ao amanhecer.
Falando à Televisão de Moçambique, este domingo, o administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, confirmou o incidente e disse que todas as forças militares estão em prontidão combativa. Acrescentou que mesmo assim a vida regressou à normalidade em toda a vila.
"A situação está calma, os pescadores fizeram-se ao mar e a população que trabalha na machamba também foi à machamba", garantiu à televisão pública. De acordo com o administrador de Mocímboa da Praia, os terroristas recuaram e puseram-se em fuga, mas as forças aliadas de Moçambique e Ruanda estão em perseguição. (Carta)
Ao oitavo dia consecutivo da campanha eleitoral, o Presidente da Renamo e candidato a Chefe de Estado, Ossufo Momade, saiu, pela primeira vez, à rua para pedir votos aos mais de 17 milhões de eleitores que, no próximo dia 9 de Outubro, terão de eleger o novo Presidente da República, a nova Assembleia da República, os novos governadores e os novos membros das Assembleia Provinciais.
Ausente do espaço público há mais de três semanas, Ossufo Momade reapareceu este domingo, a partir de Nampula, o maior círculo eleitoral do país. Aos seus seguidores, Momade não explicou as razões da sua ausência nos primeiros sete dias da campanha eleitoral. Apenas questionou se “estavam com saudades” e disse, de seguida, que terá ressuscitado.
Para Ossufo Momade, 2024 “é o ano da vitória” e assegura que ele e a Renamo vão, finalmente, “governar este país”. Defende que a Frelimo, que lidera os destinos do país desde 1975, “não sabe governar”. Pede apenas cinco anos para mostrar como se governa um país.
Num comício, na cidade de Nampula, Momade prometeu uma reforma na função pública, assim como combater a corrupção, que, nas suas palavras, atrasa o desenvolvimento do país. Promete também mecanizar a agricultura para reduzir as importações.
O manifesto publicado pela Renamo defende que a governação será suportada por cinco pilares: governação para a defesa da soberania e integridade territorial (valorização das Forças de Defesa e Segurança); governação democrática baseada na separação e interdependência de poderes; governação social, virada para o empoderamento dos sectores sociais; governação económica com políticas públicas que priorizem o sector privado; e governação ambiental, virada para a defesa do meio ambiente.
Ossufo Momade entra em cena, sete dias depois do arranque da “caça” ao voto. Aos jornalistas, a Renamo disse que o seu Presidente se encontrava no estrangeiro a fazer trabalho político, mas sem nunca revelar o nome do país. Em 2019, lembre-se, o Presidente da Renamo iniciou a sua campanha eleitoral ao terceiro dia.
No entanto, o Secretário-Geral da Frelimo e candidato à Presidente da República entrou, ontem, na província de Manica, a terceira a ser escalada por Daniel Chapo desde o início da campanha eleitoral. Chapo abriu a sua campanha na província de Sofala, tendo escalado depois a província de Tete.
Por sua vez, Lutero Simango, Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e candidato a Chefe de Estado, continua a trabalhar na província de Sofala, o suposto bastião do seu partido. Nestes primeiros oito dias de campanha eleitoral, dos 45 programados, Simango já “descansou” três dias, nomeadamente, quarta-feira, quinta-feira e domingo.
Já Venâncio Mondlane continua a trabalhar na província da Zambézia, depois de ter estado na província de Maputo e na vizinha África do Sul. A candidatura de Mondlane é suportada pelo partido PODEMOS, constituído maioritariamente por dissidentes da Frelimo. Sublinhar que a campanha eleitoral termina no dia 06 de Outubro.
Refira-se que Ossufo Momade é o candidato mais velho entre os concorrentes à Presidente da República, com 63 anos de idade, sendo único também que concorre ao cargo pela segunda vez consecutiva, depois de ter amealhado 21,88% dos votos, em 2019. (Carta)
A Tabela Salarial Única (TSU), em vigor na Administração Pública desde Julho de 2022, continuará a representar uma pressão sobre a despesa pública a médio prazo, de acordo com o Relatório de Riscos Fiscais 2025, publicado sexta-feira, pelo Ministério da Economia e Finanças.
O documento consultado pela “Carta” refere que uma parcela significativa dos recursos gerados pela economia está a ser absorvida pelas despesas com salários e remunerações, um cenário que se agravou com o início da implementação da TSU, em Julho de 2022, limitando a capacidade do Governo em investir em áreas prioritárias.
“Com a massa salarial a representar, em média, 14,5% do PIB [Produto Interno Bruto] entre 2021 e 2023 e um desvio médio de 21,3 mil milhões de Meticais em relação às dotações iniciais previstas, a gestão da folha salarial tem sido uma grande preocupação para os gestores públicos, pelo que há necessidade de encontrar mecanismos para a sua sustentabilidade”, revela.
De acordo com o Relatório do Governo sobre os Riscos Fiscais para 2025, o cenário pessimista prevê uma despesa adicional estimada em 31 mil milhões de MT em 2025, explicada pela sensibilidade da massa salarial ao crescimento mais lento do PIB Nominal. “As perspectivas de médio prazo para a massa salarial em proporção do PIB sugerem uma redução mais lenta no cenário pessimista (13,6% em média) em relação ao cenário base (12,3% em média), com tendência convergente em 2027”, sublinha.
Refira-se que, desde a sua entrada em vigor, a TSU tem-se revelado uma “dor-de-cabeça” para o Governo. Alias, em seu último discurso na Assembleia da República, o Presidente da República admitiu que a TSU trouxe barulho na função pública, apesar de ter sido projectada para resolver barulho.
“Expliquei nesta casa que se o seu salário era 20 mil Meticais, mas com muitos subsídios chegava aos 90 mil Meticais, quando chega a hora da reforma, o funcionário só recebe 20 mil Meticais. Mas com a TSU, as coisas mudaram, já não recebe 20 mil Meticais, nem 90 mil, mas sim 80 mil Meticais, significa que vai à reforma com 80 mil Meticais. É uma matemática difícil, barulhenta, mas repito, é melhor resolver barulho com barulho porque são problemas que temos que resolver”, defendeu Filipe Nyusi, a 7 de Agosto último.
Por seu turno, o Representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique, Alexis Meyer Cirkel, disse, em entrevista à STV, que o Governo gasta 73% das suas receitas em salários e pagamento da dívida pública. (Carta)
Ao cabo de quatro dias consecutivos de trabalho, marcados por acções de campanha em nove sedes distritais, mais a cidade de Tete, a capital da província do mesmo nome, Daniel Chapo, candidato presidencial apoiado pelo partido no poder, a Frelimo, encerrou, hoje, sábado, 31 de Agosto, a jornada de apresentação da sua visão de sociedade e de governação pela chamada ‘capital do carvão’ de Moçambique, com um showmício-feira na urbe capital desta circunscrição territorial.
Daniel Chapo, de 47 anos e com passagens dignas de realce por Nacala Velha e Palma, distritos de Nampula e Cabo Delgado, respectivamente, como administrador, e por Inhambane, por oito anos e até Maio deste ano, como governador de província, apresentou-se como “o único motorista preparado”, dada a sua experiência na gestão da coisa pública, e, por isso, como o candidato habilitado a conduzir o povo à almejada independência económica, depois que maturada a independência política.
Discursando debaixo de uma chuva miúda, que, entretanto, caía intermitentemente, ali no campo comunitário do Bairro Azul, em Chingodzi, que, longe de afugentar, mais parecia atiçar ainda mais a “perfeita sintonia” entre si e os milhares de eleitores presentes – nos cálculos da Carta, aquele recinto tem 22.500 metros quadrados (150 metros X 150 metros), sendo cada metro quadrado ocupado por 4-5 pessoas, segundo os manuais de jornalismo, o que perfaz cerca de 100 mil vivalmas presentes –, Chapo reiterou o facto de ser um candidato de mudança, de renovação, de progresso e de esperança, “e estou bem consciente de que não se deve continuar a trabalhar da mesma forma e esperar resultados diferentes”.
Afirmou ser ‘candidato da mudança’ uma vez não ter dúvidas de que os resultados desejados pelo povo, e que sejam sustentáveis, serão apenas conseguidos com a aposta num candidato experiente e que saiba o que deve ser feito no actual estágio de coisas, sempre de forma inclusiva e responsável. “Somos, também, uma candidatura de renovação, o que equivale a dizer que temos presente que iniciativas como digitalização da Administração Pública podem contribuir significativamente para o combate à corrupção, um dos cancros da nossa sociedade”.
Chapo referiu, ainda, ser um “candidato de progresso”, uma vez que “apostaremos em políticas públicas cientificamente enformadas, na inovação, na consulta sistemática a especialistas antes da tomada de decisões estruturantes, com a propositura ou aprovação de programas de reformas”.
Na ocasião, Chapo, jurista habilitado advogado pela relevante agremiação profissional, a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), que é também conservador, apresentou-se, igualmente, como “candidato de esperança”, por entender que “no meio de mentiras e supostas varinhas mágicas, nunca nos desviaremos da essência, que é colocar os interesses do povo como o princípio e o fim de todas as nossas acções”.
Além do combate à corrupção, que tem dominado as suas acções de campanha desde 24 de Agosto, primeiro dia de ‘caça ao voto’, o candidato presidencial apoiado pela Frelimo disse que irá apostar fortemente no desenvolvimento de uma agricultura mecanizada e comercial, como forma de todas as potencialidades da província de Tete serem devidamente exploradas.
“Não há cultura que não seja viável aqui na província de Tete. Podemos fazer, aqui, e vocês têm estado a fazer com toda distinção, batata, arroz, milho, cebola, tomate, feijões e mais e mais culturas. Entretanto, nesta fase em que a agenda de desenvolvimento se mostra mais premente que nunca, com abordagens inovadoras e pró-resultados, temos que apostar também na industrialização do sector agrícola, em cuja cadeia de valor todos vão participar e tirar proveitos, desde as famílias, individualmente vistas, até às micro, pequenas, médias e grandes empresas”, sublinhou.
Ajuntou que com a alocação de pelo menos 10% dos recursos provenientes do sector extractivo da economia, Tete estará em condições de investir cada vez mais e melhor em infra-estruturas, que são por demais essenciais à efectivação do desenvolvimento inclusivo e sustentável.
Acrescentou que “juntos, não tenho dúvidas, vamos transformar Tete, vamos desenvolver o nosso país. Os pais fundadores cumpriram a sua missão. Agora, nós, do pós-independência, devemos levar avante o nosso país, com o envolvimento de todos os segmentos e extractos sociais, desde jovens, mulheres, os nossos mais velhos, profissionais especializados, força de trabalho não especializada e, em uma palavra, todos, todos, todos”.
“Vamos trabalhar, meus irmãos, minhas irmãs, meus pais, minhas mães, meus compatriotas”, destacou, para depois enfatizar que a agricultura, constitucionalmente concebida como a base para o desenvolvimento do país, será uma das suas prioridades de primeira linha para a província de Tete.
Seguidamente, Chapo pediu aos presentes para que votassem, também, na Frelimo, o seu partido político, “uma vez que não posso fazer o que acabo de propor sem que tenha o necessário amparo parlamentar, como forma de fazer aprovar, na casa do povo, políticas e programas de governação, além de leis”.
O evento de encerramento de campanha de hoje na cidade de Tete, capital da província do mesmo nome, não foi, bem vistas as coisas, um showmício igual aos demais, mais uma combinação de showmício e “feira social”, uma vez que foram implantadas, nas redondezas, bancas que se dedicavam a oferecer, aos presentes, todo o tipo de iguarias, desde peixe pende confeccionado de diversas formas, frango grelhado e frito, pratos de vegetais e carnes (cabrito e vaca), além de bebidas diversas, dentre alcoólicas e não alcoólicas, “a um preço chapo-chapo”, conforme precisou Zélia Pantie, uma das vendedeiras contactadas pelo nosso jornal.
De referir que além da cidade de Tete, Chapo escalou, de 28 a 31 de Agosto de 2024, os distritos de Mutarara, Tsangano, Angónia, Macanga, Chifunde, Chiúta, Mágoè e Cahora Bassa. A partir de amanha, 1 de Setembro, até 3 do mesmo mês, Daniel Chapo vai desenvolver a sua campanha na província de Manica, visitando os distritos de Mossurize, Báruè, Manica, Vanduzi, Gondola, Machaze e Sussundenga, além da cidade de Chimoio, a capital provincial.
(Carta)