A atleta moçambicana, Ofélia Marcos Milambo, esteve durante sensivelmente nove meses hospitalizada em Gold Coast, na Austrália. A corredora dos 400 e 800 metros integrava uma delegação que se deslocou àquele país para participar na 21ª edição dos Jogos da Commonwealth, realizados em Abril de 2018.
Uma vez na Austrália foi-lhe diagnosticada malária e, depois de submetida a tratamentos, acabou por contrair outra enfermidade – desta feita nos rins. Esta situação obrigou a que Ofélia fosse internada enquanto decorria a prova.
No final dos Jogos a delegação moçambicana da qual fazia parte regressou a Maputo, mas sem a atleta. Não se percebendo muito bem porquê, a chefe da missão ordenou que as malas de Ofélia fossem trazidas para Maputo. Esta, entretanto, continuou hospitalizada em Gold Coast, até que em Agosto procurou contactar a FMA e o Comité Olímpico para que lhe fosse prestada assistência. Debalde.
Foi graças ao apoio do pessoal do hospital e de outras pessoas de boa-fé que se tornou possível que lhe fossem oferecidas algumas peças de roupa e outro tipo de ajuda, especialmente para o pagamento dos tratamentos.
Esta situação grave e estranha nunca veio a público, desde o regresso da delegação moçambicana ao país. E de lá até Dezembro, Ofélia esteve entregue à sua sorte.
Francisco Manchenche, presidente da FMA, disse que o CON é que estava à frente do caso e que a instituição que dirige já tinha feito a sua parte. Contactado pela “Carta”, um representante do Comité Olímpico Nacional – CON revelou que o assunto estava sob a alçada do departamento médico daquela instituição, e que ele não podia avançar mais detalhes sobre a situação. Entretanto, a dirigente deste sector recusou-se a falar do assunto à nossa Reportagem.
Shafee Sidat, antigo presidente da FMA, em conversa com a “Carta” disse que deve haver responsabilidade criminal, porque “o acto demonstra desprezo e falta de sensibilidade humana, e que todas as partes envolvidas devem ser levadas à barra da justiça”. Segundo o nosso interlocutor, é um acto inconcebível que alguém que viajou para representar um país adoeça e é abandonada, sabendo-se que não tem família e nem condições para voltar. Sidat entende que os dirigentes desportivos devem ser sérios e comprometidos com tudo o que acontece no seu sector. (Omardine Omar)