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terça-feira, 25 julho 2023 06:13

Funcionário do tribunal provincial de Nampula espanca esposa e processa-a por agressão

mulher violencia

Um funcionário do Tribunal Judicial da província de Nampula, Escrivão de Direito da 4ª sessão laboral, de nome Valeriano José Sebastião Muanheue, por sinal irmão da Juíza Ana Paula José Muanheue espancou e feriu gravemente a esposa na cabeça e no rosto, levando ao internamento da vítima por três dias num dos hospitais daquela província.

 

Segundo conta a ofendida, de nome Vanda Mariza Sicandar, tudo começou quando os dois decidiram separar-se e, em comum acordo, ela decidiu sair da casa que construíram juntos, levando as crianças, enquanto o processo do divórcio e divisão de bens corria no tribunal. A vítima conta que era insustentável os dois viverem debaixo do mesmo tecto devido às agressões, abusos, violência doméstica e psicológica.

 

Vanda explica que, por conhecer o comportamento agressivo e impulsivo do esposo, fez tudo para o mesmo não conhecer onde ela e as crianças estavam a viver, mas sem sucesso.

 

Conta que, a determinada altura, o esposo pediu às crianças para passarem o fim-de-semana com ele e ela resolveu arrumar a pasta dos menores e deixou com o guarda da residência onde vivia. Porém, quando o esposo chegou para levar as crianças, ele notou que estava a entrar uma visita da sua esposa, sendo que ela não se encontrava em casa. Ora, quando ele viu o carro da visita entrar no quintal da casa da esposa, voltou e perguntou ao guarda quem era a pessoa, mas o guarda respondeu que não sabia.

 

“Posto isto, o meu esposo vem a correr e começa a agredir o senhor, perguntando se ele era o dono da casa onde eu vivia. No meio do desespero, a minha visita chamou o guarda para o ajudar a sair daquele local. Entretanto, quando eu cheguei à casa, ele começou a espancar-me e queria violar-me. A minha filha não parava de gritar, consegui fugir para fora e ele perseguiu-me. Quando eu estava estatelada no chão, a minha filha foi procurar socorro e levaram-me para o hospital onde fiquei internada por três dias. Depois disso fui meter o caso na polícia, mas como ele é um funcionário do tribunal, todos os processos contra ele não estão a andar”, explicou.

 

“Note que mesmo depois de me espancar, ele não foi preso e continua a ameaçar-me. Paga agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) para ameaçar-me e ainda meteu um processo contra mim, alegando que eu o agredi e este processo é que está a andar e inclusive a procuradora chamou-me para uma audiência. Ele não paga renda da casa onde os filhos vivem, não dá pensão alimentar às crianças e dizem que para este processo de pensão das crianças andar, tenho que aguardar o processo do divórcio sair”.

 

Reagindo ao caso, Valeriano Muanheue disse à ″Carta″ que esta é uma matéria que está a correr os seus termos na procuradoria e no tribunal. “Quando fui constituído arguido, uma das cláusulas no processo diz que não devo comentar sobre a matéria, a não ser nos órgãos de justiça. Eu já fui ouvido, existe também um processo que corre contra ela, assim como outro contra o amante. Então, estou proibido de fazer qualquer comentário porque pode interferir e incorrer no risco de outras sanções. Portanto, o Ministério Público proibiu-me de fazer qualquer comentário. Parece que ela está a fazer uma campanha de difamação, nós já temos até data marcada para o processo cível do divórcio”, afirmou Muanheue. (Marta Afonso)

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