O Reino Unido anunciou uma onda de sanções contra indivíduos e empresas envolvidas com o mercenário russo Wagner Group em três países africanos. As medidas visam 13 pessoas e empresas ligadas ao grupo mercenário Wagner, acusado de execuções e tortura no Mali e na República Centro-Africana (RCA) e de ameaças à paz e segurança no Sudão, disse o Escritório de Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento do Reino Unido num comunicado. Vitalii Viktorovitch Perfilev, chefe do Wagner na RCA, e Konstantin Aleksandrovitch Pikalov, que supervisiona as operações do grupo naquele país, estão entre os sancionados.
“Essas medidas limitarão a sua liberdade financeira, impedindo que cidadãos, empresas e bancos do Reino Unido negociem com eles, além de congelar quaisquer activos mantidos no Reino Unido e proibir viagens”, disse o escritório. Os EUA anunciaram novas sanções contra o grupo mercenário há três semanas.
Os EUA e o Reino Unido frequentemente criticam o grupo Wagner pelas suas actividades desestabilizadoras e exploradoras em África, onde a empresa paramilitar privada tem vários contratos para fornecer segurança em ambientes hostis e instáveis. Altos funcionários, incluindo o secretário de Estado, Antony Blinken, alertaram as nações africanas contra a parceria com o grupo, acusando-o de alimentar ainda mais violência, cometer abusos contra os direitos humanos e desviar receitas de recursos naturais.
“O Grupo Wagner está a cometer atrocidades na Ucrânia, além de agir com impunidade em países como Mali, República Centro-Africana e Sudão”, disse o ministro do Desenvolvimento e África do Reino Unido, Andrew Mithcell, em comunicado. “Onde quer que o Wagner opere, ele tem um efeito catastrófico nas comunidades, agrava os conflitos existentes e prejudica a reputação dos países que os hospedam.”
Em 2019, os mercenários do grupo Wagner chegaram a Moçambique para operar em Cabo Delgado no combate aos terroristas, mas acabaram se retirando sem sucesso, apesar da supremacia aérea total, mobilidade em terra, excelentes comunicações e acesso a equipamento sofisticado.
De acordo com várias fontes, os mercenários do grupo Wagner foram mortos em emboscadas em Macomia e Muidumbe, não obstante a diplomacia russa ter alegado na altura que não teve conhecimento das baixas.
O falhanço da experiência do Wagner em Moçambique, segundo analistas, revela as limitações desta abordagem por parte dos Estados que insistem em recorrer às empresas militarizadas para resolver os seus problemas. (Carta⁄Bloomberg)