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quarta-feira, 19 julho 2023 06:20

Faruco Sadique e a candidatura ao SNJ: “Estou a responder a um apelo de muitos colegas e amigos. Conhecem o meu trabalho sindical”

Faruco Sadique min

É já amanhã, 20 de Julho de 2023, que serão conhecidos os novos órgãos sociais do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), com destaque para o novo Secretário-Geral. Faruco Sadique, um dos candidatos àquele cargo, garante ter o perfil certo para liderar a organização.

 

Em entrevista à “Carta”, o antigo PCA da Rádio Moçambique e da Televisão de Moçambique assegurou que a sua candidatura não tem motivações políticas e que nasce de um apelo de amigos e colegas que reconhecem o seu trabalho sindical, exercido no Diário de Moçambique e no Secretariado Regional Centro do SNJ.

 

Acompanhe, a seguir, os excertos desta conversa:

 

Pode nos dizer o que o motivou a candidatar-se ao cargo de Secretário-Geral do SNJ, depois de ter sido PCA da rádio e televisão pública?

 

FS: A motivação é responder a um apelo que muitos colegas e amigos me fizeram. Acho que conhecem o trabalho sindical que desenvolvi durante muitos anos, tanto como Secretário local no Diário de Moçambique, como membro do Conselho Fiscal do Sindicato Nacional de Jornalistas e como Secretário Regional Centro. Portanto, conhecem esse meu percurso e acharam que me devia candidatar.

 

Quem são esses amigos?

 

FS: Não posso relevar nomes, mas grande parte da minha base de apoio está na cidade da Beira.

 

O SNJ é visto agora como um clube de amigos ou uma associação dos trabalhadores dos órgãos de informação do sector público. Como inverter este cenário?

 

FS: Esta é uma das razões que nos fez apresentar a nossa candidatura, pois, sentimos que deixou de ser um Sindicato Nacional de Jornalistas, no qual os membros se revejam. Também temos os novos órgãos de comunicação social que não têm comités locais do SNJ, estão a funcionar sem incentivar os mais novos a aderir ao Sindicato. Talvez não vejam a importância, mas um Sindicato actuante e forte há-de ser sempre importante para a vida dos jornalistas.

 

Mas de que forma se pode conquistar os mais jovens?

 

FS: É preciso motivar os jovens a ingressarem no SNJ. Mas não pode ser apenas por palavras, também devem ser motivados por acções. O jovem deve perceber que, ao chegar ao Sindicato, por exemplo, tem alguém que o defenda, no dia em que tiver algum problema com a sua entidade patronal. Agora, eu pago cotas e não sinto que o Sindicato me defende, pago cotas e não sinto que o Sindicato me ampara, então esse jovem vai aderir a esse Sindicato? Provavelmente, não. Por isso, temos de fazer, a nível das nossas redacções, algum trabalho que desperte atenção e curiosidade dos mais novos.

 

Quem vai à sede do SNJ hoje só vê um centro de bares. Concorda com este modelo de rentabilização da organização?

 

FS: São essas questões que precisamos de ver juntos quando estivermos lá. Conhecermos, de facto, a realidade do Sindicato e quais são os rendimentos que essas instalações nos dão. O que acho é que o Sindicato deve servir mais aos membros.

 

Quando se olha para sua lista, vê-se pouca juventude. Porquê?

 

FS: Não creio que a minha lista tenha poucos jovens, por um lado, e, por outro, não sei se tens certeza de que todos os jovens que estão nas redacções são membros do SNJ. Muitas das pessoas com as quais falei não são membros do SNJ, pelo que não havia condições de colocá-las na minha lista. Tentei, primeiro, fazer uma abrangência nacional e, segundo, fazer a distribuição dos lugares pela diferença de idade. Agora, não podemos forçar quem não é membro para integrar a lista, porque o estatuto não permite.

 

No seu manifesto, propõe-se a acelerar o processo de aprovação da Carteira Profissional, um projecto que não sai do papel há mais de 10 anos. Como poderá fazê-lo?

 

FS: Precisamos, primeiro, perceber o que, ao longo destes anos, imperou este processo. Todos nós queremos que saia do papel, mas é preciso ver o que está a imperar: se é dentro da própria classe [dos jornalistas] ou se é fora desta. Onde for preciso, vamos actuar colectivamente, se a classe estiver de acordo que precisamos de carteira profissional, então é o primeiro passo. Já é, realmente, muito tempo. Estamos a falar da carteira profissional há quase duas décadas. A carteira profissional ajudará na valorização da profissão do jornalista, principalmente, junto das entidades patronais, de modo que a situação do jornalista esteja bem melhor do que está agora, tanto do ponto de vista contratual, assim como de meios de trabalho. Temos muitos jornalistas com contratos precários e outros que não descontam para o INSS.

 

Será um candidato elegível? Há quem diga que só regularizou a sua situação em Maio…

 

FS: Isso é percepção. Eu tenho minhas cotas em dia.

 

Tem algum comentário em relação ao local da realização desta conferência (Mafambisse)?

 

FS: Se olhares para trás, hás-de ver que as conferências do SNJ sempre foram realizadas na zona centro. A última foi no Inchope, a anterior foi na Beira e a outra foi em Chimoio. É uma opção do Sindicato. Penso que, ao se escolher a zona centro do país, tomou-se em conta a acessibilidade. Acredito que os actuais órgãos do Sindicato devem se ter deslocado ao local para avaliar as condições.

 

Acredita na vitória?

 

FS: Acredito. Os delegados dão-nos essa confiança. Estamos animados com a resposta que temos recebido dos eleitores.

 

Ganhando as eleições, o que fará em primeiro lugar?

 

FS: A primeira acção é fazer com que o SNJ seja uma organização em que os membros se revejam.

 

Perfil de Faruco Sadique: é jornalista do Diário de Moçambique desde 1982, exercendo, agora, as funções de Coordenador Editorial do jornal na Delegação de Maputo. Também foi Chefe da Redacção do Diário de Moçambique, para além de ter assumido as funções de PCA da Rádio Moçambique e Televisão de Moçambique. Já foi Secretário do Comité Local do Diário de Moçambique, membro do Conselho Fiscal Nacional e Presidente do Conselho Regional Centro do SNJ. Em 2009, foi eleito para representar a classe jornalística no Conselho Superior da Comunicação Social. (Abílio Maolela)

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