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O Tribunal Judicial de Nampula deu 48 horas aos pouco mais de 500 comerciantes, na sua maioria estrangeiros, para abandonarem o mercado dos Poetas, vulgarmente conhecido por "Bombeiros". A medida surge em cumprimento de uma decisão do tribunal que dá razão à Organização da Juventude Moçambicana-OJM, a organização juvenil do partido Frelimo que alega ser legítimo dono do espaço, depois de uma longa batalha judicial.
"Servimo-nos deste para dar a conhecer a todos os comerciantes e vendedores do mercado Bombeiros, no Bairro Central, para abandonar o local, retirarem as suas mercadorias existentes nas suas barracas até ao dia 27 de Abril de 2023, sob pena de perderem os seus bens", lê-se no documento datado a 23 de Abril com assinatura do Juiz Fernando Luís Emaga.
Trata-se de um dos principais e importantes centros comerciais da cidade de Nampula, onde pequenos comerciantes das províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e Zambézia recorrem para comprar mercadorias para revenda nas suas regiões.
Consta que alguns comerciantes apresentaram títulos de Uso e Aproveitamento da Terra, até porque outros exercem as suas actividades desde a década 90, mas o tribunal não considerou essa documentação. O mercado dos "Bombeiros" é frequentado por comerciantes oriundos da Somália, Guiné Equatorial, Tanzânia e de outras nacionalidades.
Os comerciantes estão preocupados com a decisão do tribunal e não entendem a razão da medida, uma vez que têm alguns documentos que autorizam o exercício das suas actividades.
Há cerca de sete anos, o mesmo local voltou a ser palco de disputa entre as duas partes e, devido à recusa dos comerciantes em se retirar, deflagrou um incêndio cuja origem não foi explicada e destruiu as bancas e respectivas mercadorias. O corpo de salvação pública não foi capaz de debelar o fogo, não obstante o incêndio ter acontecido nas suas "barbas".
Hoje, no local, está a ser construído um grande centro comercial, pertencente ao grupo Nagi Investimentos, e a opinião pública em Nampula alega ser uma sociedade com o actual chefe do estado, Filipe Nyusi, que também foi Director dos Caminhos de Ferro e docente na Universidade Pedagógica daquela província. (Carta)
