″Crónicas dum Insubmisso″ é a 8ª obra de Hélder Martins, médico de profissão desde 1961 e primeiro titular do Ministério da Saúde em Moçambique. Com 406 páginas, apresentada nesta terça-feira (25) em Maputo, pela Professora Catedrática Jubilada da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Teresa Cruz e Silva, a obra retrata alguns temas vividos intensamente pelo autor.
Para Teresa Cruz e Silva, embora o título da obra seja "Crónicas dum Insubmisso”, a leitura sucessiva dos textos que a compõem leva os leitores a caminhar juntamente com o autor para episódios da sua vida que se ligam a outras das suas obras. Segundo a Professora Catedrática Jubilada, a obra pode ser considerada um livro de memórias com textos resultantes das inúmeras actividades que o autor vivenciou em congressos, entrevistas, entre outros eventos.
Os textos seleccionados para esta colectânea volume I partem dos fins dos anos 50, quando Hélder Martins era estudante de 22 anos na Universidade de Lisboa e vão até 1974, período em que o autor regressa definitivamente a Moçambique.
Para além de aspectos directamente relacionados com a vida do próprio autor, o livro relata ainda sobre o período do Governo de Transição para a independência nacional, as suas actividades ligadas à saúde e educação, reflectindo a sua permanente verticalidade na luta por uma sociedade mais justa e consequente garantia e respeito pelos seus direitos enquanto cidadão.
O autor trata ainda do seu regresso à Tanzânia onde havia vivido um curto período antes da fundação da FRELIMO. Embora os textos sejam resultado de um esforço para colocar de forma equilibrada as questões de carácter temática e por ordem cronológica, isso nem sempre foi possível, havendo por isso algumas vezes uma repetição temática.
O livro é também dedicado aos jovens e por isso tem um carácter pedagógico exemplificado pela forma como o autor se preocupa constantemente em situar cada um dos assuntos tratados num determinado espaço e tempo histórico e documenta alguns episódios da luta de libertação nacional envolvendo não só a FRELIMO, mas também outros movimentos nacionalistas como a UDENAMO de que foi membro.
"Neste livro podemos tirar algumas lições como por exemplo uma chamada de atenção para que não deixemos morrer o património histórico do nosso país e o tratamento dado a algumas figuras como Machel, Mondlane e Marcelino dos Santos″.
Para o autor da obra, o livro retrata os diferentes momentos vividos no período de transição e sendo um livro para jovens é preciso que os mesmos também queiram lutar pela justiça, e se alguma coisa é contra a justiça, eles devem estar contra. ″Eles precisam de ter a coragem de assumir as posições correctas″. (Marta Afonso)