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segunda-feira, 07 novembro 2022 07:43

Crise de combustível no Malawi obriga motoristas a abastecer em Moçambique

combustivel malawi min

A Autoridade Reguladora de Energia do Malawi (MERA) diz que a falta de divisas continua a ser a causa da crise de combustível no país. A crise de combustível no Malawi continua a piorar, com os motoristas passando noites nos postos de gasolina para ter acesso ao combustível.

 

De acordo com a MERA, um carregamento de combustível para o Malawi está há semanas retido nos portos da Beira e Dar-es-Salaam porque o país não tem divisas para pagar o seu combustível. As empresas não conseguiram pagar a mercadoria durante cerca de dez dias, obrigando os governos de Moçambique e da Tanzânia a confiscar a mercadoria.

 

Os regulamentos internacionais estipulam que os países sem acesso directo ao mar devem fazer pedidos com um mês de antecedência e devem estar prontos para pagamentos na entrega, mas os importadores do Malawi, segundo o Director-Executivo da Autoridade Reguladora do Malawi, Henry Kachage, não conseguiram fazer os pagamentos a tempo.

 

“O que falta ao país é moeda convertível. Quando o combustível chega a Beira, em Moçambique, ou ao Porto de Dar-es-Salam, na Tanzânia, há necessidade de retirá-lo imediatamente, mas sucede que tal não tem sido o caso nos últimos tempos devido a desafios relacionados com a falta de divisas. E quando isso acontece, os governos desses países confiscam a mercadoria para os seus armazéns e o resgate nem sempre é fácil”, disse Kachaje.

 

A autoridade acrescentou que o Governo está actualmente a trabalhar com os importadores para estabilizar a situação do abastecimento de combustível. “Os principais importadores de combustíveis do país estabeleceram cartas de crédito e a situação do abastecimento de combustíveis poderá melhorar gradualmente nos próximos dias, mas não é possível avançar as datas”, disse a MERA.

 

A crise de combustível vem acontecendo há meses no Malawi e já suscitou o lançamento de um programa de música do superstar nigeriano Kizz Daniel. O Presidente Lazarus Chakwera já admitiu que a falta de divisas no Malawi é a principal causa da crise.

 

Desde o início do ano, Malawi vive períodos esporádicos de escassez de combustível e a situação agravou-se de tal forma que os motoristas são forçados a passar horas em postos de abastecimento na tentativa de obter a gasolina, ou a atravessar a fronteira para comprar combustível em Moçambique.

 

Outros motoristas compram combustível no mercado negro por cerca de 4 mil kwachas o litro, cerca de 250 meticais, o dobro do preço em vigor.

 

A crise dos combustíveis levou a um aumento das tarifas de transporte e dos preços dos bens essenciais. Chakwera foi vaiado, na última sexta-feira, quando a sua comitiva passou por um posto de gasolina, onde havia uma longa fila de carros esperando combustível.

 

Apesar dos problemas económicos do país, que tendem a piorar diariamente, Chakwera partiu sábado para o Egipto para participar na Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, quebrando as medidas de austeridade por ele adoptadas no segundo trimestre deste ano.

 

Em Maio deste ano, o estadista malawiano lançou uma série de medidas para conter o declínio económico, incluindo a restrição de viagens ao exterior do Presidente e dos funcionários públicos. "Os funcionários públicos, inclusive eu, que precisam de viajar para o exterior em missão de serviço por absoluta necessidade, só poderão fazer mais três viagens durante o restante ano, a menos que seja em casos de extrema necessidade imprevista".

 

As medidas de austeridade que o Presidente Chakwera lançou incluíam o corte em 20 por cento dos subsídios de combustível para os membros do Governo e a restrição do movimento de veículos do Estado depois das 18:00 horas. Mas o porta-voz governamental, Gospel Kasako, defendeu a decisão do Presidente de ir além do número de viagens ao exterior.

 

“A viagem ao Egipto é uma dessas. Há sempre uma análise do que a sua ausência física em determinadas reuniões faria o Malawi perder e quanto a sua presença beneficiaria para o país. Em tais situações somos confrontados com decisões difíceis que devem ser tomadas. Trata-se de obter soluções para os nossos desafios económicos”, disse Gospel Kasako. (Carta)

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