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segunda-feira, 17 junho 2019 06:53

*Os monólogos dos matolenses*

Por razões privadas tenho ido com certa frequência a Matola. No início até que era agradável, pois ficava pouco tempo e voltava. Depois foi um tanto aborrecido. Fico mais tempo e com intervalos espaçosos entre dois compromissos. E para quebrar a rotina, no fim-de-semana passado, liguei a um amigo que se mudou para aquelas bandas já passa um mandato presidencial. Perguntei-o onde podia encontrar um café (não necessariamente um bar/tasca) e estar numa boa cavaqueira a debater o pulsar da Matola e do país. Resumindo: eu queria saber onde é que se debate a Matola e o país na Matola. 

 

O meu interlocutor - um combatente da cidadania (aproveito reivindicar a inclusão desta categoria na tipologia dos combatentes em Moçambique) - denotando alguma estupefacção com a minha ignorância respondeu-me que na Matola estavam com uma outra abordagem: Os monólogos. Uma espécie de colóquios solitários. Repostei que era uma abordagem interessante. Desliguei e perguntei cá para meus botões: Agora o que faço? Enveredar pelo solilóquio? Apostar pelo bar mais próximo? 

 

Antes da decisão fui reflectindo sobre a nova abordagem dos matolenses. Decidi começar pelo próprio termo: Monólogos. Lembro-me de duas ocasiões em que me confrontei com esta palavra. A primeira foi na escola secundária na aula de língua portuguesa. E a segunda foi através de uma peça de teatro, creio do Grupo de Teatro Mutumbela Gogo, cujo título era “ os Monólogos da Vagina”. A primeira hipótese, porque longínqua, descartei. A segunda apresentava sinais que se encaixavam com uma das bandeiras-estandarte da Matola: Os fóruns extra-conjuntural (ditos escondidinhos/hospedagem interina). Estes são os espaços de debate da Matola? afinal, tais monólogos são momentos de reflexões ou de flexões? 

 

Animado pela cogitação e inspirando em Mário Soares, um falecido estadista português dos tempos contemporâneos, ponderei outras hipóteses. Soares, falando do balanço do seu percurso cívico-político (e dos companheiros) de luta pela democracia nos tempos da ditadura de Salazar, disse: “…Passados tantos anos, pode afirmar-se que raros, raríssimos, foram os que traíram. Muitos se acomodaram, cansados pela dureza da luta ou vergados às exigências do ganha-pão que…vem quase sempre acompanhado de abdicações”. Partindo de Soares, pensei: O meu ilustre amigo terá abdicado da sua luta? Se for verdade, terá sido pelo cansaço das exigências do exercício de cidadania? Foi nomeado um PCA de uma empresa pública? A opressão dos engarrafamentos e a sujeição de viver na principal camarata do país não estarão a perturbar os matolenses? 

 

As interrogações continuaram. E porque ainda não me sentia confortável continuei a ponderar outras hipóteses. Debalde. Decidi ficar por onde estava e a sorver suculentas tangerinas. De repente e do nada, talvez impelido pelo suco das tangerinas que me agitou o cérebro, vêem-me a memória o saudoso poeta José Craveirinha, recentemente aniversariante. Na verdade, e a propósito dos monólogos dos matolenses, lembrei-me da pergunta “uma população que não fala não é um risco?” de um dos gomos (trechos) do poema “as saborosas tangerinas de Inhambane”. Ainda em transe filosófico, adicionalmente questiono: E os monólogos dos matolenses não são um risco? 

 

Quando dei por mim já era um matolense: estava em pleno e total monólogo. Antes que me adoidasse pensei em ligar ao meu amigo. De certeza que depois de cada sessão solitária em algum momento existiria uma plenária. Duas ou mais insistências atendeu e disse que as plenárias também tinham outra abordagem: decorriam nas urnas e que a próxima plenária seria em meados de Outubro próximo. Ele terminou a chamada – não esperou que o remetente exercesse esse direito soberano – referindo que a última plenária foi no passado mês de Outubro de 2018.

 

Recuei no tempo e compulsei o relatório da dita última plenária da Matola. Depois de aturada leitura e avaliando os resultados e o ambiente sereno do pós-anúncio dos mesmos é caso para perguntar: Os monólogos dos matolenses constituem uma nova forma de participação política? Não tenho a resposta mas por enquanto e a quem interessar - antes que os monólogos sejam à escala nacional - o aviso à navegação já foi emitido. 

 

Na portagem - de regresso a capital e em contramão com os matolenses - dei por findado o meu colóquio solitário, avocando e concluindo que o lema “A Matola Primeiro” já fazia algum sentido e a trazer resultados. Por enquanto e como ponto de partida: a Matola como pioneira em novas abordagens de intervenção nos processos eleitorais. 

sexta-feira, 14 junho 2019 06:15

Assim não, PODEMOS

Bem que podíamos, tudo estava ao nosso dispor. Faltava é consubstanciar-se, tal sonho dos jovens, da sociedade civil e até dos Órgãos de Comunicação Social. Todos nós ficámos à espera, ora serenos ora aflitos. A informação, trancada a quatro chaves, tardava. Por isso desse todo rebuliço – o espectáculo de especulação e uma acentuada crise de espectativas. Queríamos só ter a certeza, ver aquilo estampado no rosto das nossas telas, como foi com Nyusi e Momade (os outros pouco interessam).

 

Ficar à espera é de uma tortura louca e inquietante. Nós – homens e mulheres com sede da mudança – antes do anúncio ficámos como ficam aqueles sem motivos para viver: desarrumados, tristonhos, deselegantes, indo e vindo a toa, sem qualquer graça. Esperávamos o propalado jovem filho daquele dedo sempre em riste para as nossas vidas voltarem a tocar nos carris. E não era difícil apenas acordar e no mesmo silêncio e improdutividade dormirmos. Sabíamos que o dia iria chegar. O dia em que os nossos ânimos iam se elevar e, engajados, cada um faria a sua máquina produtiva desenvolver o país. Os mais optimistas, sempre existem, já estavam adiantados na celebração, vaticinando um 15 de Outubro impróprio para os que temem a Nova Era: um novo cartão e uma nova Sede (não ali na Coop). Já se preparavam, inclusive, para ter as novas camisetas, bandeiras e o próximo passo era procurar o Mahel para algumas aulas de canto de forma que o hino fosse entoado como se bem merece. Os mais optimistas ainda já tinham iniciado contactos com gráficas e outros provedores de serviços para uma campanha impecável e já tinham contactado jovens gestores e economistas, dos melhores, para calcularem o preço da vitória.

 

Tudo isso, de dia para noite, reduziu-se à cinza. O sonho de alcançarmos a nossa independência juvenil, com políticas contemporâneas, o respeito às leis e a estabilidade militar e económica tornou-se um aborto espontâneo. Fracassamos antes mesmo de sair a rua, imbuídos de certeza e firmeza, clareza e leveza, destreza e crença de que o futuro seria a cópia dos nossos sonhos. Mais do que cânticos, camisetas e folhetos o que nos interessava partilhar com os moçambicanos era a consciência do “basta”, do “jamais será o mesmo”, do “agora é que vamos vencer” e do que “o futuro é agora”.

 

Quando vi aquele outro jovem, pálido e sem expressão; com o casaco a lhe rastejar e não ele andar; com um ar doentio e sem espalhar nenhuma determinação não me fiz de rogado, tive a certeza, estava claro como as águas cristalinas: assim não PODEMOS.

 

Como PODEMOS? Com um jovem frustrado enquanto músico e apontado dedos por qualquer um, quem queira, acusando-o de mesquinhices e “domestiquices”. Claro que aquele foi o tiro ao nosso próprio pé. É claro que não PODEMOS.

 

Com o outro pouco se sabe do que houve, nem pretendo especular. Mas que foi de uma traição digna das telas de Hollywood isso foi. Se fosse um filme, na certa mereceríamos um Óscar na categoria do inusitado ou do inesperado. Imagino então na cerimónia, lá na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, o mestre de cerimónias gritando: “o melhor filme inesperado é o PODEMOS e o prémio vai para Dinho XS”, e com um ar humorístico – característico daquelas apresentações – “aliás, Hélder Mendonça”.

 

E (continuo) imaginando, na primeira fila, Samito de mãos dadas com a Graça sem aplaudir aquela vergonha. Nós também. Nós não aplaudiríamos, como não aplaudimos naquele dia ali no Conselho Constitucional.

 

Até queríamos, mas não pudemos… porque assim não, PODEMOS!

Elcídio Bila

Então, podemos assumir de uma vez por todas que este truque de cuspir sobre a imagem do adversário faz mesmo parte do marketing político nacional. Que ser Assessor Político de um partido ou candidato, de manhã, e Analista Político "imparcial", a noite, é normal. Que é eticamente aceitável viajar na comitiva do candidato do "governo do dia", como seu estratega, hoje, e ser convidado a falar da vida do candidato da oposição, como cientista político, amanhã. 

 

É que desde os primórdios tempos dos Gê-40 Seniores tenho estado a assistir este fenómeno por aqui - gastar tempo e dinheiro cuspindo sobre a imagem do adversário em forma de análise. Parece que a cena funciona assim: Se não consegue limpar a bota do seu patrão, então suja a bota do adversário. Ou seja, se a bota do boss está tão suja que não dá para limpar, então procure a bota do adversário do seu patrão e cague nela. Se não consegue puxar o saco de quem paga, então encontre o saco do adversário e rasgue.

 

Podemos, então, apelidar este serviço inovador de "cuspe-botismo". Uma espécie de aplicativo do lambe-botismo moderno exacerbado. Um kiwismo tecnologicamente muito avançado. É como se fosse um Android na escova.  

 

Foi isto que vimos há uns dias numa dessas tê-vês da praça: um "cuspe-bota" que foi à uma televisão, pura e simplesmente, para cuspir ranho-com-escarro ao adversário do patrão. Assim tipo um cientista contratado por um certo partido para fazer análises profundas e promover a sua boa imagem ir a imprensa para "desanalisar" a saúde do partido adversário, num momento em que o seu próprio partido também necessita de análises muito mais profundas, sérias e urgentes. O truque agora é emiscuir-se e desdenhar o adversário. Fofocar boatos com base em rumores. 

 

Parece que o "cuspe-bota" tem de nascer com o cérebro no talhão do intestino grosso. A criatividade destes jovens - quando o assunto é comer mahala - não val'apena... Nem dá para acreditar que o seu DUAT encefálico está correcto. É muita criatividade, gente! 

- Co'licença!

quarta-feira, 12 junho 2019 14:08

A revolta dos beneficiários

Elísio Macamo, sociólogo moçambicano, conta num dos seus livros que numa das aldeias da província de Gaza, uma senhora idosa perguntou – com ares de impaciência – quando é que a independência acabava tal era o estado de precariedade em que se viu metida – e já não vislumbrava saída alguma - desde 1975, o ano da independência do país. A senhora ainda perguntou sobre o que é feito e o impacto dos programas de combate a pobreza do Governo, ONGs e dos doadores em que ela é uma das potenciais beneficiárias. Esta última parte não consta no livro.

 

A pergunta da senhora idosa levou-me a um artigo publicado num dos jornais da praça. Nesse artigo eu contava que um certo amigo das lides do árduo combate contra a pobreza em Moçambique - cuja arena são as unidades hoteleiras e não as agrícolas – confessou o seu medo pela lista de presenças, vulgarmente tratada por lista dos participantes. O pavor é tal que ele já não assina a lista nas conferências em que participa ou até organiza e muito menos participa na sessão da foto de família. Arranja logo algum subterfúgio quando a lista chega às suas mãos quer à entrada, quer já aclimatado para mais uma espinhosa missão no combate a pobreza. 

 

O amigo revelou que a fobia começou depois de um sonho tão real. O sonho Acontece em 2025, o último ano da AGENDA 2025, um documento orientador de longo prazo aprovado pela AR em 2003/4 nos tempos do presidente Chissano. Este documento traça as opções que Moçambique devia seguir rumo ao almejado desenvolvimento. Em outras palavras e no mínimo: um país sem pobreza. 

 

Vamos ao sonho. Numa bela manhã de segunda-feira o país acordou com 11 pessoas assassinadas com requintes de malvadez, sendo uma em cada província, incluindo a Cidade de Maputo, e no hotel mais requintado de cada cidade capital. Foram 11 capitais, 11 hotéis, 11 mortes. Um horror. As vítimas – destacáveis combatentes do debate hoteleiro contra a pobreza – estavam penduradas de cabeça para baixo nos lastros dos sumptuosos candeeiros das principais salas de conferência de cada hotel. Na testa de cada uma das vítimas e na tela de cada sala estavam estampados em letras garrafais e com recurso ao sangue – ainda fresco - das vítimas: “R.B”. 

 

O que significa R.B? Quem são? Porquê mataram? Quem são os que foram assassinados? São algumas das questões que dominaram o quotidiano e as reportagens da imprensa. A polícia entrou em acção no encalço dos presumíveis autores com as mesmas questões. Uma equipa composta por diversas especialidades foi formada e, em sete dias, devia apresentar um relatório pormenorizado sobre o crime. No oitavo dia o chefe da equipa de investigação anunciou os resultados numa concorrida conferência de imprensa. 

 

Quais foram as conclusões? A polícia, depois de aturadas investigações nos locais de trabalho dos assassinados, descobriu que em todas as cópias dos relatórios dos seminários/workshops não se encontrava a última página ou um anexo, referente à relação dos nomes, endereços, contactos, local de trabalho e função do pessoal que participou no evento a que cada relatório fazia referência: era a famosa Lista de Participantes em falta. 

 

Um outro dado revelado pela polícia foi um documento, designado confidencial, encontrado num dos hotéis onde ocorreram as mortes. Esse documento inclui uma lista longa, e por província, de nomes de pessoas a abater. A lista estava por ordem regressiva em relação ao número de vezes que cada um terá participado num seminário sobre o combate à pobreza ou que aqui desaguaria. Por coincidência, as 11 vítimas - destacados militantes da sociedade civil e da administração pública na luta contra a pobreza - eram as primeiras nas listas de cada província. 

 

A polícia terminou a conferência de imprensa apelando a calma. E para evitar o pânico generalizado na sociedade e nas famílias dos visados na lista de cidadãos a abater, a polícia informou que não publicaria os nomes mas que começaria a tomar medidas para proteger os alistados. Sobre a sigla “R.B”, a polícia referiu ter apurado que a mesma significa: Revolta dos Beneficiários. O eterno grupo-alvo, incluindo a senhora idosa, do combate contra a pobreza. Uma agenda de barba branca e rija de entidades governamentais e não-governamentais, nacionais e internacionais.

 

-É por isso que eu tremo quando estou diante de uma lista de presenças para assinar. Temo constar da lista da Revolta dos Beneficiários que a polícia descobriu num dos hotéis. O pavor é tanto que chego a sonhar que tive acesso a lista completa. Com estas palavras o amigo terminou o relato da razão da sua fobia. Desde esse dia também passei a ter receio, optando algumas vezes em faltar aos eventos. 

 

P.S: Conto isto porque depois de um longo interregno decidi matar as saudades e fui a um seminário na semana passada. Estava consciente que não iria assinar a lista de presenças e nem fazer parte da foto de família. Logo que cheguei ao local do evento notei que a metodologia continua a mesma. Fui interpelado pelo protocolo para assinar a lista. Felizmente não assinei, graças ao cumprimento efusivo de um outro participante. Não tive a mesma sorte quando já estava sentado. A moça – sempre escolhida a dedo - que me entregou a lista até estranhou a minha hesitação e o jeito trémulo ao assinar. E como sempre, o seminário abriu, decorreu e fechou dentro da normalidade e “gastromicamente” intercalado pelos nutritivos intervalos de café e almoço e no final, já noite, por um soberbo cocktail. Escuso dizer que o epílogo foi bem “à nossa e numa boa maneira”. 

quarta-feira, 12 junho 2019 07:04

Somos nós que NÃO-PODEMOS!

- Ahhh, porque Dinho parou de cantar de repente sem dar explicações enquanto nós ainda gostavamos das suas músicas; 

 

- Ahhh, porque Dinho deu um espetáculo no pavilhão da Maxaquene e não ficou cheio por causa do preço alto do bilhete; 

 

- Ahhh, porque Dinho fez um vídeo-clip com a camisa desabotoada e calções curtos na praia; 

 

- Ahhh, porque Dinho é desafinado; 

 

- Ahhh, porque Dinho fez um vídeo-clip nas dunas;

 

- Ahhh, porque nos vídeos de Dinho apareciam mulheres semi-nuas; 

 

- Ahhh, porque quando Dinho ganhou disco de platina não veio agradecer publicamente; 

 

- Ahhh, porque Dinho não conseguiu gerir a sua própria "leibol";

 

- Ahhh, porque Dinho abriu uma loja de roupa de grife que não dá lucro; 

 

- Ahhh, porque Dinho teve problemas com a Neyma, a nossa diva da marrabenta, e não pediu desculpas publicamente; 

 

- Ahhh, porque Dinho nunca apareceu no "feicibuki" a defender uma ideia, a participar duma manifestação ou campanha de limpeza; 

 

- Ahhh, porque Dinho e PODEMOS não têm expressão; 

 

- Ahhh, porque Dinho etecetera; 

 

- Porque etecetera e; 

 

- Etecetera. 

 

POR ISSO MESMO, quem deve se candidatar é o "Indivíduo-Quê", aquele do relatório codificado da Kroll.

 

- Ai sim?! Mas por quê? 

 

- Ahhh, porque esse tem capital político. 

 

O problema não é o Dinho-Eks-Esse. O problema somos nós que pensamos que PODEMOS mudar sem fazer diferente. Não é o Dinho que precisa de capital político para se candidatar, somos nós que precisamos desse famigerado "capital político" para sermos cidadãos. Somos nós que NÃO-PODEMOS!

 

- Co'licença!

 

 

Relativamente a notícia publicada pelo vosso jornal, na edição da segunda-feira (10 de Junho), segundo a qual ”Funcionários denunciam apartheid na Universidade Joaquim Chissano”, analisando profundamente os argumentos ali arrolados e, com devido respeito por opinião contrária, partilho o seguinte entendimento. Fica mais uma vez provado que, o que esta em causa, na naquela Instituição Pública de Ensino Superior, não tem que ver, nem com a falta de capacidade para dirigir a Universidade Joaquim Chissano, de forma “sábia e humilde” e, nem com falta de “capacidade de liderança”, por parte do  Reitor, Professor Doutor José Magode, como se pretende transluzir. Não precisa de inteligência destacada para ver que, as justificações apresentadas, são vazias, infundadas e subversivas à ciência. Elas não são academicamente éticas. Ora vejamos:

 

  1. Introduzir novos cursos num país e contar com docentes estrangeiros na coordenação científica (sempre que não haja capacidade nacional) é normal, aceitável e desejável numa instituição nova (que transita de Instituto Superior para Universidade), sobretudo quando os cursos são ministrado na perspectiva de capacitação institucional, (para que futuramente, a instituição venha a oferecer os mesmos cursos de forma autónoma).  Numa instituição pública de Ensino Superior, não creio que seja desejável advogar que, novos cursos, na sua fase embrionária e, sobretudo contando com professores estrangeiros, devem a prior gerar receitas/lucros. Não se trata de negócio. Trata-se de formar graduados com capacidade de dar resposta às necessidades das instituições moçambicanas.
  2. Relativamente as escolhas para os cargos de direcção e, atribuição de bolsas, um Reitor, percebendo que, a instituição que dirige, precisa de planificadores de verdade, aqueles que terão a certeza e o arrojo de que, empenhados, a instituição será mais próspera e não andará entre avanços e recuos, tem as suas “liberdades” na escolha conforme critérios de conveniência, oportunidade e justiça, próprios da autoridade.
  3. Como académicos de longa estrada (tal como sugere a carta), não devia parecer constituir novidade para os contestatários que, o Presidente da República de Moçambique, goza do poder discricionário, de nomear, “quem quer que seja”, para o cargo de Reitor, de uma Universidade Pública, não ignorando, naturalmente, os limites estabelecidos em lei. Portanto, na nomeação do Reitor e Vice-Reitor, respectivamente, daquela Universidade, o Presidente, não tinha a obrigação de consultar, nada, aos autores da referida missiva.
  4. Igualmente, não há problema nem ilegalidade, em que um Reitor leccione em todos os graus académicos da instituição que dirige, sempre que não falte capacidade intelectual para tal.  É muito bom que o Reitor leccione a todos os níveis (Licenciatura, Mestrado e Doutoramento). Assim, o Reitor mantém um permanente contacto, com os estudantes, e tem uma fotografia geral da qualidade e realidade académica, dos cursos, na instituição que sabiamente dirige.