Perto de quatro mil trabalhadores da Açucareira de Xinavane estão em greve desde 31 de Janeiro último. Em causa está o reajuste salarial e o pagamento de bónus referentes aos últimos dois anos.
Dos cerca de quatro mil trabalhadores, está Adino Salvador que, tanto como os outros, se dedica à produção de cana-de-açúcar em toda a sua cadeia, há 15 anos. Em entrevista telefónica, esta segunda-feira, contou à “Carta” que a greve resulta da não satisfação das referidas exigências numa carta encaminhada, em Agosto de 2021, à direcção da Tongaat Hulett, companhia sul-africana que gere a açucareira.
“Desde Agosto do ano passado, pedimos a mudança de categoria, o que permitiria o aumento salarial dos actuais 4.500 Meticais para 7.000 Meticais, pois, a empresa é do grupo «A». Além disso, desde 2020 não auferimos o bónus referente ao alcance de metas de produção de cana-de-açúcar, por campanha”, queixou-se Salvador.
Segundo o trabalhador, um dia depois do início da greve, a direcção da Tongaat Hulett, em Xinavane, interpelou os manifestantes para informar que iria responder às exigências feitas, mas sem precisar datas. Passados três dias, a empresa continuou no silêncio e os trabalhadores também foram revindicando.
“Entretanto, no último fim-de-semana, sábado e domingo, o Director da empresa convocou uma reunião. Fomos mais uma vez apresentar as nossas preocupações. O Director voltou a prometer satisfazer as necessidades, mas sublinhou que a decisão compete à direcção máxima da companhia, sediada na África do Sul”, relatou Salvador.
O grevista contou que integra um grupo de chefes de famílias, de idades que variam entre 25 a 65 anos. Assinalou ainda que a satisfação das necessidades é uma exigência urgente, pelo que, sem a resolução dos problemas, a greve irá continuar.
“A greve vai continuar, sem tumultos. De forma pacífica, iremos continuar a exigir que a empresa satisfaça as nossas exigências. Amanhã [hoje], por exemplo, todos nós os trabalhadores em greve iremos nos concentrar defronte ao gabinete da Direcção para, pacificamente, exigirmos o aumento salarial e o pagamento de bónus”, concluiu Salvador.
Entretanto, até ao fim do dia desta segunda-feira, “Carta” tentou sem sucesso obter a reacção da Direcção máxima da Tongaat Hulett em Xinavane. (Evaristo Chilingue)