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sexta-feira, 30 abril 2021 06:46

Obras estão atrasadas pelo menos um ano - Total

O projecto de exploração de gás natural da petrolífera francesa Total no norte de Moçambique irá sofrer "pelo menos um ano de atraso", disse ontem o diretor financeiro do projecto, numa conversa com analistas financeiros.

 

"Claro que estes eventos terão impacto no calendário do projecto e, nesta fase, estimamos que este impacto será de pelo menos um ano de atraso", disse Jean-Pierre Sbraire, citado pela agência de notícias AP.

 

Assim, o arranque da exploração e exportação de gás natural está agora previsto para nunca antes de 2025, segundo as declarações do responsável.

 

"Declaramos 'força maior' e estamos a gerir a situação com os subempreiteiros para minimizar as despesas até termos clareza sobre a situação", acrescentou Jean-Pierre Sbraire, referindo-se à declaração que permite legalmente a suspensão das obras e do contrato de concessão assinado com o governo de Moçambique.

 

"Esperamos que as acções tomadas pelo governo de Moçambique e pelos seus parceiros regionais e internacionais permitam a restauração da segurança e a estabilização da província de Cabo Delgado de uma forma sustentável", disse ainda, referindo-se à necessidade de garantir a segurança dos trabalhadores numa região que desde 2017 tem sido assolada por insurgentes.

 

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

 

O mais recente ataque ocorreu em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

 

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projecto de gás com início de produção previsto para 2024, avaliado em 20 mil milhões de euros, e no qual estão ancoradas muitas das expetactivas de crescimento económico de Moçambique na próxima década. (Lusa)

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