Seis dias depois da “bombástica” declaração dos bispos católicos em torno dos ataques terroristas na província de Cabo Delgado, o Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, reuniu-se com os membros da Conferência Episcopal de Moçambique, a fim de discutir com estes a degradante situação humanitária naquele ponto do país.
A reunião (secreta) teve lugar esta quinta-feira, em Maputo, e, de acordo com o comunicado de imprensa (surpresa) emitido pela Presidência da República, no final do encontro, o mesmo foi solicitado pela congregação, com o objectivo de “abordar assuntos de carácter social”. Entretanto, “Carta” sabe que a reunião visava reagir à missiva da Conferência Episcopal de Moçambique, cuja repercussão é internacional.
Os bispos católicos, lembre-se, reuniram-se na passada sexta-feira, na sua primeira Sessão Plenária da Conferência Episcopal de Moçambique, em 2021, tendo deplorado a degradante situação humanitária que se vive em alguns distritos da província de Cabo Delgado.
Na sua missiva apontaram a falta de transparência na gestão dos recursos naturais, como a fonte do descontentamento, divisão e de luto naquela província, que é assolada pelo terrorismo desde Outubro de 2017. Sublinharam ainda que a situação faz crescer e consolidar a percepção de que “por detrás deste conflito há interesses de vária natureza e origem, nomeadamente de certos grupos de se apoderarem da nação e dos seus recursos”.
De acordo com o comunicado de imprensa enviado pela Presidência da República, Filipe Nyusi agradeceu a disponibilidade da Conferência Episcopal de Moçambique, em dar-lhe a conhecer os resultados da sua recente Sessão Plenária. Refere ainda que o Presidente da República saudou a “prontidão” dos bispos católicos, afirmando: “esse gesto mostra a sua preocupação em procurar soluções colectivas para o país, contribuindo como parte da sociedade, para em conjunto encarar os desafios que o país enfrenta”.
Já o Bispo de Xai-Xai e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, D. Lúcio Andrice Muandula, citado pela nota, garantiu que, durante a audiência, o Presidente da República mostrou-se estar atento às necessidades da juventude.
“A Igreja gostaria que a juventude vivesse uma vida diferente da que está a viver, por isso encorajamos o povo, em particular a juventude, no sentido de procurar cultivar as suas esperanças e sonhos, e trabalhar para que se realizem”, disse o prelado, citado pela Presidência da República.
Refira-se que os ataques terroristas, na província de Cabo Delgado, já causaram a morte de mais de 2.500 pessoas e a deslocação de mais de 700 mil indivíduos, para além da destruição de diverso património público e privado. (Carta)