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segunda-feira, 05 abril 2021 03:03

Invasão a Palma: Sobreviventes narram momentos arrepiantes

“Não há palavras para descrever o que vivi” é o resumo do que se pode dizer dos momentos arrepiantes e de tristeza testemunhados por milhares de pessoas que se encontravam na vila de Palma, no dia 24 de Março, data em que os terroristas invadiram a vila.

 

Sufo Nvita é um dos sobreviventes do ataque e conta que fazia parte de um grupo de cerca de 50 pessoas que se decidiram esconder na região de Pundanhar, porém, com a intensidade dos tiroteios e com a maior circulação de helicópteros, acabaram caminhando até à vila-sede do distrito de Nangade.

 

Diz não haver palavras suficientes para descrever o que viveu na pele durante os últimos 10 dias, porém, partilha alguns momentos: “Caminhamos seis dias a pé, bebíamos água das lagoas e poucas vezes encontrávamos algo para pôr na boca”, diz, sublinhando que caminhavam durante a noite para não se cruzarem com os insurgentes.

 

Para Nvita, que já se encontra em Pemba, o difícil não foi percorrer mais de 100 Km que separam as vilas de Palma e Nangade, mas o facto de ter perdido alguns companheiros (em especial crianças) durante a caminhada devido à fome.

 

“Perdemos cinco pessoas no caminho e só levámos ramos de árvores para cobrir os corpos”, narra com olhos banhados de lágrimas.

 

Já Nchamo Abacar, de 38 anos de idade e mãe de duas crianças, garante ter passado duas noites na mata, antes de ser ajudada por um grupo de homens até à Península de  Afungi, de onde partiu até á cidade de Pemba.

 

Sublinha também não ter palavras para descrever o que viveu naquele distrito. Sublinha, aliás, ainda não ter localizado a sua família, pelo que continua no Centro Provisório de Deslocados, na companhia dos seus filhos.

 

À “Carta” disse também não saber para onde foram os seus tios, com quem vivia na vila de Palma, pois, estes desapareceram da vila logo depois do início do ataque. (Carta)

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