Se alguém pensava que com a redução do número de infecções pelo novo coronavírus, internamentos e, consequentemente, óbitos, o Governo moçambicano pudesse relaxar algumas das actuais medidas restritivas enganou-se redondamente.
Com base em “critérios científicos”, o Chefe de Estado anunciou, esta segunda-feira, a manutenção de todas as medidas anunciadas no passado dia 04 de Março, algumas delas em vigor desde 15 de Janeiro último, ou seja, há 81 dias.
Assim, de acordo com as actuais medidas restritivas, mantêm-se encerrados os bares, ginásios, piscinas públicas, praias, igrejas, discotecas, barracas de venda de bebidas alcoólicas, salas de jogo, casinos, cinemas, museus, salas de teatro e galeria.
Os restaurantes, centros comerciais e bottle stores continuam com os horários de funcionamento reduzidos, enquanto os campeonatos nacionais de várias modalidades desportivas também continuam suspensos.
Segundo Filipe Nyusi, a decisão visa “evitar que se repita a situação dramática que vivemos nos meses de Janeiro e Fevereiro do corrente ano”, em que o país assistiu a um crescimento geométrico do número de infecções, internamentos e óbitos, após o relaxamento das medidas durante a quadra festiva.
Na sua comunicação de 16 minutos e 24 segundos, proferida no início da noite de ontem, o Presidente da República explicou ainda que a decisão deriva do facto de três dos quatro indicadores de monitoria da Covid-19, em Moçambique, estarem em níveis de alerta. Sem especificar quais estão em níveis de alerta, Nyusi limitou-se apenas a enumerar os referidos indicadores de monitoria: proporção de camas ocupadas nos Cuidados Intensivos; taxa de positividade das amostras testadas; número de dias-teste disponíveis e número de dias de equipamento de protecção individual disponíveis.
Até esta segunda-feira, o país contava com 70 hospitalizados devido à Covid-19, não havendo dados em relação ao número de pacientes internados nos Cuidados Intensivos. Também não há dados (públicos) em relação à quantidade de testes disponíveis, assim como não há qualquer informação em torno da disponibilidade do equipamento de protecção individual para os profissionais da saúde da chamada “linha da frente” no combate ao novo coronavírus. O único dado público é a taxa de positividade, que está fixada, actualmente, em 1,1% e, em Março, atingiu 1,6%, a maior desde a declaração do primeiro caso.
Refira-se que o país conta, actualmente, com um cumulativo de 68.227 casos positivos do novo coronavírus, dos quais 10.207 estão activos. Até ao momento, 57.234 pessoas recuperaram da Covid-19 e 782 perderam a vida. (Carta)