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segunda-feira, 29 março 2021 03:43

As reacções à volta do ataque à Vila de Palma

Multiplicam-se as reacções em torno do ataque terrorista à vila-sede do distrito de Palma, norte da província de Cabo Delgado, que teve lugar na tarde da passada quarta-feira. De quase todas as partes do mundo, chegam mensagens de conforto à população de Palma, assim como de encorajamento às Forças de Defesa e Segurança (FDS), que continuam no terreno a impedir a ocupação efectiva daquela vila-sede.

 

Na passada sexta-feira, o Governo dos EUA emitiu uma nota de imprensa na qual, para além de condenar com veemência o sucedido, expressa a sua solidariedade para com a população da vila de Palma e às FDS que se encontravam no terreno a travar as investidas do inimigo.

 

O Governo norte-americano manifestou, na comunicação, a sua preocupação com o facto de continuar-se a registar ataques terroristas na província de Cabo Delgado. De seguida, disse continuar a acompanhar a situação, realçando que se mantém empenhado em trabalhar com o Governo moçambicano para combater o extremismo violento.

 

“O Governo dos Estados Unidos continua a acompanhar a situação e mantém-se empenhado em trabalhar com o Governo de Moçambique para combater o extremismo violento e garantir a segurança e prosperidade para todos os seus cidadãos e residentes”, lê-se na nota dos EUA.

 

Citada pela agência Lusa, a porta-voz da União Europeia (EU) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Nabila Massrali, disse, por sua vez, que tomara conhecimento do assunto e que estava a fazer o devido acompanhamento.

 

"A delegação da UE está em coordenação com os Estados-membros representados localmente, com as organizações da ONU e com as autoridades locais para avaliar a situação e as necessidades no terreno, inclusive no que respeita a quaisquer cidadãos da UE que possam estar presentes" na região afectada, afirmou Massrali, citada pela Lusa.

 

Mas as reacções não ficaram por aqui. No passado sábado, a multinacional francesa, a Total, anunciou o recuo da decisão da retoma das operações. Os ataques terroristas ocorridos naquele ponto do país estão na origem da decisão, explicou a petrolífera francesa.

 

Até este domingo, a Total não falava de vítimas mortais entre o pessoal que trabalha no local do projecto, que dista a pouco mais de 25 Km da vila de Palma, epicentro dos ataques. E perante o cenário, a petrolífera francesa decidiu reduzir os “trabalhadores ao mínimo”, sublinhando que a segurança é a prioridade primária.

 

Os ataques da última quarta-feira à vila de Palma também agitaram as águas na vizinha África do Sul. Em declarações à imprensa, a porta-voz do Ministério da Cooperação e Relações Internacionais da África do Sul, Lunga Ngqengelele, garantiu que o Governo do seu país estava a acompanhar a situação, isto depois de ter sido confirmada a morte de um cidadão sul-africano e existência de um outro grupo que se encontrava sitiado.

 

Citada pelo jornal Daily Maverick, Lunga Ngqengelele anotou que, através da representação diplomática em Maputo, estavam a ser prestados serviços consulares com intuito de encontrar formas de garantir o regresso dos seus concidadãos.

 

Refira-se que, de acordo com informações que nos chegam do local, os ataques continuam longe de cessar e, por outro lado, a par da resposta das Forças de Defesa e Segurança (FDS), decorre a evacuação dos sobreviventes, bem como dos trabalhadores das empresas afectas ao projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL), liderado pela multinacional francesa, a Total.

 

Continuam escassas as informações relativas aos danos, sejam eles humanos ou materiais, decorrentes dos ataques protagonizados pelos ISIS-Moçambique, tal como catalogou o Governo dos Estados Unidos da América (EUA).

 

Entre sábado e domingo chegaram, à capital provincial de Cabo Delgado, milhares de cidadãos que sobreviveram aos ataques e que foram resgatados numa operação conjunta entre as FDS e a DAG (Dyck Advisory Group), empresa privada de segurança- que dá suporte às FDS, e às equipas da Total, isto depois de três dias de intensos combates. Só neste domingo, desembarcaram 1.800 pessoas no Porto de Pemba, provenientes de Palma.

 

Na passada sexta-feira, uma caravana de resgate que saía da vila de Palma foi atacada, tendo, na sequência, perdido a vida sete pessoas e um número não especificado de feridos, entre graves e ligeiros. De acordo com relatos que nos chegaram, era possível ver corpos de adultos e crianças nas ruas naquela vila.

 

Entretanto, este domingo, a Voz da América fala de 40 a 50 estrangeiros assassinados, numa emboscada orquestrada pelos terroristas a uma caravana que tentava sair dos arredores de Palma. Pânico, falta de coordenação e decisão “tonta” conduziram ao “desastre total”, quando os terroristas emboscaram uma coluna de 17 veículos que tentavam sair daquela vila. (Carta)

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