Mais um membro influente da autoproclamada Junta Militar da Renamo, grupo dissidente da principal força política moçambicana, decidiu abandonar as armas e abraçar o acordo de paz em Moçambique, foi ontem anunciado.
Trata-se de André Matsangaíssa Júnior, sobrinho do primeiro presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), André Matsangaíssa, e que acompanhou Mariano Nhongo, líder do grupo dissidente, na sua primeira aparição anunciando a criação da Junta Militar, ostentando uma AK47.
"O objetivo que me trouxe aqui é a paz no centro de Moçambique", disse à comunicação social André Matsangaíssa Júnior, momentos após uma reunião com o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, na Presidência da República.
Matsangaíssa Júnior é o terceiro rosto da autoproclamada Junta Militar da Renamo que se rende, depois de João Machava e Paulo Nguirande, dois outros membros influentes daquele grupo que contesta a liderança da Renamo e acusa o atual líder do partido de ter desviado o espírito das negociações de paz com o Governo.
Para o chefe de Estado moçambicano, a rendição de Matsangaíssa deve servir de exemplo para os grupos que ainda estão nas matas, acrescentando que a paz é uma ambição comum entre os moçambicanos.
"Quero felicitar ao André Matsangaíssa Júnior por ter decidido voltar ao convívio normal dos moçambicanos. Vou também felicitar as Forças de Defesa e Segurança pelo facto de não pensarem que as vitórias se fazem sacrificando a vida de uma pessoa", afirmou Filipe Nyusi, acrescentando que se trata de uma vitória para o processo de paz.
O acordo de paz em Moçambique foi assinado em agosto de 2019 pelo chefe de Estado moçambicano e pelo presidente da Renamo, Ossufo Momade, prevendo, entre outros aspetos, o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado do principal partido de oposição.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, antigo dirigente de guerrilha, é acusada de protagonizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto do ano passado.(Lusa)