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quarta-feira, 21 outubro 2020 03:50

Dívidas ocultas: PGR emitiu mandados de captura internacional

A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique emitiu mandados de captura internacional contra os três ex-banqueiros do Credit Suisse e de um representante do estaleiro Privinvest envolvidos no caso das dívidas ocultas, anuncia hoje o jornal Notícias.

 

Ao mesmo tempo, a PGR redigiu pedidos de extradição, validados pelo Tribunal Supremo moçambicano na última sexta-feira - apesar de já terem sido enviados a 03 de junho para os EUA.

 

O objetivo é julgar em Moçambique os ex-banqueiros Andrew James Pearse, Detelina Subveva e Surjan Singh, bem como Jean Boustani, representante da empresa de construção naval.

 

Os EUA promoveram em 2019 um julgamento do caso das dívidas ocultas pelo facto de o esquema financeiro ter passado pelo país e Boustani acabou ilibado.

 

Os três ex-banqueiros deram-se como culpados de conspirar para a lavagem de dinheiro e aguardam pelo veredito do juiz.

 

As dívidas ocultas estão relacionadas com empréstimos no valor de 2,2 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros) contraídos entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.

 

Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência), liderado por Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.

 

Há 19 arguidos (18 dos quais detidos) no processo principal em Moçambique, entre os quais sobressaem figuras do círculo próximo do ex-Presidente, tais como um dos filhos, Ndambi Guebuza, e a sua secretária pessoal, Inês Moiane.

 

O Ministério Público moçambicano acusa os arguidos de associação criminosa, chantagem, corrupção passiva, peculato, abuso de cargo ou função, violação de regras de gestão e falsificação de documentos, ainda sem julgamento marcado. Os quatro estrangeiros que a PGR quer em Moçambique são arguidos num processo autónomo. (Carta)

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