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terça-feira, 14 julho 2020 02:37

Maior oferta nacional e perda do poder de compra contribuíram para queda de preços – OMR

Uma análise do Observatório do Meio Rural (OMR) ao “comportamento” dos preços de 19 bens alimentares e não alimentares, alvos de monitoria semanal desde o diagnóstico do primeiro caso do novo coronavírus no país, aponta a maior disponibilidade da oferta nacional e a perda do poder de compra por parte dos consumidores, como alguns dos factores que contribuíram para a baixa quase generalizada de preços a partir da segunda quinzena do mês de Maio.

 

A informação está expressa na análise feita pela organização à “evolução dos preços dos bens essenciais de consumo no período pós-covid-19 (Março, Abril, Maio e Junho)”, tornada pública há dias.

 

Lembre-se que desde finais de Março que o OMR tem feito levamentos semanais de preços de 19 produtos, nomeadamente, farinha de milho, arroz, massa esparguete, amendoim descascado, coco, feijão nhemba, mandioca, tomate, cebola, batata-reno, repolho, sal, açúcar castanho, óleo alimentar, peixe carapau, frango, ovos, banana e carvão, com vista a avaliar a sua evolução. O levantamento é feito em quatro mercados da Cidade de Maputo (Fajardo, Xiquelene, Central e Zimpeto), cinco da Cidade da Beira (Central, Chingussura, Maquinino, Mascarenha e Praia Nova) e três da Cidade de Nampula (Central, Matadouro e Waresta).

 

De acordo com a organização, após o diagnóstico do primeiro caso do novo coronavírus no país, a 22 de Março último, observou-se uma subida de preços no mês de Abril (regra geral acima de 5%), comparativamente com a média dos preços do mês de Março, período considerado “pré-Covid-19”. Tal facto, explica o OMR, deveu-se a cinco principais razões: a constituição de stocks pelos distribuidores na expectativa de preços futuros mais elevados e venda em quantidades controladas; quebras de importações da África do sul por encerramento de fronteiras; aquisição de maiores quantidades de bens pelos consumidores, na perspectiva de futuras rupturas de stocks; maior consumo devido a um maior confinamento inicial e mais refeições em casa; e especulação de preços em alguns locais.

 

Entretanto, revela a fonte, a partir da segunda quinzena de Maio, houve redução dos preços, em mais da metade dos produtos, para níveis similares ou inferiores à média do mês de Março, devido à maior oferta nacional, por se iniciar a época de colheitas; acordo com a África do Sul para a abertura de fronteiras para um conjunto de bens, incluindo os alimentares; recuperação da estabilidade comportamental do consumidor; perda do poder aquisitivo dos consumidores; e a depreciação da taxa de câmbio do Rand.

 

“Existiram excepções a este comportamento, principalmente nos seguintes bens: arroz, amendoim, coco, repolho, sal, frango e ovos. Em grande parte destes produtos, verificou-se, no período analisado, alguma variabilidade dos preços provocada por razões específicas”, refere o documento, que sublinha ter havido também subidas de preços do açúcar e do óleo alimentar, devido à aplicação “inoportuna” do IVA às indústrias açucareiras e de óleos alimentares.

 

Segundo o OMR, a média de preços do mês de Junho aumentou em mais de 5% em sete produtos (arroz, feijão nhemba, cebola, açúcar castanho, óleo alimentar, ovos e banana) e diminui em seis bens (amendoim, coco, mandioca, tomate, batata-reno e repolho), comparativamente ao do mês de Março. Por exemplo, a cebola teve um aumento de 9,5%, enquanto o tomate teve uma descida de 25,5%.

 

Para a organização, a evolução de preços variou devido a alguns factores, tais como a origem do produto; o aumento de preços de alguns bens importados e maior tempo e custo de transporte; distâncias dos locais de produção em relação ao mercado de consumo; constituição de reservas alimentares por parte das famílias; e retracção da procura em consequência da perda de rendimento das famílias e do aumento do desemprego.

 

Por exemplo, a fonte explica que a capital do país regista preços mais elevados em bens que são principalmente produzidos na zona norte (amendoim, feijão nhemba e carvão) ou principalmente importados e/ou de produção perto de Maputo (peixe carapau, banana, arroz, tomate e repolho), enquanto a cidade da Beira tem preços mais elevados no coco e na mandioca, possivelmente por razões de distâncias dos locais de produção. Já a cidade de Nampula apresenta os preços mais altos em massa esparguete, cebola, óleo alimentar e ovos que, com deste último, os restantes bens são importados ou produzidos a grande distância.

 

Devido a esse aspecto, o OMR entende que as políticas de contenção dos preços devem ter duas vertentes principais: produzir no país (o mais próximo possível dos mercados consumidores), evitando, quanto possível, as importações; e reduzir os custos de transporte, por via das distâncias entre produção e consumo e de maior concorrência no sector de transportes, simultaneamente que se melhoram as vias de comunicação e a segurança nas estradas. (Carta)

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