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terça-feira, 20 agosto 2019 05:48

Mariano Nhongo Chissingue é eleito presidente da Junta Militar e auto-intitula-se "Líder da Renamo"

FOTO: DWA. Sebastião

A auto-proclamada Junta Militar da Renamo elegeu, esta segunda-feira (19), o seu presidente. Chama-se Mariano Nhongo Chissingue, de 49 anos idade, natural do distrito de Chemba, província de Sofala, que, igualmente, se considera Presidente da que chamou de “verdadeira” Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

 

 

Mariano Nhongo Chissingue assume a liderança da Junta e do “partido”, depois de ter encabeçado a campanha de contestação à liderança de Ossufo Momade, iniciada em Junho do corrente ano. A ascensão ao mais alto posto da Junta Militar e do “Partido Renamo” foi confirmada por ele próprio, na tarde de ontem, em conversa telefónica com “Carta”. Sem meias palavras, Mariano Nhongo disse que foi escolhido por “unanimidade e aclamação” pelas 11 Unidades Militares Provinciais, tendo, por isso, plenos poderes para dirigir o braço armado e o respectivo partido.

 

Mariano Nhongo Chissingue, Tenente-General, casado e pai de seis filhos, entrou na Renamo a 13 de Abril 1981 e precocemente passou a pertencer ao selecto grupo de oficiais da estrita confiança do falecido líder histórico do partido, Afonso Macacho Marceta Dhlakama.

 

Consta da sua folha de serviços, a coordenação da equipa do Estado-Maior da Renamo que resgatou Afonso Dhlakama, aquando do cerco à sua residência na cidade da Beira a 11 de Outubro de 2015; ter dirigido a equipa de segurança que salvou Afonso Dhlakama da emboscada mortal de Zimpinga a 25 de Setembro de 2015 e ainda de ter integrado, na qualidade de comandante operacional, a Equipa Militar de Observadores Internacionais da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHIM).

 

Para além da sua indicação como “líder supremo” da Junta Militar e do “Partido Renamo”, detalhou Nhongo, a reunião de três dias, que decorreu na região de Piro, nas imediações da Serra da Gorongosa, deliberou sobre a “despromoção” e “expulsão” de Ossufo Momade, da presidência e do partido. Ou seja, que o actual presidente da Renamo deixa e, com efeitos imediatos, de conduzir os destinos da “perdiz” e, igualmente, de fazer parte das fileiras do partido.

 

Ossufo Momade foi eleito presidente da Renamo no último Congresso do partido, realizado em Janeiro do corrente ano, na Serra da Gorongosa, num escrutínio em que deixou para trás Elias Dhlakama (irmão mais novo de Afonso Dhlakama), Manuel Bissopo e Juliano Picardo.

 

No que respeita aos passos que serão dados nos “próximos dias”, Mariano Nhongo avançou que se vai reunir com a chefe da bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República (AR), Ivone Soares, de modo a instruí-la a reprovar o Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, cuja transformação em lei está prevista para a Sessão Extraordinária, que arranca esta quarta-feira e vai estender-se até a sexta-feira (23).

 

Aliás, o novo timoneiro da “perdiz” disse ao nosso jornal que foi criado um grupo de contacto que tem a missão de estabelecer, de forma imediata, um diálogo com o Governo com vista a renegociar o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração do braço armado do partido.

 

Caso os deputados não acatem a recomendação da nova liderança do partido, atirou Nhongo, démarches serão encetadas no sentido de destituir a chefe da bancada e os seus apoiantes, isto porque o acordo em alusão está longe de representar os anseios dos guerrilheiros da Renamo. “Se eles assinarem o acordo na quarta-feira, nós vamos eleger outros deputados”, atirou Mariano Nhongo.

 

O Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo foi rubricado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, no passado dia 6 de Agosto prestes a findar. (Ilódio Bata)

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