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quarta-feira, 12 fevereiro 2025 07:17

Governo sem soluções para o custo de vida e protestos

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O Governo ainda se mostra incapaz de resolver o problema do custo de vida, que se verifica há anos no país – agravado pelas manifestações pós-eleitorais – e que, na segunda-feira, levou centenas de cidadãos à rua nas províncias de Nampula e Maputo, em uma nova onda de protestos.

 

Ontem, no final da IV Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, o porta-voz do Governo disse aos jornalistas que o custo de vida que se verifica no país é consequência imediata da destruição de estabelecimentos comerciais durante as manifestações pós-eleitorais, pois, as populações são agora obrigadas a deslocar-se de um ponto para o outro à procura dos mesmos produtos que compravam nas suas áreas de residência.

 

A explicação foi dada pelo Ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa, após uma pergunta dos jornalistas acerca do bloqueio da Estrada Nacional Nº 1, na vila da Macia, distrito de Bilene, província de Gaza.

 

“A questão é sobre a paralisação da EN1, na Macie, mas eu vou agregar esta à paralisação ocorrida na cidade da Matola. De facto, o aumento do custo de vida era uma consequência previsível das manifestações e, em particular para a cidade da Matola, no raio em que esta acção [bloqueios] aconteceu, percebemos que toda infra-estrutura de carácter comercial (barracas, restaurantes, bares, salões de cabeleireiro, armazéns, etc.) foi destruído”, disse Impissa.

 

Continuando, a fonte defendeu: “as populações que viviam mesmo na circunvizinhança não precisavam de chapa para comprar o quilo de arroz, de açúcar e o litro de óleo. Hoje, com o mesmo dinheiro que compravam na altura no seu mercado aproximado, precisam apanhar chapa, gastando uma parte do dinheiro que não precisavam gastar. Hoje, o custo de vida aumentou um pouco mais porque, para além de ter dinheiro para comprar, têm de ter mais dinheiro para apanhar chapa”.

 

“Isto significa que quanto mais destruímos, a vida vai custar. Os armazenistas hoje não estão a reabastecer os seus produtos com receio de que a população vá lá destruir e/ou saquear. Ninguém investiria sabendo que na hora seguinte seria assaltado e retirado os seus bens. Então, o ambiente para investimento está a ficar cada vez mais ameaçado. À medida que estas acções continuam, infelizmente, vai sofrer porque as ofertas reduzem e a procura aumenta e, nesta dicotomia, fica difícil responder às necessidades na hora necessária. E, quando os produtos são escassos, a tendência é de especulação de preços, por isso, hoje a reclamação é do custo de vida”, atirou o governante.

 

No entanto, o Ministro da Administração Estatal e Função Pública ignorou o facto de que o aumento generalizado e galopante de preços dos produtos de primeira necessidade não se verifica apenas em áreas onde houve destruição da “infra-estrutura comercial”. O cenário repete-se, por exemplo na região do Grande Maputo, em todos bairros, incluindo naqueles em que as barracas e os contentores não foram destruídos e nem saqueados.

 

Na sua explicação, centrada em áreas onde a “infra-estrutura comercial” foi destruída pelos protestos, Inocêncio Impissa não avançou quaisquer soluções encontradas pelo Governo para responder à crise e muito menos as garantias de segurança que o Executivo dá aos armazenistas para que possam reabastecer os produtos.

 

Refira-se que desde finais de Dezembro que o custo de vida disparou no país, em particular na Área Metropolitana do Grande Maputo, com alguns produtos de primeira a necessidade a custar quase o dobro do que custavam em princípios de Outubro, com destaque para o arroz da terceira qualidade que chega a ser vendido a 2.300,00 Meticais, o saco de 25 Kg, contra os anteriores 1.300,00 Meticais.

 

O facto tem levantado uma nova onda de protesto, com grupos de manifestantes a impor novos preços, em parte motivados pelas medidas dos 100 dias de governação de Venâncio Mondlane, que fixa o preço máximo da venda do cimento de construção, por exemplo, em 300,00 Meticais. (Carta)

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