O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) registou 600 mortes causadas pela polícia, no período de 21 de Outubro a 15 de Janeiro, durante as manifestações que ocorreram após as eleições realizadas a nove de Outubro do ano passado. Os dados constam de um Relatório do CDD sobre Violação de Direitos Humanos, publicado esta terça-feira.
O documento também revela que foram identificadas 19 mortes provenientes de unidades sanitárias. Com base no cruzamento de informações realizado pela organização, os dados indicam que, das 600 mortes, 348 são civis, sendo que 215 casos foram confirmados por meio da apresentação de certidões de óbito, evidências de funerais e visitas às famílias das vítimas.
Dos 215 casos apurados e confirmados, 160 já foram encaminhados à Procuradoria Geral da República (PGR) para responsabilização do Estado e compensação às famílias. Maputo lidera o número de mortos (190), seguido das províncias de Nampula (155), Zambézia (40) e Sofala (37).
O CDD garante que a confirmação das mortes foi realizada em Maputo em 90% e que, nas demais províncias, a verificação dos casos continua.
"Entretanto, o Estado reconheceu a morte de 34 pessoas, mas não admite as demais. Nós conseguimos contabilizar um total de 102 vítimas mortais que o Estado matou e, às escondidas, procedeu ao enterro no cemitério", salientou o CDD.
Recorde-se que, no passado dia 22 de Janeiro, durante a apresentação do novo Ministro do Interior, o antigo Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, reconheceu a morte de 96 indivíduos, sendo 17 membros da corporação.
Na ocasião, Rafael garantiu que a PRM conhece inclusive a identidade de todos os mortos e os locais onde foram enterrados. (Carta)