Pelo segundo dia consecutivo, as cidades de Maputo e Matola e as autarquias de Boane e Marracuene registam a falta de transporte público e semi-colectivo de passageiros, devido às manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto aos resultados eleitorais de 09 de Outubro.
Tal como se verificou ontem, milhares de transportadores decidiram não se fazer à estrada hoje e os que conseguiram decidiram paralisar as suas actividades por volta das 08h00, por um lado, em “cumprimento” à recomendação feita por Venâncio Mondlane de se desligar os motores àquela hora (e retomar às 15h45m) e, por outro, por temer vandalização das suas viaturas por parte de alguns manifestantes.
A paralisação das actividades de transporte de passageiros é extensiva aos serviços de táxi (tradicional ou por aplicativo) e de txopela, cujos automobilistas são obrigados por grupos de manifestantes a desembarcar os passageiros antes de chegar ao destino. Aliás, nem as buzinas e muito menos os cartazes de protesto colados para-brisa e nos vidros das janelas dos carros têm servido de “livre-trânsito” para os condutores.
Numa ronda feita pela “Carta” na cidade de Maputo, foi possível testemunhar também a colocação de barricadas em algumas avenidas, como é o caso das esquinas das Avenidas 24 de Julho e Guerra Popular; e das Avenidas 24 de Julho e Filipe Samuel Magaia; e na zona da Malanga (24 de Julho). Nestes pontos, os manifestantes chegavam a cobrar para permitir a passagem de viaturas.
Igualmente, foi testemunhado um movimento de manifestantes na zona da ROMOS (na Avenida do Trabalho) e do Alto-Maé (na Avenida Eduardo Mondlane), que tentavam realizar mais uma marcha. Na zona da Brigada Montada, ao longo da Estrada Nacional Nº 4, um camião de transporte de minérios havia bloqueado a estrada.
Para além da falta de transporte e bloqueio de vias, “Carta” testemunhou o encerramento do comércio, sendo que as poucas lojas que abriram funcionam de forma tímida. Há ainda registo de poucos vendedores informais que, em dias normais, tomam de assalto as bermas e os passeios das Avenidas da capital do país.
Refira-se que ontem, as cidades de Maputo e Matola estiveram bloqueadas entre às 08h00 e às 16h00, por conta da retoma das manifestações populares, em curso no país desde 21 de Outubro último, em repúdio aos resultados eleitorais; ao duplo homicídio do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe; e à violência policial. A nova fase (designada de terceira, da quarta e última etapa) dos protestos termina esta sexta-feira. (Carta)