Cinco embaixadas ocidentais juntaram-se para repudiar o atropelamento frio, violento e covarde de uma manifestante, ontem, na Avenida Eduardo Mondlane, no centro da Cidade de Maputo. Trata-se das Embaixadas dos Estados Unidos da América, da Noruega e da Suíça e dos Altos Comissariados do Canadá e do Reino Unido, que ao fim do dia emitiram uma declaração conjunta em condenação ao acto bárbaro registado na manhã desta quarta-feira.
“Condenamos veementemente a escalada da violência contra civis durante o período pós-eleitoral em Moçambique. Isto inclui um incidente ocorrido no dia 27 de Novembro, em que um veículo das forças de segurança moçambicanas acelerou em direcção a um grupo de pessoas e atropelou brutalmente uma pessoa”, refere a nota.
Segundo as cinco embaixadas, o Governo deve garantir o cumprimento do papel das forças de segurança de “proteger o povo moçambicano” e apelam a realização de uma “investigação sobre o incidente e outros relatos de uso desproporcional da força, assegurando a responsabilização em conformidade com a lei”.
Lembre-se que, em reacção ao incidente, o Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique disse que o atropelamento foi “acidental” e que o blindado “encontrava-se em missão de protecção de objectos económicos essenciais".
“As Forças Armadas de Defesa de Moçambique comunicam que na manhã desta terça-feira [na verdade, quarta-feira], dia 27 de Novembro de 2024, uma viatura militar devidamente caracterizada, atropelou acidentalmente uma cidadã na Avenida Eduardo Mondlane, próximo à paragem Belita [na verdade, foi próximo à paragem Ponto Final]”, afirma a nota, numa tentativa de “abafar” o crime público testemunhado por centenas de cidadãos.
Aliás, imagens amadoras gravadas em diversos ângulos mostram o blindado indo para cima dos manifestantes, numa clara acção criminosa das tropas moçambicanas. Testemunhas contam que o blindado passou do local momentos antes em velocidade razoável, mas no seu regresso atirou-se, em alta velocidade, contra os manifestantes. (Carta)