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quinta-feira, 10 agosto 2023 07:47

Afro-Basquete do Ruanda: Gilberto Mendes mentiu!

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Começam a vir ao de cima alguns detalhes sobre a gestão ruinosa a que está entregue o desporto moçambicano, centrada no famigerado Fundo de Promoção Desportiva (FPD), dirigido pela antiga basquetebolista Amélia Cabral Chavana, cujo principal protector é o actual Secretário de Estado do sector (SED), o actor e encenador Gilberto Mendes.

 

A polêmica mais recente surgiu na sequência da desastrosa preparação da selecção nacional de basquetebol sénior feminina, que participou no recente afro-basquete no Ruanda e quedou-se no quinto lugar. Sem condições apropriadas, o treinador Carlos Aik conseguiu convencer as jogadoras a abraçarem a bandeira nacional no meio de promessas de melhores condições e subsídios condignos por parte da entidade estatal que financia o deporto, o FPD, tutelado pela SED, mas neste caso com fundos doados pela multinacional francesa TotalEnergies, que gere um dos consórcios que tenta monetizar o gás do Rovuma.

 

A selecção partiu para o Ruanda no dia 14 de Junho, observando um período de preparação em Kigali, tendo a competição iniciado a 28 de Junho. Mas as condições em Kigali não eram das melhores. Alguns amantes do desporto abriram os cordões à bolsa, suportando algumas despesas. Os dirigentes da Federação Moçambicana de Basquete não viajaram porque o FPD não os contemplou na deslocação.

 

Com condições precárias e sem subsídio prometido, as jogadoras quase que iniciaram uma greve. No dia 1 de Julho, um áudio do treinador Carlos Aik destapa o véu. Foi antes do jogo com a Costa do Marfim. Ele disse que corria o risco de não ter toda a equipa completa, pois, finalmente, algumas haviam recebido o subsídio prometido, mas outras não. Nessa noite, as jogadoras superaram largamente suas adversárias marfinenses.

 

O áudio de Carlos Aik causou algum mal-estar dentro da SED e do FPD. Informalmente, sabia-se que a TotalEnergies havia prometido financiar o basquetebol feminino. Onde estava o dinheiro? Ninguém sabia! Nunca ninguém falara que a TotalEnergies fizesse desembolso no quadro de um apoio ao basquete cujos detalhes contratuais nunca foram apresentados pelo FPD à Federação do Basquete. 

 

Escrevendo num grupo de WhatsApp, Gilberto Mendes garantia que a TotalEnergies não desembolsou um centavo sequer “para esta campanha”.

 

No dia 2, “Carta de Moçambique”, através de um tweet do seu editor, revelou que a TotalEnergies desembolsara 18.5 milhões de Meticais, entre os finais de 2022 e princípios deste ano. Esta revelação não agradou aos dirigentes da SED e do FPD, mas foi esclarecedora para muitos desportistas desgastados com os constantes episódios de má gestão financeira no nosso desporto.

 

Zangado com a revelação, e também para contrariar Carlos Aik, Gilberto Mendes concedeu uma entrevista ao jornalista Adão Matimbe, da RM, tentando apagar a água na fervura. 

 

Relativamente aos subsídios das atletas (32 mil Meticais), ele disse que o FPD tinha feito as transferências em devido tempo. “As atletas têm contas diferentes. Aquelas que tinham contas no banco donde iria sair a verba, que era o BIM, receberam o dinheiro no mesmo dia. Nos outros casos, levou 48 horas a reflectir-se nos outros bancos”. Esta entrevista foi concedida no dia 2, dia em que a selecção foi eliminada pela Nigéria nos quartos-de-final.

 

Gilberto Mendes, repetimos, disse que o pagamento dos subsídios para a competição de Kigali foi feito por transferência bancária. Ele não revelou a data da emissão dessas ordens de pagamento. Mas deixou a narrativa segundo a qual, um dia antes, no dia 1 (dia do desabafo de Aik), algumas atletas já haviam recebido nesse dia.

 

“Carta”, que está a investigar o financiamento estatal do desporto em Moçambique, apurou que Gilberto Mendes mentiu. O pagamento de subsídios às jogadoras em Kigali foi feito por via de depósito em numerário, nesse dia 1 de Agosto. Os talões de depósito que ilustram este artigo não mentem. Quem mentiu foi o nosso governante. (M.M.)

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