O Presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB), Roque Sebastião, anunciou esta quinta-feira (10) que deixa o cargo à disposição, faltando cinco meses para o fim do seu mandato. Em conferência de imprensa, havida hoje em Maputo, o Presidente da FMB deu a entender que tomou a decisão por estar saturado da má gestão do desporto em geral, e do basquetebol em particular, por parte da Secretaria do Estado de Desporto (SED), dirigida por Gilberto Mendes.
“Algumas polémicas, de alguns processos não muito claros de gestão ao longo deste período, mas principalmente no fim do meu mandato, criaram condições para que eu tomasse essa decisão. É que essas polémicas começam a roçar um pouco na esfera social, até de saúde, onde para o bem da modalidade, do desporto a nível nacional, a melhor atitude da minha parte é mesmo essa de demissão”, afirmou o Presidente da FMB.
De entre várias polémicas, Sebastião destacou a mais recente, que surgiu na sequência da desastrosa preparação da selecção nacional de basquetebol sénior feminina, que participou no recente afro-basquete no Ruanda e quedou-se no quinto lugar. Sem condições apropriadas, o treinador Carlos Aik conseguiu convencer as jogadoras a abraçarem a bandeira nacional no meio de promessas de melhores condições e subsídios condignos por parte da entidade estatal que financia o desporto, o Fundo de Promoção Desportiva (FPD), tutelado pela SED, mas neste caso com fundos doados pela multinacional francesa TotalEnergies.
“O processo de gestão da selecção e, principalmente agora em Kigali, Ruanda, fez com que precipitasse um pouco mais a minha decisão”, precisou o Presidente da FMB, tendo lembrado que em princípios do ano, a selecção masculina foi desalojada num hotel em Zimbabwe por falta de apoio financeiro da SED.
Durante a conferência de imprensa em que a FMB reagia a última polémica, Sebastião deixou claro que a agremiação fez, com a devia antecedência, todo o trabalho de base, nomeadamente, elaborar um projecto e orçamento para a preparação e participação das atletas do afro-basquete, no Ruanda. Além disso, a fonte sublinhou que com a devida antecedência, apresentou, a 21 de Março de 2023 corrente, o orçamento avaliado em oito milhões de Meticais (125 mil USD) ao FPD em que a SED esteve representada.
Segundo Sebastião, o FPD assegurou na ocasião que ia custear as despesas, mas até Junho (altura em que a selecção deveria começar a preparar-se) não tinha financiamento. Chegados em Kigali, acrescentou a fonte, a FMB soube que algumas atletas não tinham recebido subsídios. O agravante é que, num conjunto de 25 pessoas, só viajaram as atletas (12), o treinador, entre outras, mas ficaram de fora oficiais e acima de tudo gestores da FMB.
O Presidente da FMB afirmou que os problemas relatados podem ter contribuíram para a derrota da selecção nacional diante do Ruanda. Contudo, perante a má-gestão, apelou aos gestores da SED para a maior transparência e prestação de contas como forma de preservar a confiança depositada pelo patrocinador, a TotalEnergies. (Evaristo Chilingue)