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segunda-feira, 31 julho 2023 07:07

Eleições Autárquicas: “Chiveve”, Tete, Moatize e Marromeu centram atenções no centro do país

edil centro Chiveve

À semelhança da zona norte, a região centro é das mais disputadas do país, com os partidos da oposição a serem predominantemente influentes, mas com o partido no poder a mostrar, a cada eleição, ter aceitação do eleitorado local.

 

Depois dos municípios da Zambézia, sete autarquias da região centro poderão também ser palcos de batalha político-eleitoral, com destaque para as cidades de Tete, Moatize e Beira. Aliás, a maior batalha eleitoral das VI Eleições Autárquicas deverá ser testemunhada na cidade da Beira, capital provincial de Sofala. O “Chiveve” é o único município do país sob gestão do MDM e que está sob gestão da oposição há muito tempo: 20 anos.

 

Lourenço Bulha (2008), Jaime Neto (2013) e Augusta Maita (2018) são alguns dos candidatos da Frelimo que tentaram recuperar a segunda maior cidade do país das mãos da oposição, mas sem sucesso. Nas eleições de 2018, o MDM venceu com 45,77% dos votos e conquistou 22 mandatos. A Frelimo conseguiu 14 mandatos, depois de obter 29,26% dos votos e a Renamo conquistou 12 mandatos, ao somar 24,57% dos votos. Foi a autarquia mais disputada das últimas eleições.

 

De 2003 a 2021, a cidade da Beira conheceu um e único Edil: Daviz Mbepo Simango, primeiro, como candidato da Renamo e depois como candidato do MDM, partido por ele fundado. Com a morte de Daviz Simango, em 2021, novos actores políticos entraram em jogo, com destaque para Albano Carige, Edil substituto do fundador do MDM.

 

Candidato do MDM, Carige vai disputar o trono com Stela Zeca, da Frelimo e actual Secretária de Estado da província de Sofala, e Geraldo de Carvalho, da Renamo e co-fundador do MDM. Será na cidade da Beira, na opinião de muitos analistas, onde será definido o futuro do MDM e a popularidade da Frelimo.

 

A CNE diz existirem 49 mandatos, numa autarquia onde foram recenseados 316.895 eleitores. Lembre-se que foi na cidade da Beira onde o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) se recusou a demitir o seu Director Distrital, depois de este ter criado um grupo de WhatsApp com o objectivo único de impedir o recenseamento dos membros da oposição. Esta foi, na verdade, a mais clara demonstração de insubordinação do STAE perante a CNE.

 

Ainda na província de Sofala, as autarquias de Marromeu e Nhamatanda poderão ser outros campos de batalha. Gerida pela Frelimo, a vila de Marromeu consta da lista de autarquias onde a Renamo denunciou fraude eleitoral, em 2018. Aliás, a votação teve de ser repetida naquela autarquia, depois de uma gestão eleitoral escandalosa.

 

Dados da CNE indicam que, em 2018, a Frelimo venceu as eleições, em Marromeu, com 47,13% e a Renamo obteve 44,19%, enquanto o MDM teve 8,67%. Como resultado das eleições, o MDM teve um mandato, enquanto a Renamo e a Frelimo tiveram oito mandatos cada.

 

Paras as eleições de 11 de Outubro, a Frelimo apostou em João Tangue, enquanto a Renamo elegeu Eusébio Mendonça. O MDM confiou a sua missão nas mãos de João Germano Agostinho. Em Marromeu, foram recenseados 29.025 eleitores, pelo que continuam os actuais 17 mandatos.

 

Já em Nhamatanda, a Frelimo venceu em 2018 com 55,03% dos votos, tendo conquistado 10 mandatos, contra 40,22% da Renamo, que ficou com os restantes sete mandatos. Nas próximas eleições, serão disputados 21 assentos da Assembleia Municipal, mais quatro que em 2018. Nas urnas são esperados 33.377 eleitores, sendo que concorrem para a presidência do município António João, da Frelimo; Semedo Barreto, do MDM; e Benício Chimué, da Renamo.

 

A cidade de Tete, capital provincial do antigo el dorado do país, entra na lista dos municípios de maior interesse político do país, não apenas pela capacidade de mobilização dos partidos da oposição, mas também pelo potencial económico-financeiro que a cidade apresenta.

 

Gerido pela Frelimo, o município de Tete viu a Renamo conquistar 17 mandatos em 2018, dos 40 possíveis, depois de ter conquistado 43,02% dos votos. A Frelimo conseguiu 22 mandatos, depois de ter obtido 54,49%, enquanto o MDM ganhou um mandato (2,49% dos votos).

 

Para as próximas eleições, a Renamo resgatou o empresário Ricardo Tomás, excluído do processo em 2018 pela CNE, alegadamente por ter renunciado o seu mandato na Assembleia da República. A Frelimo manteve César de Carvalho, actual Edil, que em 2013 foi acusado de abuso de cargo e de falsificação de documentos. Já o MDM apostou em Celestino Bento.

 

Com 42 mandatos em disputa, advinha-se uma batalha campal pela conquista daquele território, tendo em conta o nível de popularidade dos candidatos da Frelimo e da Renamo. A CNE diz ter recenseado 179.122 eleitores naquela autarquia.

 

Ainda na província de Tete, a carbonífera cidade de Moatize poderá reeditar o teatro eleitoral visto em 2018, em que o armazém distrital do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) foi arrombado pelos vogais da Frelimo, depois de as chaves terem sido confiscadas pelos vogais da oposição.

 

À semelhança de Monapo, Alto-Molócuè e Matola, em Moatize, a Frelimo ganhou as eleições com uma diferença inferior a 1% e com a vitória a ser “arrancada” nos segundos finais. O partido no poder ganhou as eleições, em 2018, com 48,84% dos votos, tendo conseguido 11 mandatos, enquanto a Renamo obteve 48,36% e ficou com 10 mandatos.

 

Para as próximas eleições, concorrem para o cargo de Presidente do Conselho Municipal de Moatize a deputada Catarina Salomão, da Renamo; o actual Edil, Carlos Portimão (que, em 2013, foi notícia por tentar subornar a Procuradora Distrital de Moatize para soltar seu irmão), da Frelimo; e Timóteo Mafuta, do MDM. Em disputa estarão 31 mandatos e foram inscritos 50.993 eleitores.

 

Na mesma província, a vila de Ulónguè, sede do distrito de Angónia, também desperta interesse, depois de a Renamo ter conseguido conquistar sete mandatos, contra os 10 conquistados pela Frelimo. Para o próximo dia 11 de Outubro, estarão em disputa 21 mandatos e são esperados, nas urnas, 30.346 eleitores.

 

Na província de Manica, a única autarquia de interesse é de Chimoio, gerida por João Ferreira, da Frelimo, considerado um dos melhores edis da Frelimo da actualidade. Ferreira conseguiu tirar Chimoio da lista das cidades mais pálidas e pobres do país e colocou-a na lista das mais belas e limpas, depois de um longo período de travessia pelo deserto.

 

Com o trabalho realizado nos últimos cinco anos, Ferreira parece ter conquistado os corações dos munícipes de Chimoio e colocado a Frelimo com um pé em frente, no entanto, os resultados de 2018 mostram tratar-se de uma cidade quase dividida. Nas Eleições de 2018, a Frelimo venceu com 52,57% dos votos, o que lhe conferiu 22 mandatos, enquanto a Renamo conquistou 19 mandatos, fruto de 44,45% dos votos e o MDM ficou com um mandato.

 

Com João Ferreira a continuar aposta da Frelimo, crescem as expectativas em torno do futuro mapa eleitoral daquela cidade, que contará com 44 mandatos. A Renamo vai apostar em Manuel Macocove, enquanto o MDM escolheu Celestino Taperero. Estão recenseados 209.053 eleitores. (A. Maolela)

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