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quinta-feira, 16 março 2023 07:34

Ciclone Freddy: Zambézia continua a registar chuvas e trovoadas severas

quelimane freddy ciclo min

O sistema de baixa pressão "Freddy", que já causou a morte de 53 pessoas na Zambézia, continua a influenciar o tempo nas províncias da Zambézia, Tete, Niassa, Manica com chuvas fortes e trovoadas severas.

 

Projecções do Instituto Nacional de Meteorologia apontam que continuam a cair chuvas acima de 100 milímetros e trovoadas em 24 horas nos distritos de Molumbo, Lugela e Milange, na província da Zambézia e nos distritos de Mecanhelas, Mandimba, Ngauma, Chibonila, Lago, Sanga, Muembe, Majune, Metarica e cidade de Lichinga, na província do Niassa.

 

Entretanto, os distritos de Namacurra, Gilé, Mulevala, Ile, Alto Molócuè, Namarrói, Mopeia, Derre, Gurué, Morrumbala, Mocuba, Chinde, Maquival, cidade de Quelimane, também na Zambézia, continuam a registar chuvas até 30 a 50 milímetros por 24 horas. O mesmo acontece nos distritos de Chemba, Caia, Cheringoma e Marromeu na província de Sofala, em Tete, no distrito de Mutarara e, na província de Nampula, nos distritos de Malema, Lalaua e Ribáuè.

 

Por outro lado, relatos de fontes que se encontram na cidade de Quelimane garantem que falta tudo na urbe, incluindo velas. A maior parte das pessoas recorre a velas devido à falta da corrente eléctrica. Também há "guerra" para acesso à farinha de milho com filas longas que se verificavam na última quarta-feira e os poucos sacos que ainda existiam nos supermercados já esgotaram. As fontes contam ainda que alguns munícipes invadiram propriedades privadas que não foram destruídas em busca de abrigo.

 

"Não consigo me comunicar com minha família que se encontra em Mopeia desde domingo, a única rede móvel que está a funcionar aqui é da Movitel e só consigo carregar o meu telemóvel no carro, os carros de comida não chegam para abastecer a cidade de Quelimane com receio de não conseguir sair, há falta de tudo, os poucos que ainda têm água é porque tinham alguma reserva nos tanques. A cidade anda toda às escuras, há filas longas para comprar um simples pão, a chuva continua a cair e não sabemos o que será de nós nos próximos dias. A situação está caótica", relatou Luís Garumpa, munícipe da cidade de Quelimane.

 

Devido à gravidade da situação, o Presidente Filipe Nyusi anunciou a alocação de 250 milhões de Meticais para a reconstrução de escolas e outras infra-estruturas públicas afectadas pelo ciclone Freddy, sobretudo na província da Zambézia. Empresas do Estado ligadas ao Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) deverão disponibilizar 10 milhões de Meticais adicionais. Trata-se das empresas Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Petróleos de Moçambique (Petromoc), Electricidade de Moçambique (EDM) e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).

 

Como forma de gerir as intempéries a longo prazo, o Chefe de Estado anunciou a criação de uma Comissão Técnico-Científica para assuntos das mudanças climáticas, que vai servir para aconselhar o Governo, tal como sucedeu na sequência da pandemia da COVID-19.

 

O Executivo de Filipe Nyusi decidiu também alargar o âmbito de trabalho do Gabinete de Recuperação Pós-Idai, para que trabalhe na recuperação pós-Freddy, tendo acrescentado que esta instituição poderá funcionar permanentemente para reagir após eventos climáticos. O gabinete deverá trabalhar não só na Zambézia, como também nas províncias de Sofala, Tete e Niassa, igualmente afectadas pelo “Freddy”.

 

Das 13 medidas anunciadas pelo Presidente da República, destaca-se ainda a isenção até 500 kg de carga no transporte aéreo para produtos que sirvam de emergência nas províncias afectadas, no contexto dos serviços prestados pelas empresas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) e Aeroportos de Moçambique (AdM).

 

Sem falar de valores, Nyusi avançou que haverá redução da tarifa no transporte de cabotagem e nas tarifas de atracagem para que os navios possam levar produtos, sobretudo de emergência, para as populações afectadas. Nas quatro províncias, 253 mil pessoas foram afectadas, sendo que 250 mil foram na Zambézia.

 

Nesta província, foram criadas condições para que 150 mil pessoas se possam beneficiar de alimentação nos próximos sete dias, enquanto se criam condições de habitabilidade nas zonas afectadas pelo ciclone Freddy. O Presidente da República chegou ontem à Zambézia para avaliar os impactos do ciclone tropical Freddy.

 

Filipe Nyusi sobrevoou as zonas fustigadas pelo ciclone tropical Freddy, com destaque para Quelimane, Mocuba e Maganja da Costa, para aferir os estragos causados. Do alto, viu zonas inundadas, que estão a dificultar o curso de vida de muitos moçambicanos. Viu infra-estruturas inundadas e destruídas pelo ciclone. Parou em Maganja da Costa, onde aferiu a situação com os técnicos do Governo distrital.

 

Depois, regressou a Quelimane onde visitou as mais de duas mil famílias no centro de acomodação da Escola Secundária Filipe Jacinto Nyusi. O estadista visitou o ginásio da escola que ficou duramente afectado pelos ventos fortes.

 

Dirigiu-se a todos os afectados no centro onde agradeceu a colaboração da população em sair antecipadamente das zonas de risco para buscar segurança nesta escola. No entanto, lamentou e deu conforto a todos os que sofrem neste momento.

 

O Estadista apelou ainda às populações para cuidarem umas das outras, no espírito de solidariedade entre as comunidades. Mas, fundamentalmente, Nyusi quer que as famílias obedeçam a todas as recomendações das autoridades de saúde. (Marta Afonso)

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