Populares ouvidos hoje pela Lusa afirmaram que o aumento dos preços dos transportes públicos vai sufocar quem já vive no limiar da pobreza, considerando que a subida deve ser acompanhada de estratégias para aumentar os meios de transportes na capital moçambicana.
“A vida para nós já estava complicada e, com mais este aumento, isto já é um sufoco”, disse à Lusa Albino Henriques, 34 anos, um sapateiro que trabalha na avenida Ho Chi Minh, no centro de Maputo, mas viva em Boana, a cerca de 30 quilómetros do centro da capital.
Em causa está o anúncio do Município de Maputo sobre o aumento de três meticais (0,04 cêntimos de euro) nos transportes públicos a aplicar dentro de uma semana, um incremento que já foi considerado insatisfatório pelos operadores face à inflação.
Para Albino Henriques, que vai pagar mais três meticais além dos 24 meticais (0,35 cêntimos de euro) diários que gasta para chegar ao seu posto de trabalho, a decisão do município é inoportuna, na medida em que o custo de vida continua alto para o já limitado bolso de quem vive no limiar da pobreza.
“Eu já vinha viajando para cá reclamando devido ao preço de 24 meticais, agora isto vai piorar”, lamentou o sapateiro.
As preocupações são em dobro para quem vive fora da cidade e tem filhos em escolas localizadas no centro de Maputo.
“Isto vai ser crítico e vai apertar o bolso dos moçambicanos que estão nas zonas periféricas, por vezes com filhos que estudam na cidade”, declarou à Lusa o munícipe Samuel Mahajane, 44 anos.
Para o cabeleireiro moçambicano Titos Nhamombe, 43 anos, o aumento do custo dos transportes não está a ser acompanhado por estratégias para massificação dos meios, um problema que há anos é levantado pelos munícipes de Maputo.
“O transporte podia subir até 30 meticais (43 cêntimos de euro), não haveria problema se pelo menos tivéssemos disponibilidade de transportes. O que acontece é que as pessoas são obrigadas a apanhar dois ou mais transportes para chegar aos seus destinos, o que não faz sentido, principalmente agora com mais um aumento”, declarou Titos Nhamombe.
O novo preço de viagem na cidade de Maputo resulta de um acordo entre município e a Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários de Moçambique (Fematro), que defendia um aumento de pelo menos sete meticais (0,10 cêntimos de euro).
O preço de transporte público nas cidades moçambicanas é uma constante fonte de tensões, dado que o setor é dominado por operadores privados, mas com preços administrados pelas autoridades. (Lusa)